Moda & Beleza

A arte dos tecidos, das cores e do movimento – O CALOR DO ABRAÇO QUENTE DE ANGOLA

Escrito por figurasnegocios

Após um ano, é com enorme prazer que volto a partilhar com os leitores da revista angolana “Figuras e Negócios” mais um pouco da minha história, do “meu mundo”, onde coexistem as artes dos tecidos africanos e o encantamento de bem costurar, aproveitando para, desde já, vos elogiar pelos seus conteúdos e publicações digitais. O orgulho em poder, através de tão prestigiada revista, contribuir para levar mais longe e melhor um pouco da diversidade da cultura angolana é um privilégio que agradeço do fundo do meu coração.

Se a cultura angolana nas suas ricas e variadíssimas vertentes é transmitida de geração em geração através do saber dos “mais velhos”, também eu quero contribuir, para de uma forma mais modesta e singela homenagear a arte dos tecidos, das cores, do movimento, do calor e do “abraço” quente de Angola.

As portas foram-se abrindo apesar do período difícil por que passámos. O que não nos derruba, torna-nos mais fortes e a timidez com que comecei transformou-se em força e segurança, e da pequena peça passei para as grandes peças de decoração

Também eu aprendi com “a mais velha” (a minha avó) o amor e o gosto pelos tecidos! Juntar dois mundos, duas realidades, aparentemente opostas, friso “aparentemente”, é um desafio constante que me enche a alma. Aparentemente porque sinto pertencer a dois mundos concomitantemente.

Cada desafio, cada projecto, cada risco traçado a giz branco na explosão das cores dos tecidos, cada ponto dado na máquina de costura, muitas vezes no silêncio da noite, cada peça que a pouco e pouco vai crescendo, tomando forma, brilhando para depois se transformar numa “vaidade saudável”, de uma qualquer pessoa.

O desafio é de monta, mas eu gosto de desafios: os que já cumpri e aqueles que me são propostos quase diariamente.

Não volto costas a nenhum!

Aceito, feliz, o contacto com o outro, a troca de opiniões, o sorriso largado, a satisfação, a alegria (desculpem a imodéstia) que vejo do outro lado do espelho. Na cara do outro, do outro lado do espelho, vejo o reflexo do meu empenho e do meu amor por aquilo que faço. E estou tão grata! A todos!

O último foi especialmente produtivo e incentivador.

Incentivador pelo convite por parte dos mais altos representantes angolanos nas pessoas de Sua Excelência o Embaixador de Angola em Portugal Carlos Alberto Saraiva de Carvalho Fonseca e o Dr. Luandino de Carvalho, Adido Cultural com que me distinguiram para participar no evento do Bazar Diplomático 2022, um abrir de portas para mostrar o “meu mundo”.

Mas, até este momento, o caminho foi por vezes espinhoso: conseguir a carta de artesã do IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional) que por si só é um reconhecimento da minha paixão, a participação na FIA (Feira Internacional de Artesanato), valorizada com a presença de ilustres personalidades do espaço lusófono, merecer o destaque em reportagens da RTP e da TVI (emissoras de TV portuguesas), entrevista em directo na RDP África sobre o tema Panaria Africana – uma das maiores estilistas portuguesas a trabalhar com tecidos africanos – in RDP África plataforma digital, Like Festival Lisbon (MargotAfricanClothing) – festival de dança com autenticidade da Kizomba com uma participação maioritariamente composta por estrangeiros de diversas nacionalidades.

E, paulatinamente, as portas foram-se abrindo apesar do período difícil por que passámos. O que não nos derruba, torna-nos mais fortes e a timidez com que comecei transformou-se em força e segurança, e da pequena peça passei para as grandes peças de decoração e do rosto anónimo que me adquiriu as primeiras criações passei para a cara amiga que telefona, que encomenda, que me incentiva, que me inspira … que se transformou num amigo.

A tradição oral do passa palavra, tão típica da cultura luso angolana não se deixa ultrapassar pela contemporaneidade das plataformas digitais.

Termino na expectativa de brevemente poder deslocar-me a Angola e de Cabinda ao Cunene, partilhar saberes, “in loco”.

Por: Margot

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