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Médio Oriente: GUERRA COM O HAMAS CUSTOU A ISRAEL 61 MIL MILHÕES DE EUROS

Escrito por figurasnegocios

O consumo privado alterou-se com a expectativa de uma guerra prolongada, com a população a comprar menos bens duradouros e a fazer menos gastos elevado.

Texto: Vítor Norinha (Jornalista)
Fotos: Arquivo F&N

Israel já consumiu cerca de 13% do Produto Interno Bruto (PIB) na luta contra o Hamas pelo controlo da Faixa de Gaza, considerando dados publicados por organismos internacionais.

O conflito entre Israel e as organizações do Hamas e do Hezbollah está a afectar o crescimento económico do país, a desorganizar a sociedade e a ter repercussões naquilo que Israel tem para vender para o exterior e que é a tecnologia e o turismo. O crescimento do PIB que foi de 2% em 2023, irá cair para 1,5% em 2024 e, na pior das hipóteses poderá ficar ligeiramente acima de 0,5%, segundo informações publicadas no suplemento Actualidad Económica, do jornal espanhol El Mundo. As projecções para este ano em gastos com a Defesa do país indicam que fecharão nos 9% do PIB, mas com o prolongamento da guerra esta projecção já foi ultrapassada.

Recorde-se que Israel foi atacado em 7 de Outubro último por militantes do Hamas que provocaram centenas de mortos, feridos e um número elevado de raptos, sendo que parte deles ainda não foi resgatado. A reacção foi massiva em termos militares e Israel tem tido o apoio dos EUA e dos países ocidentais, enquanto enfrentam desafios crescentes dos vizinhos, caso do Irão. O custo destes 10 meses de intervenção militar na chamada limpeza da Faixa de Gaza para descobrir túneis e eliminar células terroristas, já custou cerca de 61 mil milhões de euros, um valor jamais consumido desde a criação do Estado de Israel em 1948. Mas, contrariamente, a outros conflitos bélicos durante a sua curta existência, Israel está a enfrentar novos desafios que envolvem a economia, nomeadamente a nível da desaceleração do crescimento. A par de tudo isto o turismo desapareceu e o défice das contas públicas disparou. Esta situação macroeconómica reflectiu-se na avaliação feita por agências internacionais sobre a solvabilidade das contas públicas, com a agência de notação Fitch a reduzir a notação da dívida pública do país de “A+” para “A”, quatro meses depois da agência de notação de rating S&P ter reduzido a classificação da dívida do país, argumentando com os riscos geopolíticos.

Recorde-se que a economia de Israel antes do conflito estava florescente com reservas de moeda estrangeira da ordem dos 200 mil milhões de US dólares, cerca de 40% do PIB, a par de uma inflação controlada e um nível de desemprego técnico da ordem dos 4%. Manuel Trajtenberg, economista, ex-congressista do Knesset pelo Partido Trabalhista e professor na Universidade de Tel-Aviv, citado pela Actualidad Económica, disse que a dívida externa tinha baixado para cerca de 40% do PIB, o que contrasta com os 60% que é a média dos países integrantes da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Com a guerra o défice subiu e a economia caiu. O consumo privado alterou-se com a expectativa de uma guerra prolongada, com a população a comprar menos bens duradouros e a fazer menos gastos elevados e viajando menos para o exterior.

Refere a mesma fonte e citado no mesmo órgão de comunicação social, que antes do “7 de Outubro” a despesa com a Defesa em percentagem do PIB era de 4,4%, quando agora mais que duplicou. Outros gastos na Defesa, que inclui a Inteligência, consomem cerca de 1% do PIB.

Mas, em termos positivos e que dá resiliência ao país, está o facto de Israel poder lidar com uma crise económica provocada pela guerra, pois tem um ecossistema tecnológico que suporta todas as infra-estruturas críticas, podendo, no entanto, o investimento neste país de startups – que são da ordem das 7500 em todo o território – vir a ser reduzido num eventual conflito alargado ao Irão. Um dado relevante é o facto de 90% do high tech em Israel ser software, o que evita que se coloquem problemas a nível da logística. Isto significa que se os programadores poderem trabalhar, o país continua a exportar e não está dependente de transporte aéreo, rodoviário ou fluvial. E, não menos importante, é o facto de cerca de 10% desta força laboral – que é essencialmente inteligência – estar a trabalhar fora das zonas de conflito. Diferente poderá ser o impacto da mobilização de reservistas pois cerca de 20% destes efectivos estão a trabalhar em áreas tecnológicas.

 

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