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De A a Z as incidências mais notáveis sobre a morte de José Eduardo dos Santos: OS (DES)ENTENDIMENTOS, AS EXÊQUIAS E AS HOMENAGENS

Escrito por figurasnegocios

ANGOLA- A notícia  da morte de José Eduardo dos Santos, ex-Presidente da República, ocorrida em Espanha, aos 8 de Julho passado, foi recebida com bastante comoção no país. O país inteiro rendeu a sua homenagem na medida do possível. Afinal, ele governou o país durante trinta e oito anos…

BARCELONA – Quis o destino que a capital do Reino de Espanha acolhesse José Eduardo dos Santos durante anos em tratamento médico e foi a partir de Barcelona onde se desenrolou um complicadíssimo processo de transladação dos seus restos mortais.

COMOÇÃO – O sentimento generalizado da população foi, de facto, envolvido por uma enorme comoção, mormente nos dias derradeiros das suas homenagens públicas.

DESESPERO – Há quem quis que as exéquias fossem realizadas depois das eleições; ou seja, para que ninguém, a partir  do facto tirasse aproveitamento político. Pelos vistos , isto não terá acontecido e a “viagem” do malogrado seguiu o seu percurso e o desespero acabou por não ter razões de ser…

EXÉQUIAS – O juiz Francisco Collado explica que só agora foi possível deliberar sobre a quem entregar os restos mortais do antigo presidente angolano.

FUNERAL – Teve lugar a 28 de Agosto, na capital angolana, mas no cômputo geral as exéquias começaram no dia 26.O funeral fica marcado também pela ausência das mediáticas filhas mais velhas do ex-presidente, a empresária Isabel dos Santos e a ex-deputada do MPLA, Tchizé dos Santos.

GOVERNO – foi até ao fim, conseguiu que a verdade fosse encontrada o mais rapidamente possível, pondo-se termo a um conflito sobre o local e data a enterrar José Eduardo dos Santos. Um conflito que durou tempo demais para não deixar de ser considerado uma “vergonha”…

HOMENAGEM – A colocação da urna no jazigo foi restrita aos familiares de José Eduardo dos Santos, ao Presidente da República, à Primeira-Dama, aos órgãos de soberania, à Comissão Multissetorial, ao Secretariado do Bureau Político do MPLA e aos membros de Conselho de Honra do MPLA. Vinte e uma salvas de canhão, sobrevoo honorífico de aeronaves da Força Aérea Nacional e manobras de embarcações da Marinha de Guerra Angolana, na Baía da Chicala tiveram lugar no dia 28 de Agosto.

IMPACIÊNCIA – Não foi algo que se pudesse “digerir” o facto de se ter instalado em Espanha o gravíssimo conflito de interesses entre o clã Dos Santos antes, durante e depois do falecimento do ex-Presidente. Enquanto se esperava pelo desenlace do caso que foi parar às barras da justiça espanhola, na sua Pátria notou-se ao longo do “processo” de translação dos seus restos mortais uma impaciência gritante, de tal ordem que alguns dos actores políticos, em plena campanha eleitoral, tentaram aproveitar-se do facto. Todo aquele impasse, no fundo, constituiu também um teste de nervos ao próprio governo.No final do imbróglio, saiu a ganhar o Estado, que se encarregou de tomar as rédeas do processo como lhe competia.

JUIZ – Decidiu entregar os restos do ex-presidente de Angola à sua viúva, argumentando  que Ana Paula dos Santos tem preferência sobre os filhos na disputa pelo cadáver e confirmou definitivamente a morte por causas naturais.”O relatório de 9 de Julho de 2022 estabelece o tipo de morte natural, causa de morte insuficiência cardiorrespiratória crónica agravada por uma infecção respiratória, cardiopatia isquémica crónica e fibrose pulmonar”, lê-se na decisão do juiz,Francisco Collado, (…) enviada   à Lusa.

LUANDA – a capital do país recebe  a urna contendo os   restos mortais de José Eduardo dos Santos , a viúva, os filhos do casal e outros membros da família. No Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro , a família foi recebida por uma delegação composta por vários membros do Executivo, entre os quais destacava-se o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, general Francisco Pereira Furtado, que esteve à frente da delegação que seguiu de perto o processo ligado à trasladação do corpo de Barcelona para Luanda.

MIRAMAR – Residência oficial de José Eduardo dos Santos. Uma Comissão Multissectorial, criada pelo Presidente da República, João Lourenço, revela que a cerimónia tenha início, às 7 horas, com a retirada da urna da residência do ex-estadista angolano, no bairro Miramar, com honras militares reduzidas, para a viatura fúnebre. O porta-voz da Comissão Multissectorial para a realização das exéquias, o ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, faz saber que, depois da residência,  começa o cortejo fúnebre, de marcha lenta, passando por algumas artérias da cidade de Luanda até chegar à Praça da República, que abre os portões ao público, às 6 horas.

NAÇÃO – Toda a sociedade, as forças políticas, as congregações religiosas de diferentes matizes estiveram bem representadas nas cerimónias de despedida do líder que ao longo dos seus trinta e oito anos de poder foi capaz de contar com elas nos momentos mais difíceis dos seus mandatos.

ORGANIZAÇÃO – Centenas  de dirigentes e ministros de diversos países estrangeiros e seus representantes estiveram também presentes em quase todos os momentos da hora da despedida, para demonstrar o seu respeito pelo ex-Chefe do Estado. A organização esteve à altura, destacando-se o facto de a Comissão Multissectorial criada cumpriu na íntegra o que esteve programado para as cerimónias fúnebres, estendendo o seu raio de acção a todas as províncias , onde também se registaram muitas homenagens.

PRAÇA DA REPÚBLICA – O cortejo fúnebre do ex- Presidente da República passou  pela rua Cónego Manuel das Neves, Eixo Viário (Largo do Ambiente), Avenida 4 de Fevereiro, também conhecida como Marginal. No Largo da Moeda,  Fortaleza até à Praça da República.

QUATRO – Foram quatro os  filhos de Dos Santos que imediatamente pediram  esclarecimentos à justiça espanhola sobre as circunstâncias da entrega do corpo do pai à viúva e da trasladação do cadáver para Angola, sem seu conhecimento prévio. No fim, perderam a causa.

RESTOS MORTAIS – Chegaram  a 20 de Agosto a Luanda e foram sepultados oito dias depois, exactamente no dia do seu nascimento: 28 de Agosto, altura em que faria 80 anos de idade..

SANTOS – Duas facções da família Dos Santos disputaram, na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, quem ficaria com a guarda do corpo de José Eduardo dos Santos. De um lado, estava Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opuseram à entrega dos restos mortais à ex-primeira-dama e foram contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições de 24 de Agosto para evitar aproveitamentos políticos.Do outro, estava a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que reivindicavam também o corpo e queriam que este fosse enterrado em Angola.

TCHIZÉ DOS SANTOS – (e irmãos) teriam apresentado em Julho uma queixa criminal relacionada com as circunstâncias da morte de José Eduardo dos Santos que incluía eventuais delitos de “omissão do dever de socorro” e de “revelação de segredos”.

UNIDADE – Jamais foi posta em causa a unidade nacional no momento de profundas divergências e divisões internas instaladas na família Dos Santos. Pelo contrário, a sociedade, na sua generalidade, pressentiu e desejou que o Estado resolveria as questões e José Eduardo dos Santos mereceria, sim, um funeral de Estado, reforçando assim a ideia de que, de facto, o povo soberano, perante dificuldades de todo o género, mantém-se sempre unido.

VINTE   – Segundo o  porta-voz da comissão multissectorial , Marcy Lopes,  para participar da cerimónia fúnebre do antigo Presidente da República, estiveram presentes mais de 20 delegações estrangeiras, representadas ao mais alto nível. Entre estas, continuou, constam delegações da Tanzânia, Cuba, República Árabe Saaraui Democrática, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, Zimbabwe, Portugal, Rwanda, Guiné Equatorial, Gabão, República Argelina Democrática e Popular e Namíbia.

ZÉ DU – Centenas de pessoas carinhosamente gritaram por este nome ao longo do trajecto que levou Zé Du, do Miramar à Praça da República, um sinal demonstrativo da sua proximidade longeva com o povo presente, principalmente na Marginal. Entretanto, dentro da Praça da República tal proximidade não foi notada… É que nas derradeiras cerimónias  encontravam-se  apenas Ana Paula dos Santos e os três filhos que teve em comum com o antigo chefe de Estado, bem como um outro filho, José Filomeno dos Santos “Zenu”. A ausência das mediáticas filhas mais velhas do ex-presidente,  Isabel dos Santos e Tchizé foi destacada e negativamente muito comentada…Pelo menos para os que se negam a compreender o que realmente se passou…

Com DN/Lusa/DW e J.A.


Josiane dos Santos, filha
“PAPÁ, AS TUAS LUTAS NÃO FORAM EM VÃO”

“É com o coração apertado e profunda tristeza, que hoje, como representante da família enlutada, estamos aqui todos presentes e unidos para prestarmos respeito ao nosso pai”
“Em nome da minha família, agradeço a todos os presentes que se juntaram a nós para celebrar a vida do grande homem que perdemos”
•”Os teus filhos levarão adiante o teu legado”
•”A saudade e a dor vêm em ondas, parte de mim se foi e não voltará”
•”Não deixarei que usem o teu nome em vão, em benefício próprio”
•”Papá, as tuas lutas não foram em vão”.


Adão de Almeida, Ministro de Estado da Casa Civil da Presidência da República
“O NOSSO RECONHECIMENTO É UNÂNIME E INQUESTIONÁVEL”

“Sob a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos, o País realizou muitas das suas mais estruturantes reformas nos domínios constitucional, político, económico e social. Foi no seu consulado que se operaram, por exemplo, a transição constitucional, a trasição para o multipartidarismo, a democracia pluralista e o estado de direito, a transição para a economia de mercado e a transição para a consagração e o reconhecimento dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos, de que destaco a abolição da pena de morte”

“Sob a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos,Angola reafirmou-se como um Estado forte e, por isso, respeitado, tendo desempenhado um importante papel para a paz e estabilidade do nosso continente”.

“Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, José Eduardo dos Santos conduziu o país nos momentos mais sombrios da nossa história; liderou os processos que nos conduziram a algumas das mais relevantes conquistas dos angolanos”

“Sob a sua liderança, mantivemos a soberania, a integridade territorial e a unidade nacional. Não só as mantivemos, como criamos as bases para que as actuais e as futuras gerações as assegurem para todo o sempre”

.”Com invulgar sagacidade e ímpar visão estratégica, o Presidente José Eduardo dos Santos conduziu Angola ao alcance das suas maiores conquistas: a paz e a reconciliação nacional, cujos frutos beneficiamos há vinte anos. O reconhecimento é unânime e inquestionável, razão por que o povo angolano o apelidou “arquitecto da paz”.

“As raízes da paz e da reconciliação nacional estão em cada um de nós; são profundas, são firmes e sustentam-se na ideia de “nem mais um tiro” As raízes da paz e da reconciliação nacional estão em cada um de nós; estão no coração do povio angolano. A nossa paz é eterna”

“Camarada Presidente José Eduardo dos Santos; somos peregrinos na terra. Nascemos e morremos. Começamos e terminamosContudo, o povo angolano aprendeu consigo que Angola é perene, Angola é eterna.Angola é muito mais do que a soma de todos nós.Angola é muito mais do que um conjunto de pessoas. Nós passamos, uns após os outros, mas a nossa Angola é eterna e será sempre eterna na medida em que consigamos , tal como ontem, sob a sua liderança, preservar todos os dias as suas maiores conquistas e a nossa identidade; valores que nos unem e nos conduzem a um destino comum. A isso chamamos Nação. Por isso, assegurar a perenidade da nossa independência da soberania nacional, da integridade territorial, da paz e da reconciliação nacional, da estabilidade e caminhar em direcção a um país próspero e de todos , é, não apenas fazer com que Angola seja perene, mas assegurar que o seu legado seja eterno”.


Roberto de Almeida, membro do B.P. do MPLA, deputado
“SABEREMOS ESTAR À ALTURA DA TUA HONRA E DO TEU EXEMPLO!”

“Chegou finalmente a hora da despedida. A mais difícil, aquela em que a pequenez da nossa existência se revela de modo ineludível. O povo angolano junta-se nesta hora de lancinante dor para o último adeus ao homem simples e firme; ao militante da primeira hora e ao estadista clarividente que foi José Eduardo dos Santos”.

“É a homenagem de todos nós que servimos Angola sob sua liderança e testemunhamos o seu corajoso caminho para nos legar a paz e os alicerces de uma reconciliação possível, necessária e natural entre irmãos”.

“Descrever quem foi o Presidente José Eduardo dos Santos não é, nem pode ser um empenho leve (…) dada a sua estrutura pluridimensional”.

“Emérito Presidente José Eduardo dos Santos; aqui estamos hoje, familiares, amigos, companheiros de longa data, cidadãos, o teu povo, a render profunda homenagem ao grande nacionalista , ao bom patriota que recordaremos para todo o sempre, ao líder exemplar que soubeste ser. Usaremos o teu legado de pacificador e timoneiro da reconciliação nacional. Saberemos estar à altura da tua honra, da tua vida e do teu exemplo.

Adeus Presidente amigo!

Adeus Zé Du”!

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