A notícia até parece boa uma primeira leitura. Falamos de duas doenças prevalecentes a nível mundial, com destaque para os EUA e para o continente africano: a diabetes e a obesidade.
O estudo da Allianz Trade intitulado “The weight is over: How treatments are reshaping pharma and beyond” revela que, a nível mundial, a venda de medicamentos utilizados para o combate à diabetes e à obesidade aumentaram e 4,5 mil milhões de euros em 2021 para uns incríveis 21,2 mil milhões de euros em 2023. Esta cifra irá progredir para os 92 mil milhões de euros em 2030.
No entanto, este valor que vai afetar os sistemas de previdência e segurança social de todos os países que têm um sistema nacional de saúde com proteção mínima, poderão ser reduzidos até 2035, revela o mesmo estudo. Os chamados medicamentos GLP-1, que são uma classe de medicamentos utilizados no tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade, terão um impacto significativo futuro nas indústrias alimentar, de seguros e na economia. O objetivo de um novo tipo de tratamentos e da possibilidade de uso de genéricos vai significar uma poupança de 3,3 mil milhões de euros se se conseguir reduzir o nível de incidência, caso da obesidade, para os valores de 2010.
A obesidade é uma doença que afeta a nível mundial, cerca de 16% da população adulta e, segundo o mesmo estudo, representa um dos maiores desafios globais de saúde pública. Há custos diretos anuais de 698 mil milhões de euros em termos mundiais. De realçar que dois terços dos custos com medicamentos paras a obesidade são suportados pelos EUA.
A introdução de medicamentos GLP-1 pode aliviar a pressão sobre os sistemas de pensões ao reduzirem o número de reformas precoces. Por outro lado, com aquele tipo de medicamentos que reduzem o apetite haverá um claro impacto na indústria alimentar, com uma ingestão média calórica a cair 20% a 30%. O mercado alimentar dos EUA será o mais afetado com perdas de vendas de 40 mil milhões de euros até 2035.
E como é que os preços irão descer com a Allianz Trade a estimar que os medicamentos GLP-1 possam cair até 50% até 2030?
Atualmente os líderes do mercado são a Novo Nordisk (Dinamarca) e a Eli Lily (Indiana, EUA), mas a concorrência vai intensificar-se nos próximos anos, sobretudo depois do Ozempic e da Wegovy registarem a expiração das patentes na China até 2026. Isso irá permitir a entrada de genéricos e medicamentos de composição muito semelhante, mas com preços mais baixos. Os analistas da Allianz Trade esperam que estes concorrentes capturem 50% a 70% do mercado no primeiro ano após o lançamento destes genéricos, o que se refletirá nas margens de lucro das multinacionais que hoje dominam o mercado.
Há ainda a questão da regulamentação que diversos governos estão a trabalhar para tornar os medicamentos para a diabetes e obesidade mais baratos, sobretudo nos EUA que pagam os medicamentos 3,5 vezes mais caro do que a Europa.
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