A saúde da economia da Zona Euro conhece prognósticos não totalmente coincidentes. Desde sinais ligeiramente positivos a dúvidas sobre a saúde das contas. Eurostat, Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Banco Mundial e instituições privadas não prevêem exactamente o mesmo. O novo ano trouxe a Croácia para o grupo de países que usam o Euro.
Por: João Barbosa / Fotos Arquivo NET
A Direcção-Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros, da Comissão Europeia, reporta uma melhoria da confiança económica na União Europeia, em Dezembro. O Indicador de Sentimento Económico (ISE) avançou 1,5 pontos, colocando-se em 94,2, no conjunto do bloco, e 1,8 na Eurozona, passando para 95,8 – numa tabela de 100 pontos.
O avanço alavancou-se em todos os sectores, mas especialmente no comércio de retalho, serviços e consumo. O melhor desempenho verificou-se na Alemanha (dois pontos) e em França contraiu 1,3 pontos.
Segundo o Fundo Monetário Internacional, metade dos países da União Europeia vai entrar, este ano, em recessão. A razão deriva da situação na Ucrânia. A directora-geral da instituição refere que o embate acontecerá igualmente nos Estados Unidos e na China, afectando também todo o planeta.
Kristalina Georgieva prevê uma desaceleração de 2,7% este ano, contra 3,2% de 2022. Numa entrevista à estação televisiva norte-americana CBS, a chefe do FMI aconselhou os responsáveis de bancos centrais: «é preciso ter uma queda credível da inflação e só depois pensar em reequilibrar os juros».
O Banco Mundial prevê uma desaceleração «brutal» do crescimento da Eurozona. No Global Economic Prospects, para 2023, a instituição refere que não se verificará uma recessão, mas uma estagnação. O mau desempenho sentir-se-á também nos EUA e na China, mas o pior acontecerá no bloco europeu.
Por seu turno, o Goldman Sachs prevê um crescimento económico na Zona Euro, afastando a hipótese de recessão. Este banco antecipa um crescimento de 0,6%, contra 0,1% adiantado num relatório anterior.
Atenção à inflação – O Eurostat, na estimativa rápida, calcula uma variação homóloga da inflação, em Dezembro, de 9,2%. A confirmar-se, esta será a segunda vez e consecutiva. Face a Novembro, a taxa compara com 10,1%. O instituto estatístico europeu indica que as menores variações verificaram-se em Espanha (5,6%), Luxemburgo (6,2%) e França (6,7%). As maiores aconteceram na Letónia (20,7%), Lituânia (20%) e Estónia (17,5%). Em Portugal foi de 9,6%, abaixo 0,3 pontos percentuais.
A performance justifica-se sobretudo nos preços da energia. A subida foi em Novembro, em termos homólogos, de 34,9% e em Dezembro 25,7%. Nos alimentos não transformados, álcool e tabaco passou de 13,8% para 13,6%; nos bens industriais não energéticos sucedeu de 6,4% para 6,1%; bens e serviços evoluiu de 4,4% para 4,2%.
O governador do Banco de Portugal vê sinais positivos relativos à inflação na Zona Euro. Mário Centeno – antigo ministro das Finanças do primeiro governo de António Costa e membro do Conselho do Banco Central Europeu – refere que em Dezembro o valor ficou abaixo do previsto.
O Goldman Sachs considera que o pico da inflação já é passado, devendo fechar o ano em 3,15%, contra previsão anterior de 4,5%. «Esperamos que a inflação subjacente abrande, devido ao arrefecimento dos preços dos bens, mas antecipamos pressão ascendente continuada na inflação dos serviços, devido ao aumento do custo do trabalho». A taxa de inflação subjacente deverá abrandar para os 3,3% até ao final de 2023.
Este banco de investimento norte-americano prevê ainda que o Banco Central Europeu (BCE) volte a contrair significativamente a sua política monetária nos próximos meses. Classifica como «muito prováveis» aumentos de 50 pontos-base nas reuniões de Fevereiro e Março. Seguir-se-á um abrandamento do ritmo de subida para os 25 pontos-base, até parar nos 3,25% em Maio.
Quanto a juros, o Goldman Sachs adianta que as perspectivas de crescimento mais sustentadas tornam improvável que o Banco Central Europeu comece a cortar taxas. «Não prevemos o primeiro corte até ao quarto trimestre de 2024».
Joachim Nagel, presidente do banco central alemão, garante que a Eurozona não está a viver um momento de espiral salários/inflação. Porém, considera que o Banco Central Europeu deve manter uma política monetária restritiva.
Em entrevista à Zeitschrift für das gesamte Kreditwesen, revista alemã especializada em economia e finanças, o presidente do Bundesbank refere que pesquisas mensais, às empresas e famílias, apontam para uma melhoria significativa das expectativas da inflação a longo prazo. Isso justifica a manutenção da política monetária para travar a inflação.
No terceiro trimestre do ano passado situou-se em 10,1%. A situação deveu-se ao ritmo mais lento da formação bruta de capital fixo (0,6%) face ao rendimento bruto disponível (2,3%).
A taxa de poupança das famílias da Eurozona baixou para 13,2%, no terceiro trimestre de 2022. Este foi o sexto recuo consecutivo desde o primeiro trimestre de 2021, quando se situou em 21,5%. O Eurostat explica este movimento com o crescimento mais rápido das despesas de consumo (2,5%) face ao rendimento disponível (2,3%).
A taxa de investimento das famílias da Zona Euro regrediu 9,9% no quarto trimestre de 2022. Em igual período de 2021 situou-se em 9,6%. No terceiro trimestre do ano passado situou-se em 10,1%. A situação deveu-se ao ritmo mais lento da formação bruta de capital fixo (0,6%) face ao rendimento bruto disponível (2,3%).
Tanto a Eurozona quanto o conjunto da União Europeia conheceram, em Novembro, uma estabilização da taxa de desemprego – informações do Eurostat. Nos países da moeda única situou-se em 6,5% e no bloco europeu em 6%. Em Portugal fixou-se em 6,4%. As mais elevadas verificaram-se em Espanha (12,4%) e na Grécia (11,4%). As mais baixas aconteceram na Alemanha (3%) e Dinamarca (2,7%).
Os preços da produção industrial caíram 0,9% em Novembro face ao mês anterior, tanto na Eurozona quanto no conjunto da União Europeia. O Eurostat estima aumentos homólogos de 27,1%, na Zona Euro, e 27,4%, na globalidade do bloco europeu. Em Portugal verificou-se um recuo de 0,3% mensal e 12,2% na comparação com igual período de 2021.
Na Eurozona, por sectores e comparação homóloga, o preço da energia progrediu 55,7%. Os bens de consumo não duráveis registaram subida de 16%; bens intermédios aumentaram 15,3%; bens de consumo duráveis avançaram 9,4%; e bens de capital cresceram 7,6%. A globalidade, sem a energia, valorizou-se 13,1%.
No conjunto da União Europeia, no sector da energia os preços avançaram 56%; os bens de consumo não duráveis 17,1%; bens intermédios 15,5%; bens duradouros 9,7%; bens de equipamento 7,7%. Sem a energia, a progressão foi de 13,6%.
A produção industrial subiu, em Novembro passado, tanto na Eurozona quanto no conjunto do bloco europeu. Nos então 19 países da moeda única, progrediu 1% em comparação com Outubro e 2% em variação homóloga. Já na globalidade da União Europeia, o avanço foi de 0,9% em cadeia e 2% face a Novembro de 2021.
O Eurostat revela que as melhores performances, em variação homóloga, aconteceram na Irlanda (34,9%), Malta (15,5%) e Dinamarca (9,3%). As piores verificaram-se na Estónia (-12,2%), Eslováquia (-10,7%) e Roménia (-4%). Em Portugal recuou 0,3%.
Já em cadeia, o organismo estatístico revela que as melhores performances verificaram-se na Irlanda (6,4%), Luxemburgo (5%) e Malta (4,6%). No lado oposto ficaram a Estónia (-3,7%), Suécia (-3,3%) e Croácia (-1,9%). Em Portugal cresceu 2,7%.
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