Surgiu um palavrão na linguagem internacional a que nos vamos habituando: Bleisure, e que significa o “casamento” entre negócios e lazer, o que, a par do nomadismo digital, está a fazer crescer as viagens para África.
O estudo está inserido no novo relatório “With África”, da responsabilidade da escola portuguesa Nova SBE Data Science Knowledge Center, e que neste número está dedicado ao turismo de negócios. O “Business Tourism in Africa” analisa as principais tendências e oportunidades do setor dos últimos cinco anos e identifica estratégias para impulsionar o crescimento económico do continente africano.
Todos sabemos que o turismo de negócios é um dos pilares para o crescimento económico de todos os países do continente africano e ainda que a pandemia Covid 19 arrasou oportunidades que se estavam a criar a nível do turismo, com a impossibilidade de encontros físicos e que mesmo com formatos híbridos/virtuais resultou numa queda de 2,7% nas viagens entre 2019 e 2020. A recuperação do setor tem sido lenta e os analistas da Nova SBE acreditam que todos os cenários passados podem “levar a uma redução duradoura das viagens de negócios”.
E é neste sentido que o relatório “With África” fala de novas oportunidades para este setor com o turismo de negócios a crescer com viagens que combinam negócios e lazer, a par do crescimento do nomadismo digital. No entanto, o setor está pouco preparado para os novos cenários com a escassez de mão-de-obra, com a capacidade limitada das rotas aéreas e o atraso nos investimentos. É necessário, segundo a mesma fonte, inovação contínua, a par da melhoria da conectividade e a modernização de processos.
O aumento das viagens de negócios está ligada ao crescimento do IDE, ou Investimento Direto Estrangeiro e o relatório dá o exemplo da Costa do Marfim onde estão a ser feitas campanhas de marketing e parcerias com organizações globais para atrair eventos internacionais e o país está a negociar um empréstimo de 5,8 mil milhões de US dólares com o Banco Africano de Desenvolvimento. O objetivo é criar em Abidjan a chamada “Cidade Empresarial” com um centro de convenções.
E quando se fala em melhor ambiente de negócios, um ranking dinamizado pelo Fórum Económico Mundial, destaca as Maurícias (liderança africana em termos de ambiente de negócios), mas também o Botswana, Ruanda, Marrocos e Egipto, enquanto as cidades a destacar no “Business Tourism in Africa”.
Por outro lado, quando analisamos os dados da IATA (International Air Transport Association) relativos ao tráfego aéreo, constata-se que o continente registou um crescimento anual de 10% com dados de março último, a par de mais 16,8% de crescimento no número de passageiros, mas o continente apenas detém 2,1% do mercado global e 1,8% da quota mundial de viagens aéreas internacionais. Isto deve-se à limitada conectividade, o que dificulta a mobilidade entre os diferentes centros de negócios do continente; enquanto continua a ser difícil toda a parte processual como a obtenção de vistos. Conclui o relatório da Nova SBE que todas estas medidas são necessárias “para promover a integração regional em África”.
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