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São Tomé e Príncipe: Admitiu ter prestado “informações falsas à Nação”: CHEFE DO ESTADO-MAIOR DEMITIU-SE APÓS ATAQUE A QUARTEL-GENERAL

Escrito por figurasnegocios

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe pediu a demissão, denunciando “actos de traição” e condenando os “factos horrorosos” que envolveram a morte de quatro detidos após um ataque ao quartel-general militar. “Acabei de entregar a Sua Excelência o Presidente da República e comandante supremo (das Forças Armadas) o meu pedido de demissão”, anunciou em conferência de imprensa o brigadeiro Olinto Paquete.

Citando o pedido de demissão que remeteu a Carlos Vila Nova, o responsável afirmou que, perante o assalto ao quartel-general militar por “um grupinho de indivíduos à paisana, com ajuda de militares do exército”, a reacção das Forças Armadas “foi pronta, mas demorada”.

“O nosso objectivo era a preservação da vida, o que durante a operação foi conseguido. Os factos posteriores, inexplicáveis, horrorosos, comprometeram tudo de bom que foi feito”, adiantou. “Parece-me que foi uma encomenda, pois obedeceu a um plano criteriosamente estabelecido, culminando com a publicação de imagens de coisas que eu não sabia porque me informaram com dados falsos”, disse no passado dia 1 de Dezembro.

O brigadeiro reconheceu ter prestado “informações falsas à nação” sobre a morte dos quatro detidos, que tinha justificado antes com ferimentos causados por uma explosão, no caso dos três assaltantes, e, no caso do suposto mandante do ataque Arlécio Costa – detido após o ataque pelos militares – por se ter “atirado da viatura”.

“Peço desculpas. […] A minha educação e a minha formação não me permitem aceitar tal atrocidade e actos de traição que lesam a pátria”, afirmou ainda, justificando desta forma o seu pedido de demissão, que ocorre poucas horas depois de uma reunião convocada pelo chefe de Estado com as altas patentes do exército, e com o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, e o ministro da Defesa e Ordem Interna, Jorge Amado.

Antes, foram divulgados nas redes sociais vídeos que mostram um detido — que viria a morrer –, deitado no chão, ensanguentado e com as mãos amarradas atrás das costas, a ser agredido por um militar com um pau, enquanto vários outros militares assistem. Outras imagens mostram detidos deitados ou ajoelhados no terreiro do quartel, com as mãos amarradas e com ferimentos.

No próprio dia do ataque e nos dias seguintes foram amplamente disseminadas imagens dos homens com marcas de agressão, ensanguentados e com as mãos amarradas atrás das costas, ainda com vida, e também já na morgue.

Entretanto, o Governo são-tomense anunciou ter feito uma denúncia ao Ministério Público para que investigue a “violência e tratamento desumano” de militares contra detidos após o ataque ao quartel-general das Forças Armadas.

O assalto foi classificado pelas autoridades são-tomenses como “uma tentativa de golpe de Estado” e condenado pela comunidade internacional. Nas primeiras horas após o ataque, os militares também detiveram, na sua casa, o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, alegadamente identificado pelos atacantes como outro mandante do assalto.

Delfim Neves foi libertado no dia 28 de Novembro  após ter sido presente à juíza de instrução criminal, com apresentação periódica às autoridades e termo de identidade e residência, negando qualquer envolvimento com este acto, que descreveu como “uma montagem” para o incriminar.

Portugal enviou, a pedido de São Tomé, uma equipa de investigadores e peritos da Polícia Judiciária e uma médica perita em patologia forense, que irá colaborar com as autoridades judiciárias são-tomenses nas investigações.

(DN/Lusa)

EX-LÍDER DO PARLAMENTO FOI PRESO

O ex-presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, Delfim Neves, foi detido no início da manhã de 25 de Novembro, na sequência de um ataque ao quartel militar, entretanto neutralizado, anunciou, no mesmo dia,   o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.

“Fomos alvo de uma tentativa de golpe, que começou por volta das 00:40 e que teve o seu desfecho, em termos operacionais, pouco depois das 06:00 (horas locais)”, disse o chefe do Governo, numa conferência de imprensa. Patrice Trovoada adiantou que “tudo indica” que o ataque ocorreu “a mando de algumas personalidades”. (…)

“O Estado-maior informou-me que detiveram algumas pessoas, na base de declarações do primeiro grupo de quatro [atacantes] que foi detido e neutralizado. Alguns nomes mais conhecidos, Arlécio Costa, está detido no quartel e Delfim Neves também está detido no quartel”, avançou o primeiro-ministro.

As forças de segurança de São Tomé e Príncipe detiveram militares que facilitaram a entrada de atacantes no quartel militar, durante um assalto na noite passada que foi neutralizado ao início da manhã, disse à Lusa o ministro da Defesa.

Anteriormente, o ministro da Defesa Nacional e Administração Interna são-tomense, Jorge Amado, adiantou à Lusa que, além dos atacantes, também foram detidos militares que estiveram envolvidos no ataque.

Segundo fonte médica, durante o assalto, um homem ficou ferido com gravidade devido a agressões, mas já se encontra a recuperar. A mesma fonte adiantou que os assaltantes tinham idades entre os 21 e os 24 anos e tiveram ajuda de “alguns soldados internos, que permitiram a entrada no quartel”.

DN/Lusa

 

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