Durante a vida inteira fomos “formatados” a chamar de estádios os campos de futebol do Luena, de Saurimo e do Dundo. A imprensa desportiva designou-os sempre erradamente de “Estádio Mundundulenu”, “Estádio das Mangueiras” e “Estádio Sagrada Esperança”.
Por altura da realização do CAN de Futebol de 2010, foram construídos em Luanda, Benguela, Lubango e Cabinda novos estádios, designadamente “11 de Novembro”, “Ombaka”, “Tundavala” e “Chiazi”. Se olharmos para o mapa geográfico, nenhuma dessas infraestruturas desportivas está no Leste de Angola, Para a organização dos Afro-Basketes foram erguidos pavilhões multiuso nas mesmas regiões (Norte, Centro e Sul). O Leste voltou a ficar de fora.
Angola acolheu o Campeonato Mundial de Hóquei em Patins. Namibe e Malanje ganharam infra-estruturas para a realização da prova.
Esses são apenas alguns exemplos de assimetrias regionais.
Hoje, com bastante alegria e emoção, as três províncias do Leste estão a representar Angola nas competições africanas em futebol. Infelizmente, os habitantes da região estão impossibilitados de ver as equipas da Lunda-norte, da Lunda-sul e do Moxico a defrontarem as suas congéneres de outros pontos do continente por falta de um único estádio de futebol.
Os campos de Saurimo, do Dundo e do Luena provaram que não reúnem condições para a prática de futebol.
Há alguns anos, foram publicitadas na cidade de Saurimo imagens de uma abortada intenção de se construir um “estádio de futebol”. Já lá foram cerca de 10 anos que nem um tijolo ou bloco foi posto no terreno.
O velho campo das mangueiras, recordação do colono, assim como o quintalão do Dundo e o campo Mundundulenu, nem mesmo servem para treinos, dado o seu estádio precário para a prática de futebol.
Lamentavelmente, as populações do Moxico e das duas Lundas estão condenadas a percorrer milhares de quilómetros até Luanda, Lubango ou Benguela para verem jogar as suas equipas nas Afrotaças!
Chinhengo chinji!
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