Uíge é apelidada como província do “Bago Vermelho”, fruto do estatuto que granjeou num passado recente através da produção em massa de café, produto este que era tido como uma das riquezas de Angola, mas a proclamação da independência, em 1975, mudou o curso desta realidade e, hoje, a região conta apenas com uma fábrica em estado de decadência, numa autêntica demonstração vergonhosa por continuar a ostentar esse slogan.
Por: Alfredo Dikwiza /Jeremias Kaboco / Fotos: Arquivo NET
“Bago Vermelho”, ficou apenas para o passado. A província perdeu-se no tempo e no espaço em reactivar a cadeia da cultura do cultivo de café, produto que já foi considero como “ouro negro de Angola”, que o diga, em 1970, período em que Angola alcançou o 3º lugar no raking mundial de um dos maiores produtores do café.
Naquele período, Angola produzia 225 mil toneladas, ano, boa parte deste produto era colhido nas grandes fazendas do Uíge, para isso, era considerado como bastião de café do país, aliás foi por conta da sua produção que é apelidada: “Bago Vermelho”. Nos dias actuais, a situação é irrisória: “quem te viu, quem te vê, café”.
Pelos vistos, a odisseia que Uíge granjeou naquele tempo, foi fruto de uma aposta séria neste sector do colono português, que começava por valorizar primeiro o produto “café”, os camponeses, fazendeiros de pequena e grande escala, melhoria das estradas secundárias e tercearias, bem como nas indústrias para tratamento do referido “ouro negro”.
O paradigma mudou tão logo o colono deixou o solo nacional, algumas fazendas substituíram a plantação de café em outras culturas, como bananal, mandioca, apenas para citar, por essa razão, a única indústria ainda em vida, existente no centro da cidade do Uíge, nas imediações do mercado municipal “Praça Grande”, que, tenta espalhar no ar o aroma do “tumbwaza”.
Com quase um século de funcionamento, algumas máquinas já não trabalham e as que estão operantes, é a meio gás, disseao Wizi-Kongo, o gerente da Sociedade Comercial e Industrial de Café do Uíge (SOICAFÉ), Daniel Mbalazau. Entretanto, a empresa tem como fundador Rimaga, nos anos 1930, tendo passado por um tempo sob gestão da Wizi-Mexe, associado da Bozo Angola e, em 2002, foi redimensionado para SOICAFÉ até os dias actuais.
A Wizi-Mexe, naquela altura, era a maior empresa que comprava e exportava o café a nível da região, apesar que, além desta fábrica, como disse, Daniel Mbalazau, existiam outras no Uíge, recordando como a do Café Tomboco e, disse que, há 21 anos na fábrica SOICAFÉ, nunca beneficiaram de apoios financeiros capaz de recuperar as máquinas e aumentar os níveis de produção do café.
Disse que a descasca é feita no INCA, mas a única fábrica que cuida da trituração à embalagem do café a nível do Uíge, é, a SOICAFÉ, que se encontra assegurada por dez (10) funcionários e, lamentou, a avaria do carro há cinco anos, empobrecendo ainda mais a fábrica, porque já não conseguem ir comprar o produto nas aldeias.
Neste momento, dispõem de dois tipos de café, em grão e em pó, mas a qualquer momento, Uíge ficará sem nenhuma fábrica de café, porque essa se encontra em estado de degradação avançado, avisou, Daniel Mbalazau, que, lembrou terem dirigido várias cartas as instituições bancarias, empresas públicas e privadas, mas sem sucesso, tendo, igualmente, lamentado que, nenhum governador titular chegou de visitar a fábrica nestes 21 anos sob responsabilidade da SOICAFÉ
Deixe um comentário