A melhoria no tratamento dos resíduos sólidos continua a ser das principais metas do Ministério do Ambiente, disse há dias, em Luanda, a titular da pasta, por ocasião a Conferência Nacional dos Resíduos, que decorreu sob o lema “Reutilizar o passado, reciclar o presente e salvar o futuro”.
Por: Manuela Gomes / Fotos: Arquivo F&N
Para Ana Paula de Carvalho, a falta de um aterro sanitário qualificado tem sido um problema, pois “o que temos são, apenas, alguns iniciados e um espaço adequado precisa ter, também, um centro de valorização de resíduos”.
Na zona dos Mulenvos, em Viana, referiu, há um aterro sanitário, com as células revestidas, que não permitem a contaminação dos solos. “No local existe ainda a lagoa dos lixiviados, que precisa de um tratamento digno, para ser anexada às linhas de água”.
A ministra adiantou que estão a construir, no Namibe, um aterro sanitário condigno, “que já tem duas células, sem uma lagoa de lixiviados, mas com um sistema de tratamento de resíduos, ligado a uma estação de tratamento de águas”. “Um terceiro está a ser feito na província do Huambo”, disse.
No momento, acrescentou, está em preparação um concurso de parceria público-privada, para a construção do aterro da província do Namibe que, actualmente possui, apenas, células de deposição de resíduos e uma estação de tratamento das águas resíduas. “Porém, há necessidade de ter um local para reutilização e reciclagem de resíduos, assim como centros de valorização ou separação selectiva”.
Nas outras províncias, avançou, vão ser realizadas, também, obras de construção de aterros sanitários paulatinamente. “Vamos começar a trabalhar naquelas de maior produção de resíduos, pois estes precisam ser tratados para não contaminarem os solos”, referiu.
A legislação angolana sobre o Ambiente, lembrou, precisa ser usada em aplicações práticas. “É preocupante o tratamento dado à questão dos resíduos a nível do país, porque a maior parte das províncias do país tem os resíduos acondicionados em lixeira a céu aberto”, disse.
Actualmente, salientou, existem em algumas províncias, iniciativas para execução de aterros sanitários. “Um local para ser considerado aterro sanitário tem de ter o buraco revestido com uma membrana geo-têxtil (reforço de estruturas de pavimentos e muros) e também ter o mecanismo para tratamento dos seus lixiviados (líquidos que provém dos resíduos)”.
Por outro lado, disse, constitui um dos maiores desafios do ministério, melhorar o tratamento dos chamados resíduos limpos, como papel, plástico, vidro e metal. “A meta é que estes tenham um procedimento diferenciado, com base na Estratégia Nacional para Educação Ambiental”.
Apesar disso, disse, já se registam algumas melhorias no tratamento dos resíduos e iniciativas privadas, para a valorização, reutilização e reciclagem dos resíduos. “Muitas pessoas têm nisso um emprego. Por isso, queremos dar uma ideia às pessoas de que o lixo pode ser um recurso, desde que bem aproveitado. Pois, até, os orgânicos podem ser transformados em adubos orgânicos utilizados, maioritariamente, na agricultura familiar e teremos desta forma menos resíduos a irem para o aterro”, explicou.
PROVÍNCIAS COM MAIOR PRODUÇÃO
A maior parte dos resíduos sólidos no país, sem precisar a quantidade, de acordo com a ministra, são produzidos em Luanda, seguida de Benguela. “Luanda por ser a que tem a maior população produz, em média, por pessoa, quase um kilo de resíduos/dia”.
Quanto ao lixo hospitalar, explicou, os mais perigosos deveriam ser incinerados, embora ainda não seja uma realidade concreta no país, as mudanças deveriam acontecer, pelo facto de algumas terem beneficiado de novas estruturas de saúde com incineradoras.
Consciencialização – A consciencialização do consumidor para solucionar os problemas que o país vive relacionados com os resíduos deve ser o principal objectivo para os próximos anos, disse a ministra do Ambiente.
O Executivo angolano, destacou, aprovou a estratégia de educação ambiental que deve atender a consciencialização como caminho para a prevenção da produção dos mesmos. A estratégia, referiu, prevê ainda o desenvolvimento de campanhas para apelar os cidadãos em relação ao impacto da acção humana sobre o ambiente, cujos efeitos tem impulsionado a economia verde, definida como aquela que resulta numa melhoria do bem-estar e da equidade social, reduzindo os riscos para o ambiente e a escassez ecológica.
“O investimento e a inovação deverão ser incentivados, sustentando, deste modo, o crescimento e favorecendo o aparecimento de novas oportunidades de negócios e de criação de emprego, com uma crescente utilização eficiente dos recursos”, reiterou.
In J.A.
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