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Planagrão e Reserva Alimentar à procura de 8 milhões de toneladas/ano: OS CAMINHOS DA LUTA CONTRA O DÉFICE DA PRODUÇÃO DE MILHO

Escrito por figurasnegocios

Segredo reside no apoio a pequenos produtores, a franja que menos tem acesso ao crédito. São quase dois milhões de agentes a braços com várias limitações. Reserva Alimentar 100% nacional pode ser o antídoto.

Por: Pontes António / Fotos: Arquivo F&N

No ano em que lança o Plano Nacional de Produção de Grãos (Planagrão), em grande medida devido a limitações impostas pela guerra na Ucrânia, Angola faz contas ao défice na produção de milho, a base da alimentação da população, na esperança de que o futuro imediato proporcione uma cifra anual de cinco milhões de toneladas, indicam levantamentos feitos pela Revista Figuras & Negócios.

Dados oficiais apontam para uma produção actual na casa dos dois milhões de toneladas, quando o ideal, como admite o ministro da Agricultura e Florestas, António Francisco de Assis, seria uma marca de, no mínimo, dez milhões de toneladas de milho por ano.

Os desafios traçados pelas autoridades, também por conta do muito badalado fomento à produção nacional, <<colidem>> com inúmeras dificuldades no sector da agricultura familiar, responsável por 90% de toda a produção alimentar disponível em Angola.

A Reserva Estratégica Alimentar (REA), operacionalizada pela Carrinho Empreendimentos, é vista como um <<importante instrumento>> na luta pela autossuficiência em termos de produção de milho, inicialmente, e de outros cereais, nos próximos tempos.

O quase nulo acesso ao crédito, ainda que o país tenha um Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário, o Fada, encabeça o rol de dificuldades no sector familiar, que congrega cerca de dois milhões de pequenos produtores.

O ministro Francisco de Assis refere que o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) presta assistência, com meios e factores de produção, a um milhão e duzentos mil agentes, mas as queixas continuam na ordem do dia.

Do Kwanza Sul, chega a intervenção do produtor Benjamim Franco, líder de uma cooperativa de camponeses, que lamenta a falta de transporte para a movimentação dos produtos para os armazéns, a escassez de sementes e a inexistência de crédito.

Benjamim, que aborda as dificuldades numa perspectiva global, é um produtor que beneficia do projecto Carrinho Agri, com o qual o grupo Carrinho apoia, em seis províncias, 58 mil pequenos produtores.

A empresa gestora da REA, que diz estar a transformar no seu complexo industrial, em Benguela, apenas o milho nacional, distribuiu os chamados pacotes tecnológicos, compostos por adubos, sementes e outros meios, e adquire o produto aos camponeses.

No Huambo, o produtor Bento Culica realça que “a produção aumentou significativamente graças a esta parceria”, salientando que já se pode colher entre 3 a 4 toneladas num único hectare. “Isso era impensável com as dificuldades que tínhamos, agora está melhor, temos também assistência técnica do projecto”, indica.

Huíla, Malanje, Benguela e Bié são as outras províncias que beneficiam do Carrinho Agri, até ao momento com 57.500 hectares disponíveis. A mesma fórmula será usada quando arrancar a produção de feijão, soja, trigo e o arroz, já com 150 mil pequenos produtores, conforme indicam as projecções.

Admir da Silva, responsável pela agricultura na Carrinho, revela que “a meta é conseguir uma Reserva Alimentar totalmente nacional, o que já acontece em relação ao milho”. Ao destacar a importância do Planagrão, que prevê apoio directo à produção e construção de infra-estruturas, como silos, armazéns e estradas, o ministro da Agricultura e Floresta adiantou que Malanje tem já 650 hectares de arroz, resultantes de uma parceria entre empresas angolana e chinesas.

“Vai colher a partir de Abril, estamos no bom caminho”, resumiu Francisco de Assis, antes de ter informado que Benguela, Huambo e Bié contam com 6.200 hectares de trigo.

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