João Lourenço no Cunene no lançamento da pré-campanha eleitoral do MPLA
O líder do MPLA, João Lourenço, presidiu recentemente um comício na cidade de Ondjiva, Cunene, num acto de massas bastante concorrido que marcou oficialmente o início da pré-campanha do seu partido. Na ocasião, o “número 1″ do partido governante proferiu um discurso que sintetizou o principal objectivo preconizado: vencer as próximas eleições previstas para Agosto e com uma vitória clara e retumbante contra a concorrência: ” Há várias formas de se ganhar no ringue, mas nada melhor que ganhar por KO, levar o adversário ao tapete”, salientou.
A seguir, alguns extratos da sua intervenção feita de improviso:
“Nós conseguimos nesses 20 anos ligar o país de Cabinda ao Cunene, tornar uma realidade a mobilidade das pessoas, não tendo necessidade mais de andar exclusivamente de avião. Hoje, usamos todo o tipo de meio de transporte para nos movermos de Cabinda ao Cunene. Portanto, melhor do que isso não podia ser. O que significa que já passaram 20 anos, mas que passem mais 200 anos, mais 400 anos…Devemos continuar a preservar esta Paz, porque só em paz podemos continuar a desenvolver o nosso país e realizar os nossos sonhos”
“(…) fizemos uma viragem radical no que diz respeito à gestão da coisa pública. Eu não estou a dizer que hoje não haja gestores que mexem no erário. Não estaria a dizer a verdade se fizesse essa afirmação. Temos de assumir que ainda há gestores que mexem no erário. Mas não com tanto descaramento, com tanta falta de medo como era no passado, porque hoje sabem que até podem fazer, mas se forem apanhados, não haverá impunidade. O grande mal do passado não era só haver corrupção, haver roubo… às vezes, quando a gente utiliza a expressão corrupção, acaba por ser uma palavra bonita. Como o acto em si não é bonito, temos de chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome. Corrupção é roubo!”
“Já recuperámos muitos recursos, mas não chega. Precisamos de recuperar mais, mas, sobretudo, precisamos criar mecanismos e criar a mentalidade nos nossos servidores públicos que o caminho certo não é o da corrupção. Quantas barragens de Cafu poderíamos construir com os dinheiros já recuperados da corrupção e aqueles não recuperados? Quantas barragens? A barragem que inaugurámos ontem custou 137 milhões de dólares. Há pessoas que, sozinhas, roubaram cinco, seis vezes mais do que isso. Então, dava para fazer quantos Cafus? Nós precisamos fazer aqui, no Cunene, quatro, cinco Cafus. Então já estavam feitos com o dinheiro roubado por uma só pessoa – uma só pessoa! – dava para fazer quatro, cinco Cafus”
“Portanto, combater a corrupção é bom, e não só é bom como é necessário. É absolutamente necessário. Agora quem combate a corrupção não é o JLo. Somos todos nós. Temos que nos mentalizar que o polícia contra a corrupção é todos nós. Cada um de nós é um polícia chamado pela Nação, convocado pela Nação, para combater a corrupção. Se nos mentalizarmos que é assim, então podemos dar-nos por felizes e dizer que o combate contra a corrupção está vencido”
“Nós temos conseguido, com a ajuda de todos vós, criar esse bom ambiente de negócios, já reconhecido internacionalmente, não só pelas organizações credoras internacionais, o FMI e o Banco Mundial, mas também pelas organizações que têm a responsabilidade de classificar as economias, o estado das economias do mundo, se as economias vão bem ou não vão bem, se estão bem ou não estão bem, se têm probabilidade de crescimento económico ou não. Essas agências têm essa responsabilidade e não são amigas de ninguém. Quando dizem que a economia A ou a economia B vai bem, não é porque são amigos desse país, não é porque foram corrompidos, porque eles não aceitam ser corrompidos. São imparciais, são sérios, fazem o seu trabalho e anunciam os resultados”
“Caros camaradas, o facto de estarmos no fim deste mandato significa dizer que estamos às portas de prestar contas ao Povo, porque afinal de contas o Povo é soberano. Nós, como bons alunos, que consideramos que nos preparámos suficientemente para este exame, estamos tranquilos. Vamos enfrentar o exame, o júri, que é o Povo soberano, na certeza de que esse júri vai nos dar uma boa nota, uma nota positiva”
“Eles querem combater o nosso grande MPLA. Há anos que estão a tentar. Treinam e treinam mais, e chegam no dia do jogo, perdem o jogo. Na cabeça deles, vencer o MPLA é destruir o MPLA. Mas destruir o MPLA como? Destruir as infra-estruturas do MPLA, queimar as sedes do MPLA, o mobiliário, partir as paredes.Eles acham que vão acabar com o MPLA assim? Acham mesmo que esse grande MPLA vai acabar só porque partiram quatro paredes de um comité local? Vão acabar assim com o MPLA? Eles não sabem que o MPLA não são paredes. O MPLA são as pessoas!”
“Caros camaradas, fui eu próprio que em Menongue dizia que não podemos ser triunfalistas, a ponto de dizer “já está!”. Eu aconselhei a abandonarmos esta expressão “já está!”. Não está nada! Nós vamos para o ringue para vencer, para vencer bem. Por muito bom lutador que você seja, precisa de se preparar. Então, nós temos que nos preparar convenientemente, temos que trabalhar, continuar a trabalhar, quer os militantes do MPLA que estão no Executivo, quer os militantes no geral, os nossos amigos, os nossos simpatizantes, os angolanos no geral que acreditam no nosso projecto de governação. Todos nós temos que nos preparar até ao último minuto, até aquele dia de reflexão, data em que podemos considerar fazer uma introspecção e dizer: “estamos preparados para a luta? Sim, estamos”. Então, vamos à luta para vencer”
“Camaradas, nas últimas duas eleições – isso não é tabu nenhum-, nós somos os primeiros a reconhecer, porque só reconhecendo é que podemos corrigir, quando a gente não reconhece não está em condições de corrigir. Nas duas últimas eleições [2012, 2017], nas urnas, o nosso partido perdeu em cada uma delas cerca de dez por cento. Temos de inverter rapidamente esta tendência, e vai ser agora em Agosto. Não há tempo a esperar, tem que ser agora, em Agosto”
“O desafio é grande, mas é possível, e acreditamos que esse Povo soberano vai ajudar-nos a alcançar essa proeza, de retomarmos, de reganharmos, os 20 por cento perdidos e, para isso, não precisamos de fazer muita coisa, temos que fazer aquilo que a camarada Didalelwa defendeu: temos que dar o salto da gazela. É um salto ousado, é mesmo essa a missão que a gente tem que ter. Vamos começar a treinar para ver se conseguimos saltar tanto quanto uma gazela. É preciso treino, senão vamos ficar lesionados”
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