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João Pessoa: O NACIONALISTA QUE SALVOU FÁBRICAS NO CAZENGA

Escrito por figurasnegocios

João Pessoa nasceu em Luanda há 75 anos. De pais de Moçâmedes, foi apanhado pela epidemia da poliomielite em 1951, com 4 anos, numa altura em que ainda não havia vacinas. A seguir à declaração de independência, a 11 de Novembro de 1975, as fábricas foram abandonadas com a fuga dos donos.

Por: Rui Ramos* / Fotos: Arquivo NET

Então, o Ministério da Indústria Ligeira, através dos seus directores, entre os quais Rui Cristina, há pouco tempo falecido, pediu a João Pessoa para tomar conta de algumas fábricas. “Aceitei e foi um desafio fantástico!”, diz-nos.

As duas fábricas ficavam no Cazenga, a “RF” e a “FIACO”. “Foi um trabalho inesquecível”, reconhece João Pessoa. A FIACO, uma fábrica de tecelagem e confecções, chegou a ter mil e duzentos trabalhadores. “Toda a gente trabalhava como uma grande família mas, entretanto, as dificuldades começaram. Umas vezes faltava a luz, outras vezes faltava o fio para fazer o tecido, outras vezes faltavam agulhas para as máquinas, mas isso foi sempre resolvido.”

O maior problema, prossegue, era quando as máquinas avariavam, e isso significava o desemprego para quem trabalhava nessa máquina. “E a situação estava a piorar e os trabalhadores vinham ter comigo a implorar trabalho. Eu nem dormia, só a pensar como resolver a situação.” Um dia, conta, deu um pulo na cama, “Achei!”.

“Eu tinha encontrado a solução. Passei a fazer turnos, para aproveitar as máquinas boas. Uma parte do pessoal entrava no turno da manhã, outro entrava no turno da tarde, e assim aproveitava todas as máquinas para todos os trabalhadores.”

Foi uma fase fantástica, reconhece, “porque todos nós sentíamos que estávamos a construir a nossa Pátria. Todos os sacrifícios eram justificados”.

João Pessoa, aos 4 anos, passou 10 anos internado num hospital de onde saiu aos 14 anos depois de os médicos o terem usado para estudo e, finalmente, reconhecerem que não havia nada a fazer. “Foi então que comecei a viver. Comecei a estudar e a fazer exames por ciclos, para recuperar o tempo perdido.” João Pessoa fez o 7°ano (antigo ensino médio) e dispensou do exame de aptidão à Universidade.

Queria ir para Direito, mas em Angola não era autorizado esse curso. “Comecei a trabalhar com 18 anos, numa companhia de seguros, no meio das maiores dificuldades de locomoção. Saía da Vila Alice às 6h30 no maximbombo até à Mutamba e depois ia a pé até à Marginal, ao lado da Universidade, onde ficava a Companhia de Seguros.”

Aproveita uma vaga no então Rádio Clube de Angola, hoje LAC, onde começa a trabalhar como locutor. Começa então a entender que as coisas, politicamente, não estavam de acordo com o seu pensamento.Assim, organiza um grupo no seu bairro, que se reunia informalmente para discutir política e o futuro de Angola e fazer alfabetização na garagem da casa dos pais.

“Mas a minha saúde não aguentou o esforço. Eu já só pesava 39 kg. Um dia fui parar ao hospital e fui visto por um médico cubano. Ele avisou que tinha de parar. Trabalhei na Rádio Nacional de Angola, na UNTA, onde fazia jornais, no “Vitória Certa” do MPLA, e fui professor de História.”

Mas João Pessoa, o militante abnegado, tem o nome ligado ao jornal “Povo e Cultura”, o primeiro jornal de Cultura a seguir à proclamação da Independência Nacional. Um órgão “militante” da causa do povo, cuja impressão João Pessoa pagou do seu próprio bolso.

* Jornalista, in J.A. / “Especial 11 de Novembro”.

TIRADAS DA IMPRENSA

“Steve Jobs pegou a maçã que caiu na cabeça de Isaac Newton e mordeu para nos libertar do insuportável paraíso da ignorância”.

– Arnaldo Jabor

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“Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e a rectidão como um caudaloso rio…”

-Martin Luther King Jr.

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“Escute seu coração. Ele conhece todas as coisas, porque veio da Alma do Mundo e um dia retornará para ela…”

-Paulo Coelho

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“A verdade não é, de modo algum, aquilo que se demonstra, mas aquilo que se simplifica…”

– Antoine de Saint-Exupéry

BOCAS SOLTAS

Neste espaço vamos dar destaque a algumas frases de João Lourenço sobre as posições de Angola face aos conflitos que um pouco por todo o lado do continente africano grassa. O Presidente da República de Angola, aclamado como “campeão da paz” pela União Africana e outras instituições regionais, particularmente a dos “Grandes Lagos”, assumiu, no acto de tomada de posse, depois de ter sido reeleito na sequência das eleições gerais realizadas no país, em Agosto passado, que Angola é hoje “um país aberto ao mundo, com uma diplomacia dinâmica, com resultados benéficos para a imagem e para a economia do país”.

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“O país tem vindo a ganhar prestígio e respeito a nível do continente e do mundo, pelo importante papel que vem desempenhando com algum sucesso na resolução de conflitos na região da SADC e da CIRGL, como nos casos da República Centro Africana, e nos conflitos fronteiriços entre o Ruanda e a RDC ou ainda entre o Uganda e o Ruanda, onde temos procurado fazer modestamente o nosso melhor, uma vez que, como sabemos, a solução depende sempre e sobretudo da vontade política das partes directamente envolvidas”.
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“Preocupa-nos o conflito na região do Tigray na Etiópia, cuja situação humanitária se agrava a cada dia, porque foi simplesmente esquecida com o eclodir de um novo conflito na Europa. É hora de o Mundo começar a encarar a necessidade de salvar e proteger a vida humana por igual, sem preconceitos de ordem racial, religiosa ou de qualquer outro tipo”.
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“Todas as vítimas das guerras, dos conflitos armados, das calamidades naturais, devem merecer o nosso carinho, a nossa atenção, a nossa solidariedade. As Nações Unidas devem ser o guia regulador do equilíbrio necessário na acção das organizações humanitárias internacionais, para que não se concentrem as atenções apenas no atendimento a um tipo de necessitados, em função da sua origem”.
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“Nas suas relações com o Mundo, Angola procurou sempre preservar os laços de amizade e de cooperação conquistados ao longo do nosso percurso histórico e abrir e desenvolver novas relações de amizade e de cooperação, novas parcerias, decorrentes da nossa clara opção por um Estado Democrático de Direito e pela Economia de Mercado”
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“Angola foi sempre defensora da paz e da segurança universais, pela resolução negociada e pacífica do conflito israelo-palestiniano no Médio Oriente, do conflito na península coreana e de outros de diferentes dimensões, mas que acabam sempre por ter um impacto e consequências negativas na paz e segurança mundiais”.

 

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