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República Democrática do Congo: CIMEIRA DE LUANDA DECIDE CESSAR-FOGO E C.E.A. AMEAÇA USO DA FORÇA NA REGIÃO

Escrito por figurasnegocios

A mini-Cimeira sobre a paz e segurança na região leste da República Democrática do Congo decidiu a cessação das hostilidades a partir das 18:00 locais do passado dia 25 de Novembro. O encontro, que decorreu em Luanda, sob mediação do Presidente angolano, João Lourenço, na qualidade de mediador da União Africana (UA), decidiu também a “continuação do pleno desdobramento da força regional”, segundo um comunicado final da reunião.

Por: Siona Casimiro (Jornalista) / Fotos: Arquivo NET

O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, esteve ausente deste encontro e foi representado pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Vincent Biruta. O Presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, bem como o Presidente do Burundi, Évariste Ndayishimiye, e o antigo chefe de Estado do Quénia, Uhuru Kenyatta, convidados por João Lourenço, estiveram igualmente presentes na cimeira.

A situação da segurança na região leste da República Democrática do Congo foi o tema em discussão no encontro, ocasião em que os chefes de Estado “expressaram a sua preocupação relativamente ao agravamento da insegurança e das acções militares persistentes do M23”.

Segundo o comunicado final, os estadistas manifestaram-se igualmente preocupados com a aquisição pelo Movimento 23 de Março (M23) de armas cada vez mais sofisticadas e outros meios para realizar ataques contra as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) e a persistência de forças negativas e terroristas no leste da República Democrática do Congo.

A cimeira de Luanda decidiu pela cessação das hostilidades em geral, e em particular dos ataques do M23 contra as FARDC e a Monusco (missão de paz das Nações Unidas) a partir de  25 de Novembro de 2022, às 18:00 locais.

“Uso da força” –  Os sete países da CEA – Burundi, Quénia, Uganda, República Democrática do Congo, Ruanda, Sudão do Sul, Tanzânia – decidiram em Junho enviar uma força regional para estabilizar a zona oriental da RDCongo, que tem sido assolada pela violência há quase 30 anos.

No encontro de Luanda ficou também decidida a continuação do pleno desdobramento da força regional e a sua intervenção contra o M23, caso venha a recusar-se a cessar as hostilidades e retirar-se dos territórios ocupados. Este encontro decidiu igualmente a retirada do M23 das zonas ocupadas e o seu regresso às suas posições iniciais, de acordo com as conclusões da Reunião Extraordinária dos Chefes e Estado Maior das Forças Armadas da CEA.

Caso o M23 se recuse a “libertar todos os territórios” que actualmente ocupa, observa o comunicado, os chefes de Estado da CEA “orientarão a Força Regional a fazer o uso da força para induzi-los a render-se

“Inicialmente, o Quénia posicionará os seus contingentes em Goma e depois em Bunagana, Rutshuru e Kiwanja durante o desengajamento e a retirada do M23 para as suas posições iniciais de Sabinyo no lado da RDCongo para não mais ultrapassar a linha das aldeias de Bigega, Bugusa, Nyanbikona, Mbuzi, Rutsiro e Nkokwe”, lê-se no comunicado.

Caso o M23 se recuse a “libertar todos os territórios” que actualmente ocupa, observa o comunicado, os chefes de Estado da CEA “orientarão a Força Regional a fazer o uso da força para induzi-los a render-se”.

A criação de condições para a ocupação das zonas atualmente controladas pelo M23 pela Força Regional, com o apoio do Mecanismo de Verificação Ad-Hoc e a cessação de todo o apoio político-militar do M23 e a todos os outros grupos armados locais e estrangeiros que operam no leste da República Democrática do Congo fazem ainda parte das decisões.

Na nota aponta-se também a retoma do diálogo bilateral entre a RDCongo e o Ruanda tendo em vista a normalização das relações diplomáticas e o relançamento da cooperação, no prazo de dois meses após o fim das hostilidades.

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