Por Vítor Norinha
É uma excepção à regra. Os países que compõem o continente africano registam crescimentos acima da média mundial, diz o segurador de crédito francês Coface, embora no ranking do risco-país estejam mal classificados. De acordo com o recente documento intitulado Risk Review, o crescimento do Produto Interno Bruto em 2025 foi, em termos médios, de 4,1%, e a projeção para 2026 é de 4,2%. Ao mesmo tempo conjugaram-se fatores como os preços da alimentação e do petróleo e um dólar fraco, para conter a inflação, o que permitiu o alivio das contas externas da generalidade dos países africanos. Ainda assim, não é de excluir pressão ao nível das empresas exportadoras de hidrocarbonetos e diamantes, assim como sobre países com níveis elevados de endividamento. Por outro lado, em termos médios, a imposição de tarifas alfandegárias pelos EUA aos países africanos resultou em aumentos médios de 10 a 15%, com excepção de casos como a Argélia com mais 30%, a Líbia com 30%, a Tunísia com 25% e a África do Sul com 30%. Os analistas da Coface consideram que para o continente africano o impacto será contido, pois para muitos países as tarifas são reduzidas, enquanto a exportação de muitos minérios ficou isenta. Um outro país, o Gana, deverá finalizar a reestruturação da dívida pública no final deste ano. Este processo levou a uma contração da economia em 2022/23, mas com resultados a médio prazo, nomeadamente com o equilíbrio das contas públicas, controlo da inflação e a recomposição das reservas em moeda estrangeira do paaís.
Ainda em África, a Coface salienta a continuação de conflitos, com o ambiente político e social a manter-se precário, com destaque para países governados por juntas saídas de golpes de Estado, caso do Burkina Faso e do Níger, que mostram aumentos acentuados dos riscos enunciados.
O risco político mundial atingiu o nível mais elevado de sempre, inclusive superior ao período do Covid-19, segundo o Risk Review da Coface, e as insolvências estão a ser particularmente graves na Europa, com mais 11% em termos homólogos, e na Ásia-Pacífico, com mais 12%. A questão das tarifas aduaneiras agravou o risco-país em algumas regiões, sendo que a tarifa média imposta pelos EUA se situou nos 18%, o que contrasta com a tarifa de 2,5% na Administração Biden. A economia chinesa está a desacelerar e a zona euro tem um crescimento anémico. Em termos de classificações de risco-país, a Coface coloca no mesmo nível os dois países ibéricos com os EUA, ou seja, com um A2, enquanto aumenta o risco-país para França e Reino Unido. A Noruega tem a melhor classificação em termos de risco-país. A generalidade dos países africanos, têm um risco-país elevado, com alguns casos no nível “extremo”.
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