Entre as regiões emergentes no planeta, a América Latina é a que menos cresce. As previsões do segurador espanhol Crédito y Caución revelam que o crescimento esperado do Produto Interno Bruto (PIB) desta zona económica é de apenas 1,4% para este ano, podendo chegar aos 2,4% em 2025.
Relembramos que este nível de crescimento é superior à média da União Europeia mas não há comparação entre níveis de crescimento com anos anteriores, logo, a América Latina parte de níveis muito baixos. A culpa é dos juros elevados da Reserva Federal norte-americana (FED) que impacta de sobremaneira em todas as economias da região. E, embora, a FED tenha sinalizado recentemente a primeira descida em muitos anos, o nível médio continua elevado. O impacto dos juros nos EUA faz-se sentir a nível de taxas de câmbio e a nível de inflação. Por outro lado, há países que estão a ser alvo de fortes alterações nas políticas monetária e orçamental, caso da Argentina com a governação Milei, e as alterações climáticas com impacto nalgumas regiões, com destaque para o Brasil. Refere o segurador que “os riscos para estas modestas perspectivas são sobretudo descendentes”, destacando que o fenómeno meteorológico “El Nino” está a levar a perturbações cada vez mais frequentes na agricultura, nos transportes e no fornecimento energético, a que se soma uma crónica instabilidade institucional em alguns destes países.
Mais. Estruturalmente a América Latina com taxas de crescimento inferiores a outras regiões emergentes, tem investimentos consistentemente aquém de outras regiões emergentes, incluindo África, revela a mesma fonte. A generalidade das economais reflecte um clima de negócios adverso, incerteza institucional e problemas de segurança. Os não residentes estão a investir em sectores ligados à exploração de recursos naturais, o que é insuficiente para fazer crescer a economia. Aliás, o superciclo das commodities prejudicou grandes economias de países como a Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México, muito embora o Chile tenha conseguido amenizar esse efeito com políticas activas de investimento interno. A Argentina tem registado uma recuperação do rendimento per capita desde a pandemia Covid-19. Em contraste, o Brasil foi o país que demonstrou maior incapacidade para se ajustar. Os analistas referem que “o reforço da estabilidade institucional e a adopção de medidas que facilitem o investimento estrangeiro na economia local e estimulem as empresas locais a inovar e a aderir a cadeias de valor globais, serão fundamentais para aumentar a produtividade da região. A aplicação deste tipo de política explica a evolução económica positiva de alguns países da região, como a Costa Rica e a República Dominicana”.
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