Ponto de Ordem

ANGOLA: PRA FRENTE É O CAMINHO!

Victor Aleixo
victoraleixo12@gmail.com

África, notadamente Angola, regista visitas de altos dirigentes  ocidentais e asiáticos com o fito de conversar com os   líderes do continente. Um dos principais motivos destas cruzadas, principalmente europeias,  é o de tentarem a todo o custo inverter o posicionamento político da maioria dos estados africanos face  à guerra na Ucrânia, condenando   a Rússia. Outra, como é óbvio, o aspecto económico, diante de uma crise financeira que a todo o momento pode vir a agudizar-se nos seus respectivos países.

Em Angola, na capital Luanda, o Presidente da República de Angola recebeu e conversou com o Rei Filipe, de Espanha, um alto dirigente dos EUA, o ministro das Relações Exteriores da China e recentemente o Presidente da França, Emmanuel Macron, que escolheu Angola, no conjunto de países africanos , para explicar a estratégia  do seu país para África, hoje e no futuro.

De forma genérica, os líderes ou representantes do Ocidente, vêm com uma lição bem estudada. A China domina substancialmente todos os corredores económico-financeiros regionais africanos e tem despejado enormes somas de dinheiro, reforçando cada vez mais a sua presença; um sinal claro de que os tempos em que as antigas potências colonizadoras mandavam e dispunham dos recursos naturais do continente berço da humanidade poderão fazer parte do passado, se continuarem a dormir à sombra da bananeira, enquanto outros actores, incluindo os árabes, despertam com novas estratégias de reforço da cooperação a todos os níveis.

Angola condena a guerra iniciada na Ucrânia pela Rússia, que invadiu aquele país que quer  integrar a União Europeia e a OTAN, bem como os demais estados que formavam o Pacto de Varsóvia,   entre os quais a Polónia, a Lituânia e  a Letónia. Estes   dois últimos  países pertenceram ao «império»  soviético constituído por outros 12 estados, grande parte dos quais foram coptados pela OTAN, depois de se tornarem independentes. Todos eles estão, pois, sob a esfera e mando dos Estados Unidos da América e  tomaram uma posição firme de solidarizar- se com a Ucrânia. A Rússia, fruto da invasão, ficou praticamente isolada, apesar de contar com o apoio declarado da China e outros países que preferiram ficar pelo ‘’NIM’’ no que  a condenação diz respeito.

O nosso país adoptou recentemente uma posição mais clara. Condenou a invasão e ocupação de parte do território da Ucrânia, mas continua a manter uma relação privilegiada com a Federação russa, com a qual mantém um Tratado de relações estratégicas desde praticamente o dia em que conquistou a sua independência. Uma posição curial que não sobra tempo para hesitar ou desistir. O País não pode ceder nem um milímetro quanto à exportação dos seus  produtos naturais, seja lá para que estado for, seja ocidental, oriental, árabe…enfim, clamando por reciprocidade , respeito e uma cooperação justa  equilibrada.

Angola deve ser vista como  um país sólido na sua política externa,  sempre  na mira do crescimento económico e desenvolvimento do seu povo, não aceitando acordos     que o penalizem , apesar dos jogos de força e de interesses das principais potências mundiais, hoje em plena guerra.  Não se deve cooperar só para entregar os produtos naturais; deve-se, sim, conversar sobre a hipótese de industrializar  aqui em Angola os nossos produtos, mesmo com todos os riscos político-ideológicos que a questão da guerra na Ucrânia impõe.

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