África

São Tomé e Príncipe GOLPE DE ESTADO OU “COMPLOT”?

Escrito por figurasnegocios

Depois do alegado “Golpe de Estado”, subsistem interrogações sem respostas em São Tomé e Príncipe. Para a oposição, talvez seja um “Complot” para eliminar adversários. certa imprensa acredita haver “zonas obscuras” susceptíveis de evitar a compreensão do fenómeno. a viúva do ex-mercenário “Búfalo”, tido como um dos cabecilhas, ameaça recorrer à justiça para obter esclarecimentos sobre a morte de Arlécio Costa.

Texto Manuel Muanza *
Fotos Arquivo FN

Delfim Neves, ex-presidente do parlamento, acusado de envolvimento no suposto “golpe” ocorrido a 25 de Novembro, diz-se vítima de uma encenação visando calar e liquidar a oposição. Já o seu advogado, Hamilton Vaz, admitiu mesmo ter havido tentativa de “aniquilar” o seu cliente.

Delfim Neves deixou o cargo, em Novembro, na sequência das legislativas de 25 de Setembro (ganhas por maioria absoluta pela Acção Democrática Independente -ADI- de Patrice Trovoada, actual primeiro-ministro).

As análises da situação procuram relacionar o facto de, em 2009, Arlécio Costa, na altura líder na oposição, por coincidência, ter sido igualmente acusado de encabeçar um alegado “golpe” de estado em São Tomé e Príncipe. Antigo oficial do “Batalhão Búfalo” (desmantelado em 1993 na África do Sul), Arlécio Costa morreu em circunstâncias ainda por explicar.

Na versão das autoridades, Arlécio Costa terá perdido a vida após saltar de um veículo militar. A angolana Graça Costa, viúva, denuncia a “tortura” à morte e ameaça levar o caso à justiça para obter esclarecimentos.

A eliminação física de Arlécio Costa pode dever-se ao interesse de pôr fim a um incómodo, pois o ex-oficial “Búfalo” tem sido acusado de dupla ligação às intentonas de de 2003 e 2009. Em ambos os casos, Costa viu-se condenado e agraciado.

Costa pode dever-se ao interesse de pôr fim a um incómodo, pois o ex-oficial “Búfalo” tem sido acusado de dupla ligação às intentonas de de 2003 e 2009. Em ambos os casos, Costa viu-se condenado e agraciado.

O facto de São Tomé e Príncipe beneficiar de uma avaliação positiva quanto à alternância política desde a independência, em 1975, exceptuando as turbulências de 2003 e 2009, podem explicar o interesse de livrar o arquipélago de um cérebro capaz de planear “golpes” perturbadores como Arlécio Costa.

Em vez de esclarecerem o público, as declarações de Patrice Trovoada, primeiro-ministro, levantam interrogações sem respostas.

Em conferência de imprensa, questionou as circunstâncias da penetração e morte no quartel-general das forças armadas de alguns  tidos como implicados na “intentona”.

Trovoada parece ter dado razão a Delfim Neves, acusado de cabecilha do “golpe”, pois este terá também questionado a facilidade da invasão do quartel-general por quatro “cidadãos de estrutura fragilíssima”.

Em público, o novo chefe do estado-maior (substituiu o demissionário Olinto Paquete), João Pedro Cravid, brigadeiro-general, admitiu falta de meios e de condições dos efectivos e disse haver “muitas dificuldades nas forças armadas”.

Na visão do partido histórico MLSTP/PSD, na oposição, terá havido “conivência” das chefias do estado-maior das forças armadas nos acontecimentos de 25 de Novembro.

O brigadeiro-general João Pedro Cravid prometeu reformas para garantir fidelidade das forças armadas ao estado. As mudanças desejadas incidirão na “forma de pensar”, mas também na de “agir” e “estar”, havendo “necessidade urgente” de as introduzir.


NOVO PRIMEIRO-MINISTRO ANUNCIA REFORMAS

O novo primeiro-Ministro de São Tomé e Príncipe apresentou recentemente o seu programa de Governo. Duas grandes prioridades de Patrice Trovoada: aumentar o poder de compra da população e reformar as Forças Armadas.

Patrice Trovoada pediu unidade e convergência” para possibilitar “reformas estruturantes” do seu Governo. Fez o apelo durante a apresentação do novo programa de Governo na Assembleia Nacional. “A terra é nossa e a sua recuperação é nossa responsabilidade exclusiva”, acrescentou.

Patrice Trovoada, que lidera o Executivo são-tomense pela quarta vez, referiu que a “boa vontade” dos parceiros e da comunidade internacional é que tem “financiado o modesto crescimento económico de São Tomé” nos últimos 20 anos. Disse ainda que o país precisa assumir integralmente as suas responsabilidades sob pena de comprometer definitivamente o seu futuro.

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