Moda & Beleza

O MUNDO DOS TECIDOS AFRICANOS

Um momento especial dedicado a África em que nos assumimos como verdadeiros militantes do continente aonde transmitimos e expressamos as nossas ideais através das nossas roupas africanas.


Voltando à nossa história quem diria que hoje o mundo estaria completamente apaixonado pelas cores ricas de África e pelas estampas cheias de história e cultura, expostas nas grandes montras do mundo?

O incrível são os homens e mulheres negras, brancas, loiras, morenas, baixas, altas, incluindo crianças de todo o mundo, fazem uso dos panos africanos nas mais variadas formas, desde roupas para grávidas, gravatas, a vestidos, calças, uniformes, vestidos de casamento, panos que servem para amarrar crianças às costas enquanto são pequeninas e vemos tecidos africanos por todos os mercados locais.

Antigamente, os historiadores dedicavam muito tempo a investigar e a juntarem imagens, lenços, jóias e objectos, de forma a descobrirem como viviam e como se vestiam os nossos antepassados. Muitas destas pesquisas tiveram resultados impressionantes que serviram de base para o desenvolvimento da moda africana e incentivaram o diálogo sobre a influência de factores políticos e sociais, e aperfeiçoaram a linguagem sobre as roupas africanas.

A necessidade de cobrirmos o nosso corpo levou à utilização de casca de árvore batida para a produção dos primeiros tecidos, frequentemenete decorados com tintas vegetais e à mão. Em algumas regiões de África Central, esta prática é ainda utilizada pelos mais velhos. Somos conhecidos por termos uma longa tradição têxtil e uma enorme variedade de padrões e materiais.

Para além de matéria-prima para a confecção de roupa, os tecidos também serviram de moeda, sendo frequentemente utilizados para estimar o preço de uma mercadoria e, até mesmo, para comprá-la. Serviram também saco para mensageiros e muitas vezes de objectos estéticos.

Foram durante muito tempo considerados bens raros e preciosos, reservados a uma elite dos países da região do norte de África. Oferecer tecidos em datas especiais permitia quebrar a tensão e, ao mesmo tempo, permitia a resolução de inúmeros conflitos entre diferentes grupos.

O tecido era mais do que uma roupa ou uma moeda, pois nas estampas podia ler-se a identidade social e religiosa de quem o usava.

Também tinham um papel importante nos rituais, como, por exemplo, funerais, onde se usavam para embrulhar o corpo dos mortos.

Depois de uma visita às grandes fábricas na Nigéria e no Togo fica explicado o espírito inovador dos designers têxteis aonde os padrões impressos nos tecidos tinham uma história e não eram apenas decorativos. Cada padrão corresponde a um provérbio, a um nome e ao usar um determinado pano transmite-se uma mensagem, uma história e uma vida.

Os traficantes europeus encorajaram, indirectamente, a produção têxtil local depois de terem analisado as vantagens comerciais que os favorecia.

Em meados do século XIX, os holandeses entram para o mercado de fabricação de tecidos em batique originários da Indonésia mas que já tinham uma grande aceitação na África ocidental e sentiram-se obrigados a re-adaptarem o desenho dos tecidos ao gosto do mercado africano e assim sucedeu com empresas inglesas onde o processo é mais complexo do que a simples estampagem. Muitos destes padrões, com mais de cinquenta anos, são produzidos em fábricas locais, em países como o Gana, Senegal, Nigéria e Costa do Marfim, mas a marca Vlisco é desde 1846, a mais conhecida.

A marca, com base na Holanda, emprega centenas de trabalhadores, que desenham e produzem para o mercado africano e asiático adaptando às necessidades e à história de África e de quem consome os seus produtos.

Sente-se que os produtores têxteis chineses vieram alterar de uma forma significativa a qualidade dos tecidos produzidos, introduzindo tecidos não originais que copiam os tecidos desenvolvidos há quase dois séculos pelos holandeses e ingleses.

Vendidos a um preço muito mais reduzido, com estampas de qualidade duvidosa, impressas directamente nos tecidos, mas com mestria suficiente para enganar os menos atentos, estas falsificações põem em causa a indústria local.

Os designers africanos conseguem unir-se de uma forma não verbal e várias mensagens correm mundo, não só graças aos tecidos e padrões mas, também, por toda uma indústria de acessórios que neles se inspira e cria cintos, carteiras, sapatos, chapéus, fatos de banho, entre tantos outros.

A moda africana é muito contagiante permitindo que inúmeros criadores explorem de forma contemporânea panos antigos e que, assim, projectem a história dos tecidos africanos, permitindo o reconhecimento da força de África e das tradições africanas. A Força de África apresentada por Nadir Tati em Nova York criou um impacto grande no Fashionweek numa amostra de originalidade e criatividade.

by Nadir Tati

 

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