
Por: António Félix
felito344@yahoo.com.br
Este treinador Patrice Beaumelle, “chamado” às pressas para estar à frente dos Palancas Negras é, como já foi badalado, um puro francês de nacionalidade, gente de uma terra onde histórica e habitualmente desde os tempos no nascimento da democracia moderna que deram ao mundo…se fala cara a cara , sem papas na língua. Atitude e conduta positiva herdada da Grande Revolução Francesa.
É por isso mesmo que o seu compatriota Hervê Renard quando em Angola decidiu deixar o comando dos Palancas Negras em 2012, bateu com a língua nos dentes por a federação lhe ter querido pagar o que monetariamente lhe devia por merecer, além da falta das condições de trabalho que exigia, na altura, para o sucesso dos Palancas.
Ora, Patrice Beaumelle trabalhou cá com Hervê Renard. Sofreu com o mesmo. Foi-se também embora com ele. Sabe de tudo e todos, sobre o que se passou em 2012. Agora está de regresso….
Então, a duas primeiras perguntas que não se querem calar são estas: vai também a federação “oferecer” a este técnico mensalmente os 24 milhões de kwanzas que “dava” ao seu antecessor Pedro Gonçalves?
A segunda é esta: não cumprindo o que contratualmente ficar selado se arriscará, a federação, a ver estraçalhada a sua imagem institucional na lama?
Agora, se me permitem, aqui neste espaço, um exercício de rescaldo, deixem-me só recordar, como se diz, “dez boas verdades” ditas, na altura por Hervê Renard, quando a nossa federação então estava moldada à Pedro:
1-” Penso que o primeiro objectivo é nos qualificarmos (…) . É uma boa competição, muito importante para os atletas jovens e esta competição pode ser muito importante para o próximo CAN”,
2-“Angola já provou, com a ida ao Mundial de 2006, na Alemanha, que tem potencialidades e alguma coisa de bom podemos fazer. Quando alguém é treinador de uma selecção e num país grande como Angola, com boas infra-estruturas, só pode pensar em ganhar “.
3 – “Ainda não começamos com o objecto principal que me trouxe para cá. Ou a FAF se organiza ou vou-me embora ”.
4- “Não acredito que, da forma como estamos organizados, possamos preparar algum jogo para competir ao mais alto nível. Assumo as responsabilidades na derrota com o Uganda, mas devo dizer que os aspectos de desorganização não têm a ver com falta de dinheiro”.
5 “Quando assinei o meu contrato, houve esse compromisso, que pudéssemos fazer, de facto, uma selecção efectivamente nacional”.
6 – “Se não pudermos efectuar esse processo de captação de talentos em todo o país, nunca poderemos ter uma selecção efectiva. Se nós tivermos 95 por cento dos jogadores apenas a nível de Luanda, não teremos então a selecção nacional da forma como entendo e pretendo”.
7- “Sempre disse ao presidente (da federação) que não vim para Angola atrás de dinheiro, mas para realizar o meu trabalho e que podíamos, naquele momento, cortar o nosso vínculo laboral amigavelmente e não pediria nada pelo fim do contrato”.
8 – “Não estou preocupado com a nossa qualificação e nem em deixar o cargo. Quero continuar, se as pessoas me quiserem manter, tudo bem.
9- “Tentei trocar algumas coisas a nível da equipa principal, mas em função da não realização da captação de alguns talentos que pudessem enriquecer a nossa equipa, não o fizemos e acredito que está a começar a ser tarde”.
10 – “O primeiro aspecto que temos de corrigir é em relação às idades. O segundo aspecto é a escassez de infra-estruturas para o treino e o principal problema é a falta de um centro de treino da federação, que possa servir as selecções nacionais. Estou com receio de que a gente corra tão rápido, que nem Titanic, mas depois vamos direito a uma parede. Não pretendo confusão, mas é o que sinto”.
Minha pergunta final de jornalista é: Alves Simões não vai resvalar nos mesmos erros de palmatória quando as rédeas das Palancas estiverem nas mãos desse “timoneiro” Patrice Beaumelle?


Deixe um comentário