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NUNO GOMES NABIAM, POLÍTICO GUINEENSE O PRESIDENTE EMBALÓ ENGANOU-NOS

Escrito por figurasnegocios

Uma figura de destaque na oposição Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam falou com L’Observateur. Enquanto na capital senegalesa, o ex-primeiro-ministro e presidente da Aliança de Coalizão Patriotique Inclusive (API Cabaz Garandi) retorna, nesta entrevista exclusiva, à situação sócio-política em seu país, seu compromisso com uma solução definitiva para a crise de Casamance, entre outros assuntos.


P.: O senhor foi primeiro-ministro do presidente Embalo por vários anos antes de se tornar um dos seus oponentes ferozes. Arrepende-se de o apoiar?

Nuno Gomes Nabiam:- Não me arrependo de apoiá-lo porque nos aliamos em um projecto. Quando senti que ele traiu este projecto, retirei-me da aliança, como tantos outros actores políticos fizeram. Não foi a pessoa de Embalo que nos uniu, mas o projeto que tivemos para a Guiné-Bissau. Essa visão ainda existe e pretendemos alcançá-la sem Embalo. Este projecto é um trabalho colegial para uma visão de vinte anos. Mas, infelizmente, Embalo não cumpriu os compromissos e não teve capacidade para realizar o projecto. É mais uma decepção do que um arrependimento.

P.: Como vê a actual situação sociopolítica na Guiné-Bissau?

Hoje, a situação sócio-política é catastrófica na Guiné-Bissau. Há uma tensão muito séria. Desde a eleição de Embalo em 2019, a Guiné-Bissau vem passando por crises políticas implacáveis. E é Embalo o principal culpado, porque ele não respeita a Constituição ou as leis da terra. Criou divisões em todos os lugares, na administração, bem como dentro de partidos políticos. Portanto, a tensão é muito alta, mas continuamos a suportá-la para evitar que o país desça à violência novamente. Não precisamos mais de conflitos na Guiné- Bissau porque o país passou por muitos golpes. Era uma instabilidade permanente. Não queremos mais experimentar isso, mesmo que Embalo queira mergulhar o país de volta à instabilidade.

P.: Qual é a sua avaliação dos cinco anos do Presidente Embalo no comando do país?

Nuno Gomes Nabiam:- Candidatei-me ao Embalo em 2019 e investi-o para se tornar Presidente da República. Ele passou cinco anos no comando do país e seu mandato acabou desde 27 de Fevereiro de 2025. A Constituição fala de um mandato presidencial de cinco anos, nem mais nem menos. Então, para nós, Embalo é um ex-presidente e ele tem que organizar eleições de acordo com a Constituição. Como ele sabe que não pode ganhar, ele está a fazer um dilatório para estender seu mandato, mas não é preciso ser advogado e advogado para interpretar um mandato de cinco anos definido pelo artigo 66° da Constituição. Gostaria de lembrar que ele normalmente realizaria eleições três meses após o final do seu mandato (em Junho de 2025), desde que o seu mandato terminou em Fevereiro de 2025, de acordo com a Constituição.

Como resultado, seu histórico hoje pode ser resumido em quatro pontos: instabilidade política, atraso, divisão da sociedade política na Guiné-Bissau, desperdiçando nossos escassos recursos financeiros com as suas viagens caras que não trouxeram nada para o nosso país. Acrescentarei a esta faculdade que ele tem que retirar, o que para um Presidente da República é inadmissível. E Embalo sabe perfeitamente bem que, ao votar contra essas coalizões, perderá todas as eleições (Presidencial e Legislativo). E hoje, estamos numa dinâmica de ter uma única coalizão para lidar com o Embalo. Diante dessa dinâmica, tudo o que ela pode fazer é criar instabilidade para que ela possa roubar eleições e se declarar o vencedor. Ele criou um exército paralelo, ele dissolveu a Assembleia Nacional, ele colocou seus parentes em ministérios e serviços estratégicos para que ele pudesse continuar a controlar a Guiné-Bissau. Ele quer forçar, mas estamos bem preparados e não permitiremos isso a ele. Queremos paz e estabilidade na Guiné-Bissau, razão pela qual apelamos à CEDEAO e à comunidade internacional para que supervisionem adequadamente as próximas eleições. Eles são um ponto de virada para a Guiné-Bissau, que precisa recuperar sua paz e estabilidade.

As recentes eleições parlamentares, que a oposição ganhou em grande parte, deram um forte sinal de qual será a próxima eleição presidencial. Embalo não tem chance, mesmo a menor, de ganhar na menor assembleia de voto em Bissau. Então, sim, estamos confiantes e, acima de tudo, estamos a trabalhar para eleições pacíficas e transparentes. Nosso papel hoje não é exacerbar a situação política através de convites à greve, manifestações ou dias mortos. Nosso país há muito sofre com isso. Então a nossa palavra de ordem é: Paz.

 O Observador no 6449

Ele controla tudo, faz tudo o que quer sem se preocupar com o bem-estar da população. Temos um ditador chamado Embalo, que corre o risco de mergulhar a Guiné-Bissau na instabilidade. E se a CEDEAO não reagir e permitir, a Guiné corre o risco de cair na violência.

P.: Recentemente, uma missão da CEDEAO foi rejeitada pelo presidente Embalo. Que leitura fazes disto?

Nuno Gomes Nabiam:-Isso mostra que a tensão é real no país, mas também a falta de serenidade do Embalo. É lamentável que Embalo, que liderou a CEDEAO no passado, se comporte assim. Sua atitude em relação à missão da CEDEAO é desumana e indigna de um chefe de Estado. Não se pode tratar os missionários da CEDEAO dessa maneira.

Isso é inaceitável. Lamentamos este incidente, mas continuamos a pedir à CEDEAO e à União Africana que continuem as suas missões porque a Guiné-Bissau precisa de ser assistida.

P.: O senhor acha que, após este incidente, a CEDEAO poderá continuar a garantir plenamente seu papel para uma eleição livre e transparente?

Nuno Gomes Nabiam:- A credibilidade da instituição sub-regional está em jogo. A CEDEAO deve, portanto, assumir suas responsabilidades. Mas acreditamos que a CEDEAO continuará a cumprir sua missão, por ser uma organização grande e bem estruturada, que tem todas as habilidades para gerenciar essa situação.

P.: A Guiné-Bissau é inevitável na resolução da crise de Casamance. Quais são os seus compromissos com um regresso definitivo da paz nesta parte do Senegal?

Nuno Gomes Nabiam:- Senegal e Guiné-Bissau são dois seres em um corpo. Somos irmãos, pais. Somos um povo. A situação em Casamance diz respeito a todos nós. Portanto, esta questão é muito séria e precisa ser tratada com muita vontade e compromisso em todos os níveis. Congratulamo-nos com todos os passos que foram dados para encontrar uma solução definitiva. É uma crise que durou muito tempo e, para resolvê-la, é preciso entendê-la.

É por isso que não precisamos de propaganda política para consertá-la. O meu firme empenho e o meu desejo infalível de que a crise de Casamance seja finalmente resolvida serão consagrados no meu programa.

E estou convencido de que, com as actuais autoridades do Senegal, é possível uma solução definitiva. Se eu chegasse à frente do país, eu pessoalmente me comprometeria, com o envolvimento de todas as partes, a uma paz definitiva em Casamance. Não precisamos mais de violência nessa área.

P.: Qual é a sua relação com os actuais detentores do poder no Senegal?

Nuno Gomes Nabiam:- Tenho uma relação muito boa com o Presidente Diomaye e o seu Primeiro-Ministro, Ousmane Sonko. Desejo-lhes todo o sucesso à frente do Senegal e exorto-os a reforçar as relações entre Dakar e Bissau. Guiné-Bissau precisa do Senegal, pois o Senegal precisa da Guiné-Bissau. Devemos, portanto, continuar a trabalhar juntos para fortalecer as relações entre os dois países. Porque o que toca Bissau toca Dakar, são dois seres em um corpo.

FALOU FAYE

Muito sério. Ele havia anunciado solenemente que não concorreria à presidência e, uma semana depois, declarou que era candidato. Não é apenas desengajar, mas também dar um golpe na palavra presidencial e na instituição. O povo de Bissau não merece isso.

P.: Como a oposição bissau-guineense se organizará para enfrentar o presidente Embalo?

Nuno Gomes Nabiam:- Existem três grandes coalizões hoje na Guiné-Bissau. A Plataforma Republicana liderada pelo Presidente Embalo, a Coalizão Parlamentar da Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka) composta pelo PAIGC e outros partidos, e a Aliança Patriótica Inclusiva (API Cabaz Garandi) que eu lidero. Mas, de acordo com os últimos resultados das eleições parlamentares, as duas coalizões, juntamente com a API Cabaz Garandi e a PAI Terra Ranka, representam mais de 80% dos votos.

P.: Quais são as consequências de uma nova instabilidade política na Guiné-Bissau?

Nuno Gomes Nabiam:- Embalo dissolveu a Assembleia Nacional pela segunda vez, depois de apenas quatro meses de legislatura, o que é contrário à Constituição, que diz que o presidente só pode dissolver a Assembleia 12 meses após sua instalação. No Senegal, quando o presidente Bassirou Diomaye Faye queria dissolver a Assembleia Nacional, ele cumpriu a Constituição Senegalesa, até o final do mandato de dois anos. O que Embalo fez é inexplicável, ele se comporta como um ditador. A Guiné-Bissau já não tem um parlamento para controlar o Executivo. É ele quem coordena todas as actividades do governo, mesmo para pagar uma conta de 500.000 FCFA, os ministros precisam enviar-lhe uma mensagem para que ela valide. Guy Marius Sagna denuncia violação da Constituição da Guiné-Bissau. Ele não permaneceu insensível à actual situação sócio-política na Guiné-Bissau. Em sua página no Facebook, o activista e deputado Guy Marius Sagna denuncia a violação da Constituição da Guiné-Bissau.

Guy Marius Sagna: “O adiamento da eleição presidencial na Guiné-Bissau pelo presidente Umaro Sissoco Embaló é uma violação da Constituição da Guiné-Bissau. A dissolução da Assembleia Nacional da Guiné- Bissau é outra violação da Constituição. Lutei no Senegal contra duas tentativas de terceiro mandato e contra o adiamento da eleição presidencial por Macky Sall. Só posso denunciar o golpe constitucional que vem acontecendo na Guiné-Bissau há vários meses e a repressão das forças que se opõem a ele. Eleição agora!

Respeitar a Constituição! (Eleição agora! Respeite a Constituição!).

F. FAY

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