O Presidente angolano, João Lourenço, esteve em Washington, onde participou na cimeira Estados Unidos/África. No encontro bilateral realizado entre os governos dos Estados Unidos da América e Angola, o Presidente angolano João Lourenço deu as boas-vindas a novos investidores norte-americanos.
O Presidente angolano foi recebido pelo secretário de Estado, Antony Blinken, numa reunião em que esteve também presente o secretário da Defesa, Lloyd Austin. No encontro bilateral realizado entre os governos dos Estados Unidos da América e Angola, no primeiro dia da Cimeira Estados Unidos-África, que decorreu em Washington, o Presidente angolano João Lourenço deu as boas-vindas aos investidores norte-americanos.
“Sejam bem-vindos a Angola”, declarou João Lourenço aos investidores norte-americanos, prosseguido que podem “investir em todos os domínios que sejam do seu interesse, praticamente sem excepção nenhuma. Não apenas no sector energético, como na exploração de recursos minerais, além do diamante”.
O Presidente João Lourenço disse, ainda, na reunião bilateral com o Secretário Estado Antony Blinken que o investimento americano é bem-vindo em Angola, e destacou as áreas da tecnologia, energias renováveis e transportes, revelando que depois da conclusão do novo aeroporto internacional de Luanda, Angola vai contar com novas aeronaves da companhia americana Boeing.
O presidente angolano referiu ainda a importância de algumas reformas que está a levar a cabo. “Quero referir a importância das reformas que estamos a fazer; reformas políticas, reformas económicas, no sentido de atrair investimento para interessar os investidores estrangeiros e em particular os americanos a investir em Angola. Já temos alguns casos de sucesso, sem falar do que estão a apostar no sector petrolífero, que já é tradicional há décadas. Há novos actores que começam a aventurar-se em outras áreas como a das telecomunicações, produção de energia solar”, explicou.
Por seu lado, Antony Blinken elogiou a governação de João Lourenço e o papel de Angola na mediação e conversações de paz sobre o conflito no leste da República Democrática do Congo. (RFI).
Joe Biden revela os cifrões para financiamento de projectos
“OS AFRICANOS PODEM CONTAR COM OS ESTADOS UNIDOS”
“Os africanos podem contar com os Estados Unidos”. Esta foi a mensagem do presidente Joe Biden no Fórum de Negócios que juntou dirigentes políticos e empresários, num dos muitos eventos da cimeira de Líderes que decorreu em Washington. O Presidente disse que o referido encontro realizado à margem da Cimeira EUA-África estimulou mais de 15 mil milhões de dólares para novos projectos em África.Entretanto,revelou que na reunião do G7, no início deste ano, “anunciamos a nossa intenção de mobilizar, colectivamente, 600 mil milhões (de dólares), nos próximos cinco anos”, revelou.
Joe Biden lembrou no discurso os projectos de centrais de energia solar em curso em Angola estão avaliados em dois mil milhões de dólares. Um tema que levou o presidente João Lourenço a partilhar a experiência angolana no painel da parceria para investimento em infraestruturas, programa que deverá contar com a maior dotação financeira.
Eis, a seguir, alguns valores financeiros anunciados por Joe Biden:
- 350 milhões de dólares, com vista a facilitar mais de meio mil milhão de dólares em financiamento para a participação de mais pessoas na economia digital.
- A Microsoft e a Viasat para garantir acesso à Internet a 5 milhões de africanos. Esta é uma parte do compromisso da Microsoft de levar a Internet a 100 milhões de pessoas em toda a África, até ao final do ano de 2025.
- A Cisco Systems e a Cybastion, empresas pertencentes à diáspora, estão a anunciar em conjunto 800 milhões de dólares em novos contratos para proteger os países africanos contra ameaças cibernéticas.
- A Visa compromete-se a colocar mais 1 mil milhão de dólares em África nos próximos cinco anos, para expandir ainda mais as operações no continente, incluindo o fornecimento de serviços de pagamento móvel para micro, pequenas e médias empresas em todo o continente.
- A General Electric e o Standard Bank fornecerão, juntos, 80 milhões de dólares para melhorar os serviços de saúde e fornecer acesso a equipamentos de saúde de ponta.
- Através da Millennium Challenge Corporation (MCC) assinou-se um primeiro acordo de transporte regional, com os Governos do Benin e do Níger que vai permitir um investimento de 500 milhões de dólares para construir e manter estradas.
- MCC anunciou investimentos de quase 1,2 mil milhões de dólares em África. “Esperamos que a MCC comprometa 2,5 mil milhões adicionais em toda a África, apenas nos próximos três anos, apoiando tudo, desde agricultura, a transporte e acesso à energia renovável”, previu Joe Biden.
- Mobilização de 8 mil milhões de dólares em financiamento público e privado, para ajudar a África do Sul a substituir usinas a carvão por fontes de energia renováveis e desenvolver soluções de energia de ponta como hidrogénio limpo.
- 370 milhões de dólares da Corporação Financeira dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional em novos projectos em África.Deste valor, 100 milhões de dólares servirão para aumentar a energia limpa para milhões de pessoas na África Subsaariana.
- 20 milhões para fornecer financiamento para fertilizantes com vista a aumentar as colheitas de pequenos agricultores, especialmente mulheres; e 10 milhões para apoiar pequenas e médias empresas que ajudam a levar água potável às comunidades em todo o continente.
Conferência da ONU sobre o Clima (COP27)
PAÍSES RICOS VÃO DESEMBRULHAR PACOTE DE USD 100 BILIÕES
A Conferência da ONU sobre o Clima (COP27) terminou recentemente em Sharm el-Sheikh, com a adopção de dois textos principais: uma declaração final e uma resolução sobre a compensação pelos danos causados pelas alterações climáticas sofridos por países vulneráveis. Neste “Destaque” sustentado por diversas fontes noticiosas, entre as quais a DW, Lusa, France Presse, G1 ou a RFI, damos conta do que se passou no evento que durante vários dias reuniu no Egipto mais de 100 chefes de Estado e de governo ou seus representantes.
Para a presidência egípcia da COP27, o saldo é positivo, considerando que os acordos alcançados cumprem o objectivo inicial de tornar Sharm el-Sheikh a “conferência de implementação”, disse o primeiro-ministro do Egipto, Sameh Shukri, no discurso de encerramento dos trabalhos. Contudo, para outros, o que foi alcançado ao fim de duas semanas de discursos e debates sabe a pouco.
“Copo meio cheio”- A resolução que aprovou a criação do fundo foi adoptada por unanimidade em assembleia plenária, seguida de aplausos, no final da conferência anual do clima da ONU. A resolução enfatiza a “necessidade imediata de recursos financeiros novos, adicionais, previsíveis e adequados para ajudar os países em desenvolvimento que são particularmente vulneráveis” aos impactos “económicos e não económicos” das alterações climáticas.
A Suíça lamentou que na conferência não tenham sido impostas obrigações aos principais emissores de gases com efeito de estufa, e o país garantiu que vai trabalhar para assegurar que contribuam adequadamente para a luta contra as alterações climáticas.
A África do Sul e o Paquistão elogiaram a aprovação do acordo de compensações. O Ministério do Ambiente sul-africano saudou os “progressos adicionais”, mas considera serem “necessárias mais acções urgentes para garantir o cumprimento das obrigações dos países desenvolvidos”.
Também no Twitter, o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, disse que o fundo é “um primeiro passo decisivo em direção ao objectivo da justiça climática”.
Do lado da França, a ministra da Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, elogiou o progresso conseguido para os países mais vulneráveis, mas lamentou “a falta de ambição climática” e não se ter avançado nos “esforços adicionais para reduzir os gases que provocam efeito de estufa nem em eliminar progressivamente os combustíveis fósseis”.
Na Alemanha, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, igualmente no Twitter, fala em “avanço” na justiça climática mas “frustração” nas emissões, um misto de “esperança e frustração”.
Já o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, elogiou “o progresso” feito mas defendeu que “é preciso fazer mais”. A mesma “falta de ambição” foi declarada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. “Precisamos de reduzir drasticamente as emissões [de gases com efeito de estufa] agora – e essa é uma questão a que esta COP não respondeu”, disse Guterres após a conferência sobre o clima.
Também o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, disse que as negociações ficaram aquém do necessário, realçando que foi dado “um passo muito curto para os habitantes do planeta”.
No discurso de encerramento dos trabalhos, Sameh Shukri puxou pelo lado positivo e salientou que as “longas e precisas consultas para aprovar um fundo de compensação por perdas e danos”.
A criação do fundo, disse, foi uma “conquista”, “depois de cerca de 27 anos de pedidos e reivindicações de países africanos e em desenvolvimento” nesse sentido.
FUNDO ACORDADO MAS FALTAM DETALHES
A execução do fundo será elaborada por uma comissão especial e depois adoptada na próxima COP28, no final de 2023, nos Emirados Árabes Unidos. A aprovação do fundo foi saudada por organizações não-governamentais (ONG) e países, tendo a associação ambientalista Greenpeace considerado que se trata de “uma pedra basilar” para apoiar países que “já estão a ser devastados” pela crise climática.
Várias organizações ambientalistas e a União Europeia valorizaram positivamente a criação do fundo para perdas e danos que foi estabelecido na cimeira, mas lamentaram que os objetivos de redução de emissões poluentes tenham ficado sem avanços significativos.
Algumas dessas organizações consideraram que o insucesso se deveu à influência de países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, aliada próxima do Egipto, que pressionaram para que o tema fosse retirado da agenda.
A 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas juntou no Egipto 112 chefes de Estado e de Governo.
Secretário-Geral da ONU
“O CAOS CLIMÁTICO É O DESAFIO CENTRAL DA NOSSA ERA”
Na Conferência do Clima da ONU, COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egipto, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu (…) um pacto entre países ricos e em desenvolvimento para evitar a catástrofe climática; nomes importantes para pauta também discursaram; Al Gore e Mia Mottley destacaram vontade política e investimento em perdas e danos.
António Guterres, propõe que entre os países ricos e em desenvolvimento exista um entendimento de capacidades e orientem o mundo para reduzir as emissões de carbono, transformem os sistemas energéticos e evitem a catástrofe climática.
Ele esteve na abertura da Cúpula de Implementação Climática, encontro de dois dias que reuniu mais de 100 líderes mundiais para a primeira plenária oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP27. Este ano, a reunião acontece em Sharm el-Sheikh, no Egipto.
Na sua mensagem, o chefe da ONU afirmou que “a humanidade tem uma escolha: cooperar ou perecer”. Para ele, é necessário estabelecer um “Pacto de Solidariedade Climática ou um Pacto de Suicídio Colectivo”.
O pacto proposto teria todos os países somando esforços adicionais para reduzir as emissões, nações mais ricas e instituições financeiras internacionais prestando assistência às economias emergentes, acabando com a dependência de combustíveis fósseis e a construção de usinas de carvão, fornecendo energia sustentável para todos e trabalhando em união para combinar estratégia e capacidades em benefício da humanidade.
Guterres afirmou que as duas maiores economias, Estados Unidos e China, “têm uma responsabilidade particular de unir esforços para tornar este Pacto uma realidade. “Esta é a nossa única esperança de cumprir nossas metas climáticas”, adicionou.
O chefe da ONU destacou que em breve o mundo atingirá a marca de oito bilhões de habitantes e esse marco coloca em perspectiva o que é a COP27. Guterres perguntou aos líderes como responderiam a essa geração quando forem perguntados “o que você fez pelo mundo e pelo planeta quando teve a chance?”.
Lembrando a todos os que estavam presentes que o tempo estava passando, com o planeta se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que podem tornar o “caos climático” irreversível, Guterres disse que “estamos em uma estrada para o inferno climático com o pé no acelerador”.
Ele acrescentou que, embora a guerra na Ucrânia e outros conflitos estejam causando mortes e violência, além de impactos dramáticos em todo o mundo, a ONU não pode aceitar que a atenção também não esteja focada nas mudanças climáticas.
“É a questão que define nossa era. É o desafio central do nosso século. É inaceitável, ultrajante e autodestrutivo colocá-lo em segundo plano”, ressaltou. O secretário-geral explicou que muitos dos conflitos de hoje estão ligados ao “crescente caos climático”.
Guterres explicou que a guerra na Ucrânia expôs os riscos profundos do “vício em combustíveis fósseis”. Para ele, as crises urgentes de hoje não podem ser uma desculpa para retrocessos ou greenwashing. “Pelo contrário, eles são uma razão para maior urgência, ação mais forte e responsabilidade efectiva”, destacou.
Tributar empresas petrolíferas – O líder das Nações Unidas pediu aos governos que tributem lucros inesperados causados pela pandemia de empresas de combustíveis fósseis e redirecionem o dinheiro para pessoas que lutam com o aumento dos preços de alimentos e energia, assim como para países que sofrem perdas e danos causados pela crise climática.
Guterres adicionou que “impactos mortais das mudanças climáticas estão aqui e agora”. Para ele, “perdas e danos não podem mais ser varridos para debaixo do tapete”.
Os Estados Unidos e China, “têm uma responsabilidade particular de unir esforços para tornar este Pacto uma realidade. (…) Esta é a nossa única esperança de cumprir nossas metas climáticas
Segundo o secretário-geral, este acerto “é um imperativo moral e uma questão fundamental de solidariedade internacional e justiça climática”. Ele seguiu afirmando que países que “menos contribuem para a crise climática estão colhendo o turbilhão semeado por outros”.
Para o secretário-geral, obter resultados concretos sobre perdas e danos é um “teste decisivo” do compromisso dos governos com o sucesso da COP27.
Mais financiamento – O S.G. da ONU também fez um apelo ao progresso na adaptação e na construção de resiliência às futuras perturbações climáticas, observando que três bilhões e meio de pessoas vivem em países altamente vulneráveis aos impactos climáticos. Isso significaria que os países cumpririam a promessa feita na COP26, de investir US$ 40 bilhões em apoio à adaptação até 2025.
“Precisamos de um roteiro sobre como isso será entregue. E devemos reconhecer que este é apenas um primeiro passo. As necessidades de adaptação devem crescer para mais de US$ 300 bilhões por ano até 2030”, alertou.
Uma coisa é certa: quem desiste com certeza vai perder. Então, vamos lutar juntos, e vamos vencer. Para os 8 bilhões de membros de nossa família humana, e para as próximas gerações
Guterres também destacou a necessidade de instituições financeiras e bancos internacionais mudarem seu modelo de negócios e fazerem sua parte.
Hora de união – António Guterres pediu que os países se unam para a implementação das acções e afirmou que “é hora de solidariedade internacional”. “Solidariedade que respeita todos os direitos humanos e garante um espaço seguro para os defensores do meio ambiente e todos os actores da sociedade contribuírem para nossa resposta climática. Não esqueçamos que a guerra contra a natureza é em si uma violação maciça dos direitos humanos”, ressaltou.
Guterres ressaltou que a luta climática global será vencida ou perdida nesta década crucial e sob a vigilância dos actuais líderes mundiais. “Uma coisa é certa: quem desiste, com certeza, vai perder. Então, vamos lutar juntos, e vamos vencer. Para os 8 bilhões de membros de nossa família humana, e para as próximas gerações”, concluiu.
Intervenções na Cúpula de Implementação
FALTA VONTADE POLÍTICA, FINANCIAMENTO E RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA
O presidente do Egipto, Abdel Fattah El-Sisi ressaltou que para superar a actual crise das mudanças climáticas e implementar os líderes do Acordo de Paris é preciso ir além das palavras.
Como anfitrião da COP 27, ele destacou que os olhos do mundo observaram os presentes no evento e estiveram em busca de “uma rápida implementação de acções genuinamente concretas para reduzir as emissões e reforçar a sua capacidade de se adaptar e garantir o financiamento necessário para os países em desenvolvimento que hoje sofrem mais do que outros.
El-Sisi pediu aos líderes a levarem em conta as prioridades do continente africano e a apoiarem o princípio de “responsabilidade compartilhada”, para inspirar confiança em sua capacidade de alcançar as metas climáticas.
O líder egípcio disse que havia grandes expectativas para a conferência de pessoas em todo o mundo e a COP27 deveria ser capaz de cumprir, inclusive respondendo a “perguntas espinhosas”.
No final de seu discurso, o presidente egípcio, falando de improviso, fez um apelo aberto aos líderes reunidos para pressionar pelo fim da guerra na Ucrânia, provocando uma ovação entre os participantes.
“Meu país não é um dos mais fortes economicamente, sofremos muito com o Covid-19 e estamos sofrendo mais uma vez por causa dessa guerra desnecessária. O mundo inteiro está sofrendo”, disse.
El-Sisi pediu aos líderes a levarem em conta as prioridades do continente africano e a apoiarem o princípio de “responsabilidade compartilhada”, para inspirar confiança em sua capacidade de alcançar as metas climáticas.
Imagens dizem mais que mil palavras – Um filme de 10 minutos, produzido pelo país anfitrião e projectado nas telas gigantes de 360° dentro da sala, foi um dos destaques do encontro desta segunda-feira. A produção utilizou o áudio de um poderoso poema detalhando as respostas que a antiga civilização egípcia usou para se adaptar às mudanças climáticas.
Um mapa do globo foi pontilhado com bandeiras vermelhas para mostrar os lugares que sofreram desastres apenas em 2022 – quase todo o mundo estava coberto. De Omã à França e do Brasil ao Sudão, imagens poderosas de destruição foram mostradas ao lado de testemunhos de partir o coração de vítimas das mudanças climáticas, incluindo crianças.
O vídeo também revelou que, sem uma acção climática real, locais icónicos como Alexandria, Osaka, Rio de Janeiro, Maldivas, Miami e Veneza poderiam simplesmente desaparecer.
No entanto, a produção terminou com uma nota de esperança, dizendo que o planeta continua nos dando chances para os governos fazerem mudanças, fazerem a transição para energias renováveis e consumirem de forma mais ética.
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