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Metáforas em Geografia: EQUIVALE A PERCEBER SEMELHANÇAS, MAS TAMBÉM DIFERENÇAS

Escrito por figurasnegocios

A palavra metáfora aparece nas obras Poética e Retórica de Aristóteles que definia o termo como aplicação de um nome estranho: O transporte de um nome para outra coisa, ou do género para a espécie, ou da espécie para o género, ou da espécie de uma para a espécie de outra, ou por analogia. Etimologicamente, metáfora significa “transporte”, “mudança”, “trânsito”, porque se transpõe um termo para um campo de significado que lhe é alheio, uma “transferência de significado” que consiste em dar a uma coisa um nome que pertence a uma outra coisa. Portanto, Aristóteles utilizava o termo metáfora de maneiras diferentes na sua Retórica e Poética.

Texto: Édio Martins ⁄ Fotos: Arquivo F&N

A metáfora é classificada como tropo, isto é, um “desvio”, o “emprego de palavra ou expressão em sentido figurado”. Assim sendo, metáfora consiste na transferência de uma palavra para um âmbito semântico que não é o objecto que ela designa, e que se fundamenta numa relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e figurado.

A metáfora é empregue por várias razões e serve para diversas finalidades. O seu emprego pode ser semântico, estilístico, simbólico ou inovador. O seu uso semântico realiza-se por falta de outras palavras (o fenómeno ou a situação não possuem um termo próprio) ou para reforçar o termo próprio (que não tem a conotação desejada). Como elemento estilístico, a metáfora é usada para evitar a repetição do termo próprio. Na sua função simbólica serve para fazer comparações palpáveis ou direccionar a atenção para o significante. Em outros casos, o uso da metáfora simplesmente representa uma provocação para buscar novidades e encaminhar perspectivas e pensamentos diferentes.

Apesar do poder das metáforas como figuras de linguagens, o seu uso também contém perigos. Uma metáfora pode se tornar trivial e estéril ou apenas consegue fornecer uma certa perspectiva sobre o seu objecto, que precisaria ser complementada por outras expressões ou metáforas.

Metáforas, espaço e geografia. Alguns geógrafos afirmam que a natureza das metáforas na geografia ainda não tem sido devidamente explorada. Há autores que alegam que o processo metafórico que se encontra na base da imaginação e do pensamento humanos não é claramente conhecido. Outros observam que muito embora as metáforas sejam fenómenos linguísticos e constituintes ubíquos da criatividade estética e cognitiva, pouco tem sido articulado a respeito do papel das metáforas no desenvolvimento da epistemologia geográfica e sobre as suas propriedades, o seu uso, as suas fraquezas e os pontos fortes.

Sob uma perspectiva humanística, metáforas tocam um nível mais profundo da compreensão do que um ‘paradigma’ porque apontam para o processo de aprendizagem e descoberta – para aqueles pulos analógicos do familiar para o não familiar que animam a imaginação e emoção, bem como o intelecto.

Junto com as analogias, as metáforas exercem um papel central em todos os ramos do pensamento e da comunicação na geografia e são concebidas como “pensamento analógico”: um processo que sustenta a criação e expressão de ideias e que se baseia nas afirmações e relações entre dois conceitos. Distinguem-se entre duas formas de pensamento analógico: a analogia e a metáfora. A primeira (analogia) quer dizer A é como B, isto é, o autor precisa definir as maneiras explícitas e particulares em que essa relação se realiza. Por consequência, a imaginação é limitada através de parâmetros de afirmação e relações claramente especificadas. A metáfora, por sua vez, tem como premissa uma relação implícita e não articulada: A é B. Nela, cede todo o espaço para a imaginação para revelar o significado do “é” na relação, o que resulta em conotações, associações e interpretações figurativas.

Enquanto a analogia se utiliza de modelos em busca da explanação, a metáfora gera imagens para a expressão (tabela 1).

O uso de metáforas na geografia representa um tema muito complexo e abrangente e se manifesta de várias maneiras. Tal uso manifesta-se tanto na Geografia Física como na Geografia Humana. Fala-se da “face” da Terra, do “olho” do furacão, do “perfil” topográfico ou da cidade como “organismo”, para criar uma imagem bem compreensível ao estabelecer uma analogia com partes da anatomia humana.

A paisagem torna-se um texto, teatro ou espectáculo, enquanto a escala geográfica pode ser vista como escada, um modelo de círculos concêntricos, bonecas de encaixe da Rússia (matryoshkas), ou raízes de uma árvore. Para falar dos tempos pós-modernos, fez-se presente uma “retórica da mobilidade” (nomadismo, viagem, flaneur, etc.) enquanto “margem”, “periferia”, “exílio” e fronteira aludem às complexas redes e territorialidades do espaço geográfico.

De onde vêm todas essas metáforas? A sua inspiração inicial não vem do mundo do devaneio, mas baseia-se na observação do próprio espaço. Ao fornecer as imagens para a nossa imaginação, o espaço torna-se o mediador entre a experiência e a expressão.

Em resumo: só podemos mesmo pensar e imaginar mediante imagens do espaço, assim o espaço será o referencial ulterior de todas as linguagens.

São muitos os pensadores, de vários domínios científicos, que alertam para a espacialidade atrás de toda essa linguagem. Para eles, haverá um “contexto espacial” físico e simbólico em todos os conceitos que utilizamos para representar a realidade e em torno dos quais constituímos as diferentes ciências sociais e as suas especializações. Apesar de todo esse entusiasmo a respeito do potencial das metáforas como formadores poderosos de como compreendemos as coisas, precisam ser feitas algumas ressalvas. Metáforas não são representações “mais precisas” da realidade, mas apenas expressões usadas para tentar compreender um determinado fenómeno. Isso significa que o uso de diferentes metáforas para descrever o mundo não resulta na mudança do mundo, mas apenas muda as maneiras em que nos engajamos com o mundo.

Metáforas têm o poder de despertar ideias adormecidas, de provocar relações novas e, não por último, de mobilizar para a acção. À medida que as metáforas ajudam a compreender alguns aspectos do mundo, elas também escondem informações: uma paisagem, por exemplo, pode parecer tão “desarrumada” e “desorganizada” como um livro cujas páginas estão faltando, são rasgadas ou manchadas – um livro cujo exemplar tem sido editado e re-editado por pessoas com uma caligrafia ilegível. Ao mesmo tempo, a paisagem não se restringe aos elementos visíveis, mas também carrega significados simbólicos atrás dos quais as concretizações físicas do poder se escondem.

 Cartografias, mapas e mapeamentos. Trabalhos sobre metáforas na geografia existem em abundância. Embora os textos científicos em geral não discutam o tema, eles servem como “amostras” de como as metáforas são usadas na geografia.

Como exemplo compreensível (para os geógrafos e não só), será apresentado o possível uso das metáforas espaciais que giram em torno da cartografia: mapas, mapeamentos e os três princípios da cartografia: escala, projeção e simbologia.

Alguns autores defendem a aplicação dessas metáforas nas pesquisas humanas e a transferência dos princípios cartográficos para analisar os sistemas de direito de vários países, realizando uma “sociologia cartográfica” ou “cartografia simbólica” para demonstrar as virtualidades analíticas e teóricas de uma abordagem sociológica que tome por matriz de referência a construção e representação do espaço.

Outros alertam pela gama de significados e pelo alcance metafórico do mapa e dos mapeamentos que geram teias de significados bem além dos confins do simbolismo real e do imperialismo territorial. O mapeamento, neste sentido, não se reduz aos levantamentos topográficos e geodésicos, mas pode ser igualmente espiritual, político ou moral e incluir o que é lembrado, imaginado e contemplado. Desta maneira, o mundo figurado através do mapeamento assim pode ser material ou imaterial, existente ou desejado, inteiro ou em partes, experimentado, lembrado ou projectado em várias maneiras.

Mapas como ferramentas de análise metafóricas na geografia só podem desenvolver o seu potencial se a Cartografia for compreendida além do seu modelo normativo com base na “ética da exatidão” e na vigilância dos órgãos supervisores que declaram o espaço geométrico como única representação verdadeira da realidade. Os mapas, de facto, contêm agendas escondidas e exigem leituras “entre as suas linhas”. Enquanto isso, o papel do cartógrafo parece ser o de convencer o leitor que um mosaico de pontos, linhas e áreas em uma folha plana de papel é equivalente a um mundo multidimensional no espaço e no tempo. A leitura de mapas exige imaginação, e o leitor precisa ir além da presença física da tinta no papel no caminho para os referentes dos símbolos do mundo real.

Mapas podem ser concebidos como distorções reguladas da realidade, distorções organizadas de territórios que criam ilusões de correspondência, obedecendo a três mecanismos de distorção: escala, projeção e simbologia.

A escala pode ser vista como uma estratégia de aproximação do real que inclui tanto a inseparabilidade entre tamanho e fenómeno (…) como a complexidade dos fenómenos e a impossibilidade de apreendê-los directamente. Ao mesmo tempo, a escala define o grau de pormenorização no mapa: uma planta urbana (escala grande) mostra cercas, contornos de casas e até árvores enquanto um mapa de um país se restringe a limites administrativos, a fronteiras internacionais e à localização das principais cidades em forma de círculos e quadrados simbólicos. Através da escala podem ser criadas realidades diferentes do mesmo espaço.

As projecções cartográficas são responsáveis pela criação de determinadas visões do mundo. A transferência das informações sobre a esfera terrestre para o plano (o mapa) implica distorções. Trata-se, portanto, de distorções “controladas”, já que cada tipo de projecção resulta em uma representação na qual as formas e o grau de distorção são definidos conforme regras conhecidas e precisas. Através das projecções, as mesmas regiões podem parecer totalmente diferentes: por exemplo, devido ao uso da projecção cilíndrica de Mercator, a Groenlândia parece ter o tamanho do Brasil, embora seja quatro vezes menor. Outro problema é que o mapa sempre está centrado em um determinado ponto, isto é, a projecção cria centros e periferias com graus de distorção diferenciados.

A simbologia é condicionada pela escala e projecção. Os símbolos gráficos usados para representar fenómenos mudam conforme a escala. De certa forma, a linguagem cartográfica é um discurso para expressar as informações espaciais. Por um lado, ela permite descrições supostamente objectivas que se baseiam numa espécie de “gramática cartográfica” (convenções e padronização dos símbolos), mas, por outro lado, também deixa espaço para a interpretação do não-dito, dos “panos de fundo” e da ambiguidade dos sentidos. Igual à linguagem verbal, a linguagem cartográfica reflete uma divisão entre o denotativo e o conotativo, entre o conceitual e o simbólico, entre a analogia e a metáfora.

Essa “cartografia simbólica” baseia-se em representações sociais que, no contexto deste artigo, são definidas como construções mentais, por nós elaboradas a partir do real, que objetivam a interpretação e reelaboração desse próprio real. (…) É através das trocas interpessoais, em particular através da fala, da linguagem que vai se dar a sua construção. Embora elas se manifestem através do discurso e das ações do sujeito, sofrem, na verdade, a influência das relações sociais e da realidade material, social e até mesmo ideal (no sentido imaginário), realidade sobre a qual também interferem.

Desta maneira, as várias formas das representações se manifestam como “mapas sociais” que, semelhante aos mapas cartográficos, estão mostrando mecanismos (escala, projeção e simbologia) para representar e distorcer a realidade. A aplicação desse método analítico pode ser feita nas mais diversas áreas como, por exemplo, na religião, na educação, na saúde, no movimento sindicalista ou no sistema de direito. Um “cartógrafo social”, neste contexto, deve levar um critério, um princípio, uma regra e um breve roteiro de preocupações no bolso que ele vai definindo e redefinindo para si constantemente.

Em seguida, será exemplificado como esses três princípios cartográficos podem ser uma ferramenta de análise para a geografia. Como base para essa ilustração foi escolhido o esquema dos agentes produtores e consumidores do espaço.

Em vez de falar de um mercado invisível ou processos aleatórios actuando sobre o espaço abstrato, chamamos à atenção pelos agentes modificadores do espaço: os proprietários dos meios de produção e industriais, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos e suas estratégias e acções no enredo da geografia urbana.

A tabela 2 sintetiza o comportamento de cada grupo conforme a escala, projecção e simbologia. Cada agente produtor e consumidor desenvolve as suas estratégias conforme a escala, a projeção da realidade e da simbologia, o que se reflete em visões do espaço diferentes e muitas vezes não (re)conciliáveis. Enquanto o poder político (Estado, Administração Local…) possui uma ideia mais generalizada do espaço (uma geografia sem agentes sociais) sem se preocupar com as necessidades individuais da população, os moradores de bairros degradados e de génese ilegal prendem-se nos detalhes sem compreender os sofisticados mecanismos da estrutura política. Industriais e promotores imobiliários centram a sua visão do espaço na produção e na venda (visando o lucro). O Estado e a administração local, por sua vez, insistem num conceito de cidade mais generalizado para justificar o planeamento urbano e procuram enfatizar os “cartões-postais” da cidade, escondendo ou omitindo os problemas dos bairros degradados e/ou ilegais cuja imagem é “homogeneizada”. Neste enredo de escalas e projecções, os movimentos sociais tentam criar uma “consciência dos marginalizados” pela sua posição periférica para fazer reivindicações junto ao poder público. A linguagem utilizada de cada agente manifesta-se nos seus discursos sobre o espaço que reflete os interesses políticos, económicos e sociais de cada um.

Esses “mapas sociais” não devem ser lidos separadamente, porque a produção e transformação do espaço urbano baseiam-se na interação e nos conflitos entre os agentes sob uma perspectiva multi-escalar. O objectivo dessas interpretações não é a análise dos diferentes espaços produzidos, mas as complexas e dinâmicas relações entre eles.

Este exemplo sobre o espaço urbano representa apenas um possível caminho e não se restringe às cidades. Conflitos em geral, sejam eles urbanos, étnicos, económicos, ambientais, políticos ou sociais, podem ser abordados através dessa “cartografia simbólica”. O registo e a interpretação desses “mapas sociais” até poderia incluir a representação cartográfica do espaço no seu sentido literal.-

“Cartografar” ou “mapear” a produção do espaço e dos interesses de cada agente também pode incluir os próprios mapas, sejam esses materiais ou mentais. Temos múltiplos exemplos: pesquisa a “etnografia do olhar” no conflito entre campesinos e o Estado sobre a exploração dos bancos de junco (totora) no Lago Titicaca no Peru. Cada grupo regista no seu mapa o que julga ser mais relevante e inclui ou exclui determinadas informações.

Esses mapas, por sua vez, são usados para a tomada de decisões e ainda reforçam as posições de cada grupo, revelando diferentes tradições em fazer, expor, ver e discutir mapas. Outros exemplos, em múltiplas realidades, seriam os mapas turísticos das cidades mais visitadas, como o Rio de Janeiro: as favelas aparecem como manchas verdes, transmitindo uma impressão neutra dos morros como se fossem áreas verdes ou parques. Esses mapeamentos, portanto, não devem ficar no domínio exclusivo das autoridades. As populações excluídas, por sua vez, poderiam realizar “contra-mapeamentos”, fornecer e articular a sua própria visão do espaço e questionar as “versões oficiais” dos órgãos de poder.

Considerações finais. Uma reflexão sobre metáforas na geografia não esgota os aspectos que precisam ser discutidos. Este artigo apenas tem como objectivo mostrar o potencial das metáforas para analisar o espaço. Escrever sobre metáforas, muitas vezes, resulta na utilização de um estilo igualmente mais metafórico: usam-se metáforas para falar de metáforas. A linguagem fria e objectiva da ciência, portanto, revela-se inadequada para lidar com a linguagem simbólica. Enquanto a academia exige clareza no estilo e expressão monossémica para não deixar dúvidas, a ambiguidade da linguagem simbólica não leva a certezas, mas desvenda diferentes ângulos e perspectivas. O objectivo não é a explanação, mas a compreensão.

Como qualquer outra ciência, a geografia não se desenvolve sem o uso de figuras de linguagem que representam conceitos abertos e elásticos que operam no limite entre o que já é conhecido e o novo. Esses conceitos, portanto, precisam ser articulados de uma maneira mais explícita. Metáforas e imagens parecem ser a única maneira possível de representar os fragmentos do mundo que (re)conhecemos, e “nossa filosofia e, sem dúvida, nossas geografias são reconstruções infinitas e re-apresentações do mesmo mundo, constantemente diferenciadas pela sua fabricação de significados.

Metáforas também são sujeitas a modismos e mudanças na geografia académica. De certa forma, a história da geografia pode ser lida como a sucessão de visões metafóricas, e uma tarefa para o geógrafo será investigar os contextos sociais, económicos e políticos responsáveis pelo surgimento, a sobrevivência, permanência, rejeição e desaparecimento de determinadas metáforas.

O uso de metáforas também pode resultar em uma codificação exagerada dos textos científicos que correriam o risco de ficarem cheios de modismo, trapaça verbal e o emprego acrítico de conceitos literários desnecessários. Em vez disso, há a necessidade de exorcizar o seu próprio estilo das tendências rococó encontrado na prosa modernista, e restabelecer o que pode passar de uma maneira de escrever “normal” e não afectada: a maneira de escrever que diz o que significa, nada mais e nada menos.

Metáforas também precisam superar a sua limitação académica e podem tornar-se ferramentas úteis na prática da organização e transformação do espaço, tudo isso para encontrar caminhos para prever lugares e situações nas quais as pessoas precisam de um diálogo para detectar, enfrentar e solucionar conflitos que se baseia nas diferentes visões do espaço que cada grupo social tem. Neste contexto, “cartografar” é a utilização de linguagens que não são veículos de “mensagem-e-salvação”, mas criações de mundos, tapetes voadores que promovem a transição para novos mundos e novas formas de geografia e história.

Afinal de contas, a identificação de algumas metáforas-chave que se sedimentaram na língua do dia-a-dia e na cultura de etnias e nações poderia levar-nos às nossas próprias raízes para aprender algo desse encontro com as nossas “terrae incognitae”.

Fazer metáforas não apenas equivale a perceber semelhanças, mas também diferenças.

Alguns Autores de referência: BUTTIMER, Anne; COSGROVE, Denis.; DOWNS, Roger M ; DUNCAN, James.; FOX, Jefferson.; GADE, Daniel W.; GUATTARI, Felix; ROLNIK, Suely; HARLEY, J. Brian.; HEROD, Andrew.; LAKOFF, George.; LIVINGSTONE, David N.; HARRISON, Richard T.; LYOTARD, Jean-François.; MUEHRCKE, Phillip C.; MUEHRCKE, Juliana; ORLOVE, Benjamin.; OSTROWER, Fayga.; PERKINS, Chris.; PELUSO, Nancy.; PRATT, G.; ROLNIK, Suely.; SEEMANN, Jorn.; TUAN. Yi-Fu.; WOODWARD, David; LEWIS, G. Malcolm. 

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