Potencial do turismo como motor de desenvolvimento da província do Namibe.
(Archer Mangueira, Governador Provincial do Namibe).
Namibe é a província de Angola no litoral e, pura excelência, tem sol, calor para o Turismo “passear” a todo terreno. É uma província que, abandonando o excesso de centralidade, a comunidade pode interagir com os dirigentes provinciais (governador, empresários, empreendedores, enfim… com os patrões da comunidade) e empreender infra-estruturas que dignifiquem o País.
Falamos concretamente do turismo no Namibe que, correndo com as suas cineramas mas acatando as orientações do executivo do Presidente da República, as decisões na província fluem desde a criação de estradas, pontes até fábricas de transformação de alimentos para usufruto humano por exemplo.
Namibe, o Povo, o Calor e o Turismo é o tema do nosso Dossier que inicia com o Governador Provincial em jeito de apelo aos turistas nacionais e internacionais para visitarem a Província.
Vamos viajar.
O Turismo é uma indústria que integra vastíssimas actividades económicas e pode desempenhar, por isso, um papel fundamental no desenvolvimento económico e social de uma região. A Província do Namibe é uma das que mais poderá beneficiar da aposta no Turismo e este artigo destina-se a identificar as principais apostas para que assim possa acontecer.
A recente criação do Ministério do Turismo, segregando essa actividade na orgânica do Executivo central, é um sinal muito encorajador. É, portanto, oportuno sublinhar as principais linhas do programa do Governo Provincial do Namibe para a promoção do Turismo, uma actividade por excelência em que é necessário pensar globalmente para agir localmente.
Na óptica da atractividade do turista, destaco as seguintes medidas concretas: (i) tornar possível a reserva e pagamento digital do acesso aos locais e actividades de interesse turístico; (ii) facilitar a entrada e circulação livre no país, num ambiente seguro e empático, tarefa que conheceu um passo importante em Outubro de 2023 com a isenção de vistos de turismo para cidadãos de 98 países; (iii) apostar nos aspectos diferenciadores e competitivos do Namibe em relação aos países da região inseridos na Commonwealth; (iv) e tornar a Província numa alternativa às comunidades de investidores e reformados de Cape Town (África do Sul) e Swakopmund (Namíbia), desenvolvendo através dos canais especializados a oferta de pacotes de residências principais e secundárias, para férias ou como activos de investimento, em lotes, casas, apartamentos em zonas costeiras e dentro de condomínios ou urbanizações desenhadas de raiz para esse propósito.
Na óptica da atractividade do investidor e do operador turístico, saliento: (i) o acesso facilitado e financiado ou concessionado a espaços de interesse turístico, de preferência por leilão electrónico, para aumentar a transparência e a competitividade); (ii) o estudo, execução e operação célere e desburocratizada dos projectos de investimento (SimplexTur) através do Governo local; (iii) acesso a financiamento com períodos de carência de 5 anos e juros na ordem dos 5 a 7%, em conjunto com benefícios fiscais – já identificados, potenciando-se a figura da Zona Especial de Turismo em linha com as Zonas Económicas Especiais; (iv) a medida anterior tem em conta o facto de o investimento no Turismo, tal como o agronegócio, ter um retorno longo, de 10 a 20 anos, e taxas de rentabilidade menos atractivas que outros sectores.Este conjunto de medidas torna possível atrair para o Namibe investimento sustentável e competitivo, capaz de criar postos de trabalho directos e indirectos, acelerar a criação de infra-estruturas e gerar a entrada de divisas, entre outras externalidades positivas.
No âmbito do turismo de negócios, acresce a necessidade de se desanuviar Luanda na realização de fóruns, conferências, workshops e demais eventos nacionais e internacionais, permitindo a expansão de serviços e novos negócios nas províncias, sendo o Namibe, naturalmente, um dos destinos a considerar.
O exemplo mais evidente e recente foi a Feira dos Municípios e Cidades de Angola 2023, realizada na Huíla, que foi um sucesso a todos os níveis, tendo sido um factor promotor do turismo regional. E é auspicioso que este evento tenha sido promovido pelo Ministério da Administração do Território, de onde é oriundo o novo Ministro do Turismo, Márcio Daniel, que exerceu até agora as funções de Secretário de Estado para as Autarquias Locais.
De facto, como comecei por dizer, o Turismo é um enorme catalisador de investimentos privados, nacionais e externos, proporcionando oportunidades de crescimento e emprego e de preservação do património ambiental e cultural.
PRINCIPAIS RECURSOS TURÍSTICO
HOTELEIRO E SIMILARES POR MUNICÍPIO
ENQUADRAMENTO – A localização geográfica, o clima, os hábitos e costumes dos povos do Namibe, catapultam a Província como a pérola do Turismo em Angola, porém, em termos de Recursos e Pontos Turísticos já se sente ganhos significativos no que diz respeito à promoção de negócios do sector.
Prova disso, é que foi no Namibe, onde foi gravado capítulos da Telenovela Brasileira, A Terra Prometida, Filme Português, Vida e Obra de Rui Duarte de Carvalho, o deserto do Tômbwa serviu para lançamento de linhas de Viaturas 4×4 da Toyota, e é o mesmo deserto que serve para gravação de Videoclipes Musicais, assim como as Praias e resorts espalhados pela Província.
O presente documento faz referência aos principais recursos turísticos, hoteleiros e similares da Província do Namibe, subdivididos por Município, bem como o resumo das linhas mestres do desenvolvimento do Turismo na Província.
Stefan Traumann embaixador Alemão em Angola
ENCANTADO COM O POTENCIAL TURÍSTICO DO TÔMBWA
O Embaixador da República Federal da Alemanha em Angola, Stefan Traumann, expressou seu encantamento com o potencial turístico do Tômbwa durante sua visita a 12 de Março.
Recebido pelo Administrador Municipal, explorou recursos turísticos como a rara planta Welwitschia Mirabilis e as colinas Mbindy Yo Mutuati, guiado pelo Director Municipal do Turismo, Cultura, Tempos Livres, Juventude e Desporto, António Sebastião Yorque Caunda.
Ao falar à imprensa, o Diplomata destacou que esta foi sua primeira visita oficial à província do Namibe e ao município do Tômbwa. Traumann enfatizou a intenção de estabelecer cooperação em diversos sectores, como energias renováveis, logística, meio ambiente, biodiversidade, infraestruturas e turismo, discutindo com o governo provincial e empresários locais.
Stefan Traumann ressaltou a espetacularidade da natureza local, sugerindo a necessidade de desenvolver infraestruturas, especialmente hotéis, enquanto sublinhava a importância do turismo sustentável para preservar a natureza impressionante da região.
Nação
ANGOLA NA CONTRAMÃO DA RETOMA DO TURISMO INTERNACIONAL
A actual contribuição do Turismo no PIB nacional está abaixo de 1%, muito aquém da média ao nível internacional (à volta de 7%) e da região (à volta de 5%).
Por: André Samuel / Foto: Arquivo F&N
O turismo internacional recuperou 88% dos níveis pré-pandemia em 2023, e a expectativas da Organização Mundial do Turismo (OMT) apontam para uma superação em 2% face aos níveis anteriores à pandemia em 2024.
Dados da OMT apontam para uma mobilidade de 1.286 milhões de turistas internacionais em todo o mundo em 2023, um aumento de 34% em relação a 2022, ou 325 milhões.
O Médio Oriente liderou a recuperação por regiões em termos relativos, sendo a única região a superar os níveis pré-pandemia com chegadas 22% acima de 2019.
África teve a segunda maior recuperação e atingiu 96% dos níveis pré-pandemia em 2023, enquanto a Europa recuperou 94% e as Américas 90%. A Ásia e o Pacífico atingiram 65% dos níveis pré-pandemia, com uma recuperação gradual desde o início de 2023.
Em 2023, as receitas do turismo internacional registaram 1,4 biliões de dólares para a economia mundial. Este valor representa cerca de 93% do total das receitas dos destinos mundiais em 2019.
Quanto às receitas totais de exportação do turismo (incluindo o transporte de passageiros), o barómetro da OMT aponta mais de 1,6 biliões de dólares arrecadados em 2023, quase 95% dos 1,7 biliões de dólares registados em 2019.
Em 2023 o Produto Interno Bruto Directo do Turismo (TDGDP) contribuiu com 3,3 biliões de dólares (3%) para o PIB global, o mesmo nível de 2019, impulsionado pelas viagens nacionais e internacionais.
Espera-se que o desencadeamento da procura reprimida remanescente, o aumento da conectividade aérea e uma recuperação mais forte dos mercados e destinos asiáticos apoiem uma recuperação total até ao final de 2024. As conjunturas económicas e geopolíticas continuam a colocar desafios significativos à recuperação sustentada do turismo internacional e aos níveis de confiança.
Para o secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, a recuperação já está a ter um impacto significativo nas economias, no emprego, no crescimento e nas oportunidades para as comunidades.
“Esses números também lembram a tarefa crítica de progredir na sustentabilidade e na inclusão no desenvolvimento do turismo” frisa.
Recuperação do turismo na SADC – Segundo Natália Rosa, líder do projecto Business Council Tourism Alliance da SADC, para mitigar o efeito da pandemia no sector, devem ser adoptadas medidas para, no curto prazo, aliviar as restrições de viagem intra-regionais com protocolos de saúde rigorosos.
“É vital fornecer suporte direccionado aos sectores de viagem e hospitalidade para sustentar operações mínimas até que a demanda do mercado comece a se recuperar” sensibiliza.
Como acções de médio prazo, recomenda uma abordagem unificada para atrair visitantes de mercados de longa distância como simplificar os processos de visto, aumentar o acesso para as principais companhias aéreas, lançar campanhas de marketing direccionadas e oferecer estratégias de preços competitivos.
“Para a sustentabilidade de longo prazo, a região da SADC deve vislumbrar um futuro do turismo que seja robusto contra interrupções globais. Expandir a conservação da vida selvagem por meio do envolvimento comunitário, enriquecer atracções culturais e de património além dos sites bem conhecidos e melhorar as instalações para turismo de negócios e reuniões são movimentos estratégicos que garantirão benefícios duradouros”.
PLANATUR, a “cartilha” de salvação do sector – O Executivo aprovou, em Dezembro de 2023, em sessão ordinária da Comissão Económica do Conselho de Ministros, o Plano Nacional de Fomento ao Turismo, abreviadamente designado PLANATUR, que apresenta um conjunto de acções a serem desenvolvidas até 2027.
Este Plano vem complementar a recente medida aprovada em Decreto pelo Titular do Poder Executivo, que isenta vistos de turismo para 98 países do mundo, incluindo os principais mercados emissores de turistas ao nível internacional, que inclui países como E.U.A, China, França, Índia, Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha, só para citar alguns.
O Plano apresenta um conjunto de medidas que devem ser levadas a cabo a fim de dinamizar a actividade turística, que passa necessariamente pelo investimento do Estado em infraestruturas públicas, apoio ao sector privado, através de linhas de crédito, e pela melhoria do ambiente de negócios para atracção de investimento privado.
A actual contribuição do Turismo no PIB nacional está abaixo de 1%, muito aquém da média ao nível internacional (à volta de 7%) e da região (a volta de 5%).
“Consideramos que o desenvolvimento do turismo está ainda numa fase embrionária, tendo em conta o investimento (directo) público e privado, no sector” aponta Filipe Nzau. “Estamos expectantes quanto à nova visão que o Executivo tem para o sector, sendo-lhe atribuído um papel importante para o processo de diversificação económica. Que irá requerer maior investimento público, apoio ao sector privado e um esforço muito grande para atracção de investimento por via da melhoria do ambiente de negócios”.
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