Vítor Norinha
Jornalista
O continente africano será das regiões mais afetadas pela desaceleração do crescimento chinês. Dados oficiais relativos ao 3º trimestre de 2024 revelam que o crescimento do Produto está muito abaixo dos 5%, a meta definida pelo Governo chinês para estabilizar a economia em termos de manutenção de empregos e de consumo. Esta regressão da economia chinesa tem impacto em todo o mundo, embora tenha particular importância na África subsariana onde é o maior parceiro comercial.
Indica a seguradora de exportação espanhola Crédito y Caución que a China representa cerca de 10% do comércio mundial, 16% do PIB mundial e 17% da procura mundial de petróleo. Isto é o mesmo que dizer que praticamente todas as economias das várias zonas geográficas do planeta serão afetadas.
Os problemas económicos da China estão a ser agravados pela prolongada queda do mercado imobiliário, com a maior descida dos últimos 10 anos e que foi registada durante 2024, a par de uma queda generalizada da confiança dos consumidores e das empresas, o elevado desemprego entre os jovens e mudanças sociais profundas com a queda da natalidade e o envelhecimento da população. O Governo e as Autoridades do país optaram pelo estímulo à procura e uma política monetária e orçamental acomodatícia, e que começou com um corte nas taxas de juros pelo banco central, e que levou a hipotecas com juros mais baixos, a par de uma injeção de fundos estruturais para revitalizar projetos económicos locais. No entanto, as medidas mostraram-se insuficientes e os analistas dizem que a continuação da situação atual irá significar uma queda dos mercados que trabalham com a China, caso dos países africanos, e gerar quedas na riqueza nacional da ordem de 1 ponto percentual. Os mesmos analistas da Crédito y Caución defendem a necessidade de mais estímulos fiscais com corte de impostos, subsídios ou transferências diretas de numerário para estimular a procura.
Impactos
Entretanto é esperado impactos negativos da queda da economia chinesa nos setores ligados a matérias-primas, equipamento elétrico, maquinaria, produtos químicos, metais de base e TIC. O segurador Crédito y Caución antecipa um aumento de 23% nas insolvências da Ásia-Pacífico em 2024 com a desaceleração da economia chinesa. Destacam-se as economias mais expostas nesta região e que são Taiwan, Singapura, Austrália, Malásia, Vietname e Coreia do Sul. Por seu lado, a União Europeia está exposta a uma cadeia de abastecimento que depende da China com fornecedores críticos como sejam os microchips para a indústria automóvel, peças e turbinas para o setor aeronáutico e de energia e ainda os produtos químicos. E para além da África subsariana, há outros grandes mercados expostos como sejam a Rússia que vende petróleo e gás, o Chile, a África do Sul, Brasil e Austrália.
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