Ao longo de trinta e oito anos de existência como país independente, nada se fez apenas por incompetência, má gestão ou incapacidade de liderança.O que se fez foi maldade pura e dura a um país que tinha tudo para enterrar um passado carregado de ódios e misérias herdadas do tempo colonial. Em Novembro de 75, apesar da euforia de nos termos libertado das correntes da opressão, já pairava no ar a ideia de que Angola transformar-se-ia num palco de disputas pelo poder sem precedentes na África Austral.
Cada um dos movimentos de libertação procurava à todo o custo servir os interesses geo-estratégicos das potências consideradas “salvadoras da Pátria” emergente. Cada qual rubricava acordos e mesmo tratados de Estado, ainda antes de se conquistar a independência de uma potência coolonizadora pobre, sem poder para , no mínimo, deixar um país com recursos humanos capazes de viabilizar técnica e administrativamente uma nação. A administração colonial fugiu e deixou os líderes dos movimentos de libertação com tudo, menos para, com tranquilidade e competência, fazer nascer uma nação digna.
Tal como previam, aconteceu o pior de todos os pecados desta terra. Irmãos começaram a matar irmãos, a destruir o pouco que restava de um país enttegue à sua sorte e previamente condenado ao fracasso; sem Estado unificado, população controlada, sem quadros e submetida aos caprichos dos que chegaram e começaram logo a aguçar os seus apetites, sustentados por lideres acabados de engolir as cartilhas ideológicas que, no fundo, nenhuma ia de encontro aos anseios do povo que diziam querer libertar das correntes do exterior.
E foi por causa da defesa intransigente, da submissão aos caprichos ideológicos, quer do Leste como do Ocidente, de forma cega e mal calculada, que a guerra enraizou-se durante mais de vinte anos, deixando um rasto de todas as desgraças desta vida que continuou a ser muito difícil de ser vivida com normalidade. Uma destas desgraças foi a implantação de um regime cuja liderança deslumbrou-se com a enorme riqueza colocada à sua disposição. Então muniu-se de todos instrumentos legais e ilegais para enriquecer um grupo de angolanos,que hoje na faixa dos setenta anos, continua fortemente empenhado em não alinhar na luta que se espera renhida pela mudança de mentalidade, contra o nepotismo e a corrupção.
Eles continuam aí, resistentes, teimosos e irreconciliáveis com a verdade dos novos tempos. Uma centena de milionários permanecem como que intocáveis e irredutíveis, uma boa parte dos quais perfere actuar na calada das noites traiçoeiras dos corredores do poder. Entretanto, a “luta continua”…Com um novo líder, uma nova mentalidade e disposição para mudar-se o curso de um legado político péssimo que arruinou a vida de gerações
Há cinco anos surgiu a esperança justiceira, que não é divina; é mais terrena, realista e dura: uns foram parar às barras dos tribunais e à cada um coube um tempo para reflectir muito fora dos ambientes dos Dubais, Tugas, Hawais e outros paraízos de uma vida completamente divorciada com a miséria extrema provocada ao longo de trinta e oito anos de borlas, luxúria e massacre permanente dos direitos tão solenemente proclamados pela Constituição da República. Mas faltam muitos biliões para se recuperar e falta, sobretudo, a exposição clara dos erros de gestão financeira cometidos de forma tão grave. Falta o arrependimento de alguns e a vontade de ourtos colaborarem para que num futuro muito próximo as suas almas descansem em paz.
Como tudo na vida, tudo tem o seu fim. A geração dos que têm setenta anos pra cima tem muito para dizer e confessar quanto aos crimes cometidos. Não é preciso fugir e mandar umas bocas na diáspora; é aqui que se resolvem os problemas. Os militares o fizeram de forma exemplar.Lembram-se? O que é necessário é FAZER: Entregar o “gamado” ao seu verdadeiro dono: o povo. Depois …Deus faz as contas todinhas lá em Cima. Aliás, Este já percebeu e irá certamente entender o que fazer dos que “partem desta para o pior”.
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