Os ratos, ratinhos e ratazanas sempre prosperaram em ambientes sujos: lixo, esgotos, terrenos baldios, quintais esquecidos, despensas e até telhados abandonados. O que isso nos diz? Que há uma natureza apropriada à sua existência— o lixo é o seu habitat.
Infelizmente, essa lógica também se aplica aos humanos.
Há indivíduos entre nós cuja essência é igualmente suja, moralmente falando. São pessoas que vivem da intriga, do jogo sujo, da manipulação constante.
Fazem da fofoca e da traição seu alimento diário. Gente sem estrutura moral, sem ética, mas com habilidades refinadas para se infiltrar nos centros de decisão.
O método dessas ratazanas humanas é simples, mas eficaz: conquistam a confiança de quem detém o poder e, uma vez inseridas nos corredores da autoridade, agem em benefício próprio. Falam em nome do poder, distorcem orientações superiores, envolvem terceiros e causam danos profundos, sem que haja o mínimo esforço de verificação por parte de quem os escuta. É um jogo de sombras — silencioso, sorrateiro, destrutivo.
São ingratas, as ratazanas. Esquecem-se de quem perdeu noites inteiras tentando ser útil. Quando chegam ao poder, quando são nomeadas, atacam quem as ajudou. Elas andam por aí, circulam livremente, espalhando o seu veneno.
É, na verdade, o jogo da máfia. E não apenas da máfia siciliana. A lógica da fidelidade aparente, da manipulação institucional, da destruição de reputações em nome de interesses ocultos. Em Angola, infelizmente, há figuras que jamais deveriam ter tido acesso a cargos de responsabilidade. Por mais
prestáveis que aparentem ser, acabam sempre por se revelar nocivas à colectividade.
Permitir que pessoas mal-formadas exerçam funções políticas é um risco gigantesco— e um erro crasso que se paga caro. Fingiam-se de apoiantes de JES, de amigos dos filhos. No fim do dia, foram eles que desconsideraram o líder clarividente.
Considero-me entre os poucos que procuram alertar o Presidente com base em factos verificáveis, situações que estão à vista de todos. E é exactamente por isso que me custa compreender o jogo de conspiração.
Quem critica com verdade, incomoda. Quem alerta com firmeza, assusta. Mas silenciar-se seria pior.
O que está em causa não é apenas uma disputa de bastidores. O que está em causa é a saúde moral do Estado.
Se não estivermos atentos às ratazanas que percorrem os corredores do poder, acabaremos por ver o edifício todo corroído — por dentro.
Aliás, o estágio de impopularidade que atingiu o Presidente da República JLO é, em grande parte, consequência da actuação das ratazanas.
É bom lembrar que, no tempo do Velho Zeca, quem tratava da articulação entre os interesses era Aldemiro e Kopelipa — ambos tinham hiper-responsabilidades institucionais. Não eram “pambaleiros” em busca da micha. A que ponto chegámos!
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