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Visita-surpresa de Joe Biden à Ucrânia: MAIS USD 500 MILHÕES EM ARMAMENTO

Escrito por figurasnegocios

Na sua visita à Ucrânia, Joe Biden anunciou um novo pacote de ajudas. Esse apoio, no valor de 500 milhões de dólares, inclui mais munições e sistemas de rockets de alta mobilidade. Porém, não respondeu a todos os apelos de Volodymyr Zelensky.

A renitência da Alemanha em fornecer e permitir que outros países pudessem entregar «tanques» Leopard 2 e os obstáculos, por parte dos EUA, de fornecer blindados M1 Abrams, foram ultrapassados. Embora seja ainda necessário treino, para a utilização destes modernos aparelhos, e de demora para muitas entregas, o facto é que a Ucrânia viu satisfeitos estes pedidos.

O que a visita, de Joe Biden, não contemplou novamente: todos os insistentes pedidos, por parte da Ucrânia, de melhor armamento e para várias funções. Há um mês, Volodymyr Zelensky solicitava carros blindados, agora pressiona para que sejam entregues aviões, nomeadamente F-16, de fabrico norte-americano.

No entanto, a entrega de aviões ocidentais implica treino demorado. Tratam-se de aeronaves muito complexas e bastante diferentes dos aviões produzidos na antiga URSS, que constam dos inventários da Ucrânia e doutros países do Leste europeu.

Vários países da NATO mostram-se disponíveis para entregar caças F-16, aviões bastante polivalentes. Porém, Joe Biden não estava, até ao momento de fecho desta edição, disposto fazer envios. Todavia, os EUA não excluíam a hipótese que outros países o fizessem.

Uma opinião divergente à de Joe Biden foi tornada pública pelo general Christopher Cavoli, a mais alta patente dos EUA na Europa. Numa reunião com senadores, o chefe do Comando Europeu dos Estados Unidos e Comandante Supremo Aliado da Europa mostrou-se favorável ao fornecimento de F-16, drones e mísseis de longo-alcance (300 quilómetros).

Por seu lado, a Rússia garante que o envio de aviões de combate, pelos aliados da Ucrânia, terá consequências políticas e militares em todo o mundo. A declaração foi feita pela embaixada em Londres, durante a visita do presidente ucraniano ao Reino Unido, a 8 de Fevereiro. No encontro, o primeiro-ministro Rishi Sunak admitiu a hipótese de entrega de aeronaves de combate.

Mas não só «tanques» e caças que são urgentes. A Ucrânia precisa de munições. Uma carência partilhada com Rússia e pela força mercenária Grupo Wagner. O consumo de projécteis está a ser  bastante elevado e a desafiar a capacidade de fabrico, de ambos os lados em confronto.

Nas vésperas do fecho desta edição, o Grupo Wagner informou que, após delongas, recebeu munições, por parte da Rússia – uma reivindicação constante. O líder desta empresa mercenária tem mantido rivalidade e relações pouco amistosas com generais do exército regular. A demora no fornecimento de projécteis foi criticada abertamente por Yevgeny Prigozhin.

Também o secretário-geral da NATO tem defendido um rápido fornecimento de munições aos ucranianos. De acordo com Jens Stoltenberg, «a guerra na Ucrânia está a consumir uma enorme quantidade de munições e a esgotar os stocks dos aliados. O ritmo de gasto de munições é, muitas vezes, superior à nossa capacidade de produção actual». O tempo de espera das projécteis de grande calibre passou de 12 para 28 meses.

Os aliados têm debatido a hipótese de aquisição conjunta de munições, incluindo de 155 mm, num modelo comparável à compra de vacinas contra a covid-19. Porém, o tempo urge, no entender do chefe da diplomacia europeia. Nas vésperas do fecho desta edição, Josep Borrell apelou aos governantes da União Europeia para cederem unidades que tenham em stock.

Um dia antes da visita de Joe Biden à Polónia e à Ucrânia, o presidente russo falou aos parlamentares, da Câmara Alta e da Câmara Baixa. No discurso do estado da nação, com a desfaçatez habitual dos actuais dirigentes russos, Vladimir Putin acusou os países ocidentais de serem os responsáveis por este conflito. «Eles começaram a guerra e nós usámos a força para a parar».

Num discurso de quase duas horas e meia, Vladimir Putin afirmou que se vive um momento marcante para o país e com mudanças irreversíveis em todo o mundo: «os acontecimentos mais importantes que irão moldar o futuro do nosso país e do nosso povo, em que todos nós temos uma responsabilidade colossal».

Segundo o presidente russo, as elites ocidentais procuram apenas «transformar um conflito local numa fase de confrontação global». Acrescentou que como «é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha», aquilo que se vê são «ataques de informação cada vez mais agressivos».

No mesmo dia da visita do líder norte-americano, Vladimir Putin discursou ao povo russo, no designado «dia da glória aos defensores da pátria», no estádio Luzhniki, em Moscovo. O recinto, com capacidade para mais de 81.000 pessoas, acolheu mais de 200.000, segundo as autoridades russas. Todavia, eram visíveis várias clareiras nas bancadas. Manifestações idênticas ocorriam no tempo da URSS, com manifestantes «voluntários» – alegadamente assim continua a acontecer, de acordo com críticos do regime.

Porém, o conteúdo verdadeiramente substantivo foi a retirada do país do Tratado New Start, que limita o arsenal nuclear. O acordo vincula a Rússia e os EUA que, de acordo com o texto, podem fiscalizar-se mutuamente. Os dois países possuem cerca de 90% deste armamento no planeta.

«Para garantir a segurança do nosso país, para eliminar a ameaça representada pelo regime neonazi, que surgiu na Ucrânia após o golpe de 2014, foi decidido realizar uma operação militar especial. Passo a passo, com cuidado e consistentemente, alcançaremos as tarefas que estamos enfrentando» – declarou Vladimir Putin.

Porém, a afirmação de combate a um regime nazi contraria a realidade e a lógica: Volodymyr Zelensky é judeu e familiares seus foram mortos em campos de concentração. Vladimir Putin tem usado argumentos idênticos aos de Adolf Hitler para invadir outros países – especialmente na anexação da Áustria e da Checoslováquia, em 1938 –, além de recuperar bandeiras da pátria, da religião e da família, comuns na retórica fascista. Acrescente-se o facto de haver combatentes, com ideário de extrema-direita, no exército do Grupo Wagner, que dá apoio às tropas regulares russas. Há relatos, não provados, de genocídio do povo ucraniano.

Todavia, é também verdade que do lado ucraniano há forças militares associadas à extrema-direita, como o Batalhão Azov e o Exército Insurrecto da Ucrânia. O escudo do primeiro lembra as runas das SS e o segundo tem a designação do exército guerrilheiro antissoviético, durante a Segunda Guerra Mundial.

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