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Corte de juros nos EUA e zona euro adiados para o final de junho

Escrito por figurasnegocios
Vítor Norinha
Jornalista

Os analistas acreditam que o corte de taxas de juro por parte da Reserva Federal (EUA) e do Banco Central Europeu (BCE) só aconteça no final de junho. Está em dúvida o impacto das tensões geopolíticas e os aumentos salariais na generalidade dos setores de atividade económica.

O nível de desemprego está num patamar historicamente baixo, com aumentos médios de salários superiores a 5% em 2023. A queda da inflação, um pressuposto para aliviar o nível das taxas de juro diretoras dos bancos centrais, não foi suficiente em 2023, para além de que esse mesmo nível precisa de estabilizar em 2024. No ano passado o nível médio da inflação na zona euro foi de 2,9% e de 3,4% nos EUA, o que ainda é longe da referência de inflação pretendida que é de 2%.

Referem os bancos centrais europeus que a descida da energia e dos bens industriais continua a conduzir a quedas significativas da inflação, mas o aumento dos salários, sobretudo no setor dos serviços, e as tensões geopolíticas empurram o nível dos preços no sentido ascendente. Entretanto, o que se viu foi o regresso à normalidade das cadeias de abastecimento e a queda dos preços das matérias-primas com a economia a ajustar-se à realidade pós-pandemia e à guerra na Ucrânia que já leva dois anos de conflito. Embora os custos de produção se tenham reduzido, há economistas que acreditam que neste primeiro trimestre todos esses impactos positivos no sentido da baixa dos preços sejam anulados, refere a Crédito y Cáucion.

O mercaDO de trabalho continua a manter a pressão inflacionista com o nível de desemprego na zona euro a manter-se num patamar historicamente baixo. Por outro lado, os conflitos no Mar Vermelho estão a obrigar a aumentos de custos nos fretes marítimos com impacto em todos os setores de atividade. Os custos de transporte pelo Mar Vermelho, segundo a Crédito y Cáucion, triplicaram, e isto significa mais 0,2 e 0,3 pontos percentuais na inflação dos EUA e da zona euro, respectivamente. O economista da Atradius, John Lorié, disse, em nota, que não é de esperar que os bancos centrais “mudem tão cedo a sua abordagem cautelosa quanto aos cortes dos juros”. Acrescenta que perante as informações do mercado de trabalho será “realista proceder às primeiras reduções das taxas de juro no final da primavera”.

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