Por: Valdemar Augusto
Alguns angolanos são bons em retirar as palavras do contexto para tentar justificar as suas próprias deficiências cognitivas.A Ministra da Educação esteve sim bem, quando disse ontem no cafeCIPRA que os patriotas ficam no país onde devem contribuir com críticas para o bom desempenho do Executivo e não “fugirem” para fora, e se constituirem em agentes hostis à terra mãe.
Quando disse que quem está fora não faz falta, a ministra não se referia aos angolanos que, em diversos pontos do mundo, dão o seu melhor para os seus familiares e a sua pátria, enviando remessas ou até capital para investir na própria pátria.
Luísa Grilo e os seus colegas Rui Falcão e Teresa Rodrigues foram unânimes em afirmar que é normal um cidadão deixar o seu local de nascimento em busca de melhores condições de vida num outro país. A prática é milenar.
Fazem-no os norte-americanos, fazem-no os portugueses e não seria diferente em relação aos angolanos.
O que não é justo nem patriótico é sair de Angola e constituir-se num agente nocivo contra o país que o viu nascer. Estes, sim (e foi o que a ministra disse nas entrelinhas) não fazem falta. Eu acrescentaria: esses são traidores da Pátria. Vão perguntar ao Presidente Trump se perdoaria um americano que, saindo por vontade própria do país, apedrejasse o Estado de origem (Estados Unidos de América).
Os angolanos têm de aprender a ouvir as verdades, ainda que incômodas. Não faz sim falta ao país quem daqui sai e fica lá fora a ganhar dinheiro, ofendendo instituições e diabolizando a imagem da nossa querida Angola. Não é patriota quem sai de Angola e faz diplomacia negativa contra Angola, desencorajando os investidores a cá virem. Estes sim não fazem falta a Angola.
Os angolanos que brilham na ciência, no desporto e noutros ofícios lá fora, ganhando a vida com honestidade, espelham, por isso, boa imagem de Angola; estes são patriotas, porque contribuem para a atracção de investidores e de turistas para a pátria de todos nós.
Outrossim, a deficiência demonstrada na interpretação do comentário da Ministra encoraja-nos a investir mais na educação, na leitura e na ciência, no seu todo.
Esta interpretação enviesada mostra-nos como a juventude precisa de mais leitura para serem capazes de ler nas entrelinhas um discurso, um comentário.
De qualquer modo, o que anima qualquer locutor é perceber o alcance das suas palavras. Está de parabéns a Ministra Luísa Grilo. O recado chegou. Foi assim em 1975: fugiram antes, mas alcançada a independência, voltaram como angolanos. Foi assim em 2002, depois de abandonado o país durante o período de guerra, alcançada a paz, todos voltaram e batiam no peito como genuínos angolanos.
Estudem e trabalhem onde puderem, mas sem macular a terra de origem, a nossa Canaã (Angola)! Quem assim não proceder, o capote serviu-lhe: não faz falta aopaís. Pois, aqui a luta continua e a vitória é certa!
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