Reportagem

Dombe Grande: PROJECTO SALTO NA AGROINDÚSTRIA

Escrito por figurasnegocios

A vez de uma região com tudo para ser Grande Investida de um grupo empresarial mantém acesa chama da industrialização, com uma produção diversificada numa única unidade, cabendo ao Estado olhar para o ambiente de negócios. Energia, água e regularização do rio Coporolo são algumas das acções que podem agitar o sector privado.

Por: Marcos António ⁄ Fotos: Arquivo F&N

Dombe Grande viu, finalmente, descartada a recuperação da Açucareira 4 de Fevereiro, outrora referência de um parque industrial em alta, mas continua com os ares do processo de transformação da matéria-prima saída dos campos agrícolas, como sugere a perspectiva de arranque, ainda sem data, da fábrica de massa-tomate que custou ao Estado largos milhões de dólares norte-americanos.

A unidade, alienada ao Grupo Adérito Areias no âmbito do Programa de Privatizações (PROPRIV), entra em funcionamento a produzir também sumos e latas para conserva de outros produtos.

O novo proprietário já só aguarda por um equipamento que vai fazer face à pilhagem verificada enquanto a fábrica esteve votada ao abandono.

Observadores ouvidos depois de uma visita efectuada pelo governador provincial, Manuel Nunes Júnior, disseram que o Dombe, agora elevado à categoria de município, ao abrigo da Divisão Política e Administrativa, tem tudo para ser Grande, mormente no domínio agroindustrial.

Ciente de que a produção da matéria-prima, com altos e baixos, por força dos custos e das pragas que arrasam a cultura, não cobre a capacidade ali instalada, o Grupo Adérito Areias (GAA) optou por juntar os sumos e as latas à massa-tomate.

Em situação normal, segundo dados recolhidos pela Revista Figuras & Negócios, seriam necessárias mais de cem toneladas de tomate por dia, mas neste contexto de descontinuidade serão 30 toneladas diárias.

Será com uma dimensão menor no processamento de tomate, é certo, mas com os sumos, extraídos preferencialmente do ananás, da manga e dos citrinos, e das latas para outros sectores da indústria, numa linha de 60 unidades por minuto.

O GAA, que desembolsou 311 milhões de Kwanzas pela fábrica, prevê que a linha de processamento do tomate garanta, numa fase inicial, entre três e cinco toleradas por hora.

Outro objectivo, contando com todas as culturas, é incentivar a actividade dos camponeses numa região anteriormente dominada pela cana-de-açúcar, a matéria-prima para aquela que foi a referência na indústria (Açucareira).

O Grupo Carrinho vai, ao abrigo de um protocolo, adquirir ali as latas para o leite condensado do seu complexo industrial, deixando ou reduzindo as importações.

Entreposto frigorífico, com nave industrial, e três câmaras de conservação são algumas das componentes da fábrica de processamento de tomate, capaz de conservar sementes e fertilizantes a uma temperatura satisfatória para o cultivo.

O velho dilema do Coporolo  –  Já se sabia, mesmo antes do debate em torno da DPA, que só com uma agricultura forte o Dombe Grande, antes uma comuna da Baía Farta, pode prosperar.

Houve diversificação de culturas, mas a passagem da cana-de-açúcar para o tomate, cebola, milho e frutas não teve o acompanhamento esperado pelos homens do campo. Não apenas em relação aos problemas do país, como a falta de logística (sementes e fertilizantes) ou o escoamento.

O entrave, já com várias décadas de existência, está no conhecido rio Coporolo, que destrói milhares de hectares em casos de transbordo.

O governador Manuel Nunes espera que os novos municípios ganhem autonomia, mas nem isso, para o Dombe Grande, pode significar a regularização do rio, conforme alertam os agricultores.

Trata-se, pois, de um projecto de subordinação central, extensivo aos rios Cavaco e Catumbela.

Portanto, fica a expectativa, principalmente devido à falta de energia, de que a ascensão do Dombe volte a colocar na agenda do Executivo a construção de uma barragem hidroelétrica, um empreendimento capaz de gerar electricidade e irrigar campos agrícolas.

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