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APRESENTADO PELA CHINA: PLANO DE PAZ IMPOSSÍVEL DE SE CONCRETIZAR

Escrito por figurasnegocios

A China aparenta estar mais activa no que confere à guerra na Ucrânia. O presidente ucraniano avançou que o gigante asiático está envolvido numa tentativa para se alcançar uma resolução política. Todavia, Volodymyr Zelensky reconhece que é cedo para concretizar.

Texto João Barbosa | Fotos Arquivo FN

O presidente ucraniano revelou, na véspera do aniversário da invasão, que a China iria apresentar um plano de paz. Contudo, no momento de fecho desta edição quase nada se sabia quanto aos passos da China no caminho para este conflito europeu, que veio desenterrar o espectro duma guerra fria.

Dando crédito a uma manobra diplomática, note-se que, na véspera deste anúncio de Volodymyr Zelensky, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros esteve em Moscovo. Wang Yi reuniu-se com Vladimir Putin, tendo o tema do encontro sido, alegadamente, acerca da guerra na Ucrânia.

Volodymyr Zelensky disse conhecer apenas aspectos gerais da proposta chinesa. Contudo, saudou a iniciativa, que classificou como encorajadora. No entanto, uma solução política parece, por agora, impossível. A Rússia não pretende abdicar dos territórios conquistados e a Ucrânia exige a retirada completa dos russos.

O passeio que não aconteceu

A velocidade de conquista que a Rússia esperava conseguir na Ucrânia não aconteceu e a guerra já leva um ano. A Ucrânia continua em combate e o invasor acena frequentemente com a meaça do armamento nuclear. Os Estados Unidos mantêm o apoio ao segundo maior país europeu e a China mostra-se, cada vez mais, como potência mundial.

Até há pouco tempo tida como aliada algo discreta da Rússia, o gigante asiático tende a apoiar mais abertamente o maior país do mundo. Uma atitude que decorre, igualmente, devido à crise com os Estados Unidos, iniciada com um balão-meteorológico para uns e espião para outros.

No início de Fevereiro, um alegado balão-meteorológico chinês cruzou o céu dos EUA. Porém, terá sobrevoado localizações com interesse militar, razão para ter sido abatido. A China considerou injustificada a destruição da nave. Dias depois, o gigante asiático revelou que também localizara aparelhos semelhantes norte-americanos no seu espaço aéreo.

Este episódio veio contribuir para a sensação de que já decorre uma nova guerra fria. Contudo, meios diplomáticos, de quadrante ocidental, têm referido que as tensões não servem os interesses dos dois países, nomeadamente de âmbito económico.

A visibilidade do apoio de Pequim a Moscovo resulta destas tensões, mas também pode servir para mostrar ascendente sobre a Rússia. De acordo com fontes ocidentais, a China pretende conter o poder dos EUA, o que inclui o apoio ao país de Vladimir Putin – mas sem lhe dar protagonismo e sem conceder demasiado poder e que a poderia prejudicar. Ou seja, demonstrar à antiga superpotência que é a nova superpotência.

Paralelamente ao atrito directo entre os EUA e a China, por causa dos episódios dos balões, a superpotência ocidental reitera o seu apoio à Ucrânia: armas, apoio financeiro e novas medidas económicas contra a Rússia. A eficiência das sanções tem sido debatida. Aparentemente nem a Rússia tem sido vergada como está a sofrer consequências.

A visita-relâmpago e inesperada nas vésperas do aniversário do conflito – de Joe Biden a Kiev serviu para reafirmar o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. A deslocação teve também um carácter simbólico, uma vez que ocorreu dois dias antes de se assinalar o primeiro ano de guerra.

Joe Biden quis igualmente demonstrar que os EUA estão atentos à segurança dos países aliados do Leste europeu. Em Varsóvia reuniu-se com os dirigentes do grupo Bucareste 9, que reúne países que fizeram parte da URSS e do Pacto de Varsóvia.

Contrariamente aos países europeus ocidentais, que afrouxaram grandemente, o seu esforço militar, com a queda do Muro de Berlim, as nações leste-europeias mantiveram-se sempre cépticas quanto à conduta pacifista da Rússia. O grupo Bucareste 9 – formado pela Bulgária, Chéquia, Eslováquia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia e Roménia – está particularmente atento aos movimentos do antagonista.

A anexação da Crimeia, os combates no Donbass e a ofensiva iniciada há um ano vieram confirmar os receios dos países do Bucareste 9. Aliás, demonstram que a Ucrânia se sentia ameaçada com razão. No seu encontro, na Polónia, Joe Biden garantiu o apoio incondicional dos EUA para a segurança destes aliados.

«Quando Putin lançou a invasão, há cerca de um ano, pensava que a Ucrânia era fraca e que o Ocidente estava dividido». Em comunicado, a presidência dos EUA referiu que o presidente russo acreditava poder vergar os países ocidentais, «mas estava completamente errado».

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