Sociedade

O CORREDOR DO LOBITO

Escrito por figurasnegocios

O sensacionalismo com que se está a tratar o caso do famoso Corredor do Lobito, pode induzir os mais novos, no erro de pensar que se trata de uma iniciativa dos americanos a favor de Angola, no quadro da cooperação bilateral.

Por: Paulo Lucamba Gato
Fotos: Arquivo F&N

O projecto do Caminho de Ferro de Benguela teve início por volta de 1883, por iniciativa do último rei de Portugal, Dom Manuel de Bragança, tendo como objectivo a evacuação das nossas riquezas, a partir do Interior, como era a prática dos exploradores colonialistas.

Foi, no entanto, em 1901 que, através de um concurso público, o Eng. britânico Robert Williams, em representação do grande magnata britânico, Sir CECIL RHODES, da Tanganyka Concessions, retomou a obra, dando-lhe assim um cariz internacional, ligando-a ao cinturão de cobre do Katanga no Kongo e à Koluesi na Zâmbia.

Foi assim que, em 1929 foi concluída a gigantesca obra e fez-se com sucesso, o primeiro carregamento de minério de cobre em 1931, com destino à Europa, via o porto do Lobito.

O nosso CFB funcionou assim regularmente até ao fim da guerra anti colonial em 1974/5.

Com o recrudescimento da guerra civil, o CFB teve de parar as suas actividades de grande magnitude, até aos dias de hoje.

Com isso quiz apenas dizer que o corredor do Lobito é uma realidade vigente desde 1931.

Como já acima mencionado, o CFB na sua versão original, foi propriedade das autoridades coloniais que por concurso público realizado em 1901, passou para a tutela dos britânicos, sendo que mais tarde e sucessivamente passou para os belgas da Société Générale e por fim para a francesa Suez, antes de ser restituído definitivamente  em 2011 para Angola.

Eu tenho dito que o CFB só encontra a sua razão de ser, se conseguir chegar ao cinturão de cobre do Katanga e Soluezi na Zâmbia e é nesse contexto que surge a actual iniciativa americana.

Para mim pessoalmente, o CFB foi uma linda história de amor e ódio.

A história de amor consistiu no facto do CFB ter sido o meio pelo qual a nossa prima Beatriz Lohuma que residia em Benguela, enviava um terno contendo peixe espada frito para a tia dela, a nossa mãe LUISA LUSINGA. Essa operação colocava imediatamente um sério “problema logístico” para a mãe: que seria o melhor portador do terno de forma a chegar à casa conforme enviado pela prima Beatriz? Confesso que o terno que vinha registado, exalava um perfume tentador e irresistível. É que se tirasse uma posta, tinha de ir uma segunda, terceira e depois ter de enfrentar problemas com a velha ao chegar à casa.

Foi também de comboio que fui até à Ganda em 1973 para fazer o meu exame do 5°Ano do Liceu.

Quanto à outra história sobre o CFB, ela será objecto de tratamento num trabalho mais elaborado.

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