Economia & Negócios

ANGOLA NÃO ESCOLHEU O MELHOR MOMENTO PARA SAIR DA OPEC (OPEP)

Escrito por figurasnegocios

A queda do preço do petróleo, devido à saída de Angola da OPEP, é atribuída ao efeito ” psicológico ” , fenómeno normal, que poderia acontecer por ameaça de guerra , etc., mas que regra geral é temporário. O factor que poderá ditar uma descida mais ou menos acentuada, ou a subida do preço do petróleo, será o maior ou menor crescimento das economias chinesa e indiana (mais populosas do mundo).

Por: Maria Luísa Abrantes
Foto: Arquivo F&N

A OPEP fixou para Angola uma quota de 1.055.000 barris dia para 2024, contra 1.280.000 barris/dia propostos pelo Executivo, que recorreu sem sucesso e pediu para a saída da organização.

O peso do hipotético ligeiro aumento da reduzida produção do crude de  Angola, com a pretensão de atingir a estabilização da produção por volta dos 1.300.000 de barris dia (in Jornal de Angola, 7/5/2023), embora seja de extrema importância para a economia angolana (30% do PIB e 95% das exportações), neste momento é pouco significativa (17o. lugar, com uma produção média de 1.100.000 barris/dia em 2022), se comparado com a produção de outros países produtores membros da OPEP, nomeadamente ;

– Arábia Saudita com cerca de 9.960.000 barris/dia (3o.), Iraque com cerca de 4.470.000 barris/dia (5o.), Irão com cerca 3.800.000 barris/dia (7o.), Brasil com cerca de 3.700.000 barris/dia (9o), etc. e aliados, nomeadamente;

– Rússia, com cerca de 10.000.000 barris/dia (2o.), China com cerca de 3.870,000 (6o.), etc.

O melhor momento para Angola desertar, seria quando a sua produção de petróleo representava cerca de 7% das importações de petróleo consumido pelos Estados Unidos de América, chegando a ultrapassar os 2.000.000 de barris/dia em Agosto de 2008, pois foi precisamente em 2009, altura da reconstrução do país, e de crise económica, que a OPEP impôs o primeiro corte drástico de 300 mil barris diários (passaria para 1.700.000 barris/dia).

No contexto actual , os signatários do Acordo de Paris estão condicionados, porque as instituições financeiras dos seus países poderiam ser sancionadas, caso continuem a financiar energias fósseis (sujas). Tem estado a tentar contornar a situação, com recursos a fundos, criados por engenharias financeiras complexas e com taxas de juro elevadas.

Nessa base, dificilmente Angola encontrará investidores estrangeiros com capacidade financeira para fazer face aos investimentos necessários, ou mobilizar simples financiamentos à exportação, mesmo com garantias soberanas como habitualmente. Só se financiar tais investimentos por meios próprios e se endividar cada vez mais os contribuintes que ainda estão por nascer.

Com a tendência de utilização de energias híbridas e limpas, nos países desenvolvidos e emergentes e com a oscilação dos preços do petróleo, os investimentos públicos terão dificuldade em ser recuperados .

Fontes: Site da Universidade de São Paulo , Brasil, caso prático do livro de minha autoria “A Teoria dos Jogos e os Oligopólios” , 1994″ , página 75 a 81, www.une.usp.br e o no site da Universidade de Stanford University , EUA , livro também de minha autoria” As Privatizações em Angola” , 2010 , página 95 , www.searchworks.stanford.edu , ou no site da Universidade da Califórnia , Berkeley , www.law.cat.berkeley.edu ).

OS PREÇOS DO PETRÓLEO
REGISTAM UMA DESCIDA ACENTUADA
COM ANGOLA A ANUNCIAR A SAÍDA DA OPEP

Os preços do petróleo têm tido uma forte subida ao longo das últimas sessões, saltando mais de 10% a partir dos mínimos intradiários alcançados em 13 de Dezembro de 2023. Uma tentativa foi feita para quebrar acima da área dos $80 por barril, ontem, mas os touros não conseguiram manter esses ganhos e o petróleo terminou as negociações de ontem abaixo deste nível-chave. Outra tentativa de quebrar acima da área de $80 foi feita esta manhã, mas também falhou, e a retracção foi retomada. A queda acelerou no início da tarde, quando foi relatado que Angola decidiu deixar o cartel da OPEP.

O país é membro do grupo desde 2007 e foi um dos países (juntamente com a Nigéria e o Congo) que lutou para cumprir os objectivos de produção durante anos. As recentes divergências no seio do grupo OPEP parecem ter sido a gota de água para que o país decidisse abandonar o grupo de produtores de petróleo. Angola não é um grande produtor de petróleo, com uma produção diária ligeiramente superior a 1,1 milhões de barris. No entanto, isto mostra que a unidade do grupo de produtores de petróleo é frágil e que mais países podem decidir deixá-lo, se os principais actores, como a Arábia Saudita, continuarem a insistir em cortes mais profundos na produção.

Olhando para o gráfico do Brent (OIL) no intervalo D1, podemos ver que uma pin bar de baixa no dia de ontem perto de uma importante zona de resistência. Uma configuração técnica começa a favorecer os ursos, com o preço a tentar subir, o que quebraria uma seqüência de tendência de baixa.

Fonte: xStation5

Sobre o autor

figurasnegocios

Deixe um comentário