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Com uma selecção obrigada a fazer melhor: ANGOLA REGRESSA AO MUNDIAL DE BASQUETEBOL

Escrito por figurasnegocios

Angola, país com mais títulos de basquetebol sénior masculino em África, vai , novamente, ser um dos representantes do continente no Campeonato do Mundo de Basquetebol a ser organizado, conjuntamente, de 25 de Agosto e 10 de Setembro próximos, pelo Japão, Indonésia e Filipinas.

Por: António Félix/ Fotos: Arquivo NET

Tratar-se-á da nova participação de Angola em fases finais do Campeonato do Mundo de Basquetebol. A primeira ocasião de estreia ocorreu em 1986 em Espanha, e, sucessivamente, em 1990 (Argentina), 1994 (Canadá), 2004 (Estados Unidos 2002), 2006 (Japão), 2010 (Turquia 2010) e 2014 (Espanha 2014).  Em 1998, Angola não se qualificou para o “Mundial” da Grécia, pelo facto de Senegal ter-se sagrado campeão africano.

Este novo regresso de Angola ao maior palco mundial da “bola ao cesto” aconteceu de forma mais suada, ao contrário do que acontecia em anos anteriores  quando o apuramento se concretizava pela via da conquista do Afrobasket – conforme era designado durante anos o Campeonato Africano das Nações –  que só qualificava, directamente, o campeão e o segundo classificado.

Para, desta vez, obter o “passaporte visado” para o Japão, Indonésia e Filipinas, onde figurará entre as cinco selecções africanas na prova, Angola teve que submeter-se à disputa das janelas de apuramento, que decorreram em oito cidades do continente, última das quais realizada em Angola.

Nos três jogos que decorreram em Luanda, Angola venceu o Uganda, por 82-49, a Nigéria, por 65-59,  e Cabo Verde, por 80-67. Com estes feitos, Angola saíu da “janela” com 18 pontos que lhe valeram ,assim, a segunda posição no Grupo F, com direito a “viajar” ao  lado de outros embaixadores africanos, nomeadamente a  Côte d´Ivoire, Sudão do Sul, Egipto, Angola e Cabo Verde.

Angola vai, deste modo, com a responsabilidade de ter hoje o histórico do país africano com a melhor classificação de todos os tempos em Campeonatos do Mundo, pois, em 2006, no Japão, sob a orientação do técnico Alberto Carvalho “Ginguba”, ficou em 10° lugar, numa prova disputada por 24 nações.

O actual técnico espanhol, Pep Clarós, coadjuvado por Aníbal Moreira, Miguel Lutonda e o preparador físico André Nzamba, vai, certamente, voltar a apostar, até à altura do “Mundial”, num grupo integrado por jogadores da nova geração, deixando de fora certos habituais, por opções técnicas e tácticas.

As últimas apostas recaíram para os que conseguiram a qualificação para a prova a decorrer no Japão, Filipina e Indonésia, nomeadamente Childe Dundão, Gerson Domingos, Dimitri Maconda, Manuel Sebastião, Gerson Calunga e Manuel Fortuna (bases), Gerson Gonçalves “Lukeny”, Kenneth Manuel e Francisco Gomes (extremos-bases), Leonel Paulo, António Monteiro, Gerónimo Luís, Eduardo Francisco, Geovani Kibinga, Manuel Bumbe, Milton Valente, Benção Vungo e Edinlson Andrade (extremos), Sílvio Sousa, João Fernandes, Marcelo João, Keven Albino, Cleúsio Castro e Eliseu João (extremos-postes), Jilson Bango, Teotónio Dó, Kevyn Kokila, Miguel Yimbo, Aldemiro João, Wilson Cassav, Agostinho Mayele e Walter Luzolo(postes).

Bruno Fernando, jogador (poste), 2.06 metros, dos Houston Rockets, da Liga Profissional norte-americana de basquetebol, NBA, faltou a última Selecção onde esteve, pela última vez, na” quarta janela”, disputada na cidade de Abidjan, Côte d´Ivoire.

Dois outros jogadores deixados de fora, nomeadamente, Carlos Morais e Yanick Morreira, têm levado especialistas nacionais e jornalistas a apontar o técnico espanhol como sendo pouco cauteloso. Argumentam que a selecção precisa de veteranos para fortalecer o grupo, mas Pep Clarós tem sido firme e peremptório nas suas opções.

“A responsabilidade é minha. Temos de começar a pensar no futuro e é isso que temos feito. Alguns jogadores, quando convocados, devem estar preparados. No último Mundial, Angola era a selecção mais velha da prova e hoje a média é de 23 anos e a de altura é de 1,93 metros”, esclareceu, quando despoletou a polémica sobres as ausências do extremo Carlos Morais e do poste Yanick Moreira.

Sobre Carlos Morais justificou que “na primeira convocatória, foi chamado e não compareceu. Ele e mais seis jogadores do Petro; por isso, ficaram de fora. A alegação foi de que estava lesionado. Na segunda janela, falou comigo e disse que tinha de ir a Navarra fazer um tratamento. Carlos Morais é um jogador de grande nível, como foi Mingas, Cipriano e muitos outros”.

Em relação a Yanick sublinhou que “foi afastado de uma convocatória, quando estávamos a treinar em Portugal. Faço um trabalho de equipa e todos temos os mesmos direitos. Se uma pessoa faz as coisas diferentes do resto do grupo, ele, como qualquer outro integrante da equipa, fica de fora.  E eu quero pessoas comprometidas, que não bebam, não fumem xixa e não vão às festas. É simples e isso acontece em todas as selecções do mundo “.

No último Campeonato do Mundo, disputado na China, a Selecção angolana somou apenas uma vitória sobre as Filipinas, por 84-81, e averbou derrotas diante da Sérvia (105-59) e  Itália (92-61), ficando assim afastada da segunda fase.

O que se espera é que, desta vez, a Selecção, sob o comando do técnico espanhol, tenha um desempenho que supere os registos obtidos em todas as participações, de modo colectivo e individual, pois, olhando para o histórico de jogos, Angola até hoje, nos “Mundiais”, somou, no total, 3,370 pontos marcados, que dá uma média de 74,8 convertidos por jogo.

Defensivamente, a equipa sofreu 3,752 pontos, o correspondente a 83,3 por encontro. Dá uma diferença de 382 pontos entre marcados e consentidos. Para equilibrar o registo, o combinado angolano precisava de, no Japão, Indonésia e Filipinas marcar muitos pontos e sofrer poucos.

No cadastro, o maior número de pontos marcados, 680, em oito partidas, foi no “Mundial” de 1990, na Argentina, com uma selecção com eficiente toada ofensiva, integrada por jogadores do nível de Aníbal Moreira, Ângelo Victoriano, Ademar Barros, Ivo Alfredo, Victor de Carvalho, Manuel Sousa “Necas”, Herlander Coimbra, Nelson Sardinha, David Dias, Paulo Macedo, José “Zé” Carlos Guimarães e Jean Jacques da Conceição. Este (JeanJacques) é, até hoje, o melhor marcador, com uma média de 18 pontos por encontro, Necas com 12,3 foi segundo, Zé Carlos, 11,4, terceiro, Aníbal e David Dias completaram o “top 5”, com 10,8 e 10.

No entanto, 697 foi a maior cifra de pontos sofridos por Angola, isso em 2002, no “Mundial” organizado pelos Estados Unidos. Naquela altura, a selecção tinha sido renovada em mais de 80 por cento.

A ausência da prova, em 1998, depois de falhada a revalidação, em 1997, no Senegal – do título africano no Afrobasket – obrigou uma renovação em que só sobreviveram Ângelo Victoriano e Victor de Carvalho.

A estes juntaram-se os estreantes Edmar Victoriano “Baduna”, Carlos Almeida, Miguel Lutonda, Walter Costa, Eduardo Mingas, Gerson Monteiro, Joaquim Gomes “Kikas”, Mário Belarmino Tchipongue, Afonso Silva “Fon” e Victor Muzadi. Lutonda com 13,1 pontos por desafio destacou-se. Kikas veio a seguir com 11,9 e Baduna fez 9,8.

Os triunfos por números mais expressivos foram em 1990, frente à Coreia do Sul, 104-93 e 112-96, contra a China. As derrotas mais copiosas foram em 2002, ante a Jugoslávia, 63-113 e 66-121, com os Estados Unidos.

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