Cultura

Santocas apela pela dignificação das referências musicais angolanas: “NÃO FOI FÁCIL MOBILIZAR O POVO PARA A DERROCADA DO COLONIALISMO!”

Escrito por figurasnegocios

Santocas, aliás, António Sebastião Vcente, ícone representativo do período efervescente da canção política, afirma que o alicerce da edificação de Angola deve contar com uma pedra dos músicos angolanos. O artista destaca o contributo dos músicos na conquista da independência nacional, na defesa da soberania e na afirmação da identidade nacional.


“O alicerce deste país que hoje é Angola deve contar também com uma pedra de cada um de nós, porque não foi fácil mobilizar este povo para a derrocada do colonialismo, não foi fácil mobilizar as mentes daqueles que ainda não sabiam o que é a revolução. E olha que tínhamos muitos angolanos que não sabiam o que era revolução; então, a nossa intervenção, como músicos, foi bastante importante neste processo. Temos muitos angolanos que foram mobilizados e integraram-se nas FAPLA graças ao nosso trabalho”, reforça.

Figuras & Negócios (F&N) – Santocas é um dos artistas angolanos que mais se evidenciaram nas chamadas músicas de revolução. Para começo de conversa, sendo que esta é uma entrevista de perfil, faça-nos uma breve e auto apresentação de António Sebastião Vicente…

Santocas -É um cidadão nascido no bairro Indígena “Nelito Soares”, em 1954, que partilhou o bairro de nascença com o Marçal. Gosto de dizer que sou nascido no bairro Indígena, mas sou natural do Marçal, por causa de uma dupla convivência.  Os meus avós viviam no Marçal, fazendo com que partilhasse as duas áreas. Tanto assim que uma boa parte dos residentes do Marçal me têm como local e o mesmo acontecendo com os do bairro Indígena “Nelito Soares”. Sou gémeo de nascença, cuja parceira morreu à nascença. Sou um cidadão que nasci numa família de músicos, que muito influenciaram para a minha entrada no mundo da música.

F&N – O que representa para si o Nelito Soares, mais especificamente o Bairro Indígena?

Santocas -É aquele que me criou, o que me deu a identidade de homem que sou hoje. É ali onde comunguei com as diversas franjas da sociedade angolana, com os meus contemporâneos. É ali onde dei os primeiros passos, em termos da componente musical. É no bairro Indígena onde o nome Santocas ganha força e liberdade.

Trata-se do bairro que proporcionou a convivência com várias sensibilidades políticas que ali residiam, tais como Aristides Van-Dúnem, Gabriel Leitão, Nando, Lopo do Nascimento, e que muito contribuíram para forjar o sentimento da angolanidade e o crescimento da consciência sobre a liberdade de Angola.

Recordo que quando se dá a independência de Angola tinha 21 anos, portanto, nos meus primeiros 21 anos de vida testemunhei as vicissitudes vividas pelos nacionalistas angolanos presos na cadeia do São Paulo e as rusgas contra quem se manifestava contra o colonialismo. Portanto, o bairro Indígena representa o princípio de uma fase da minha vida.

F&N – Quando e porquê decidiu fazer da música o seu meio de trabalho?

Santocas –Sou membro de uma família com tradição musical. Partindo da minha mãe. A parte materna da minha mãe estava ligada à música. A minha avó era tocadora de um instrumento musical em grupos carnavalescos. Os primos Mamukueno, El Belo, Baião, Manuel Faria, entre outros, fazem parte da família, que em muito contribuíram para a minha consolidação como músico.

Comecei aos 6 anos de idade, cantando para várias sensibilidades no bairro Indígena, que gostavam de me ouvir cantar, apesar da oposição da minha mãe que só foi vencida com a ajuda de algumas tias.

Ainda criança consegui participar em alguns matinées, que abriram portas para apresentações nos centros culturais e recreativos Maxinde e Botafogo e em programas como Kutonoca e Aguarela Angolana.

F&N – A sua primeira aparição pública acontece no Centro Recreativo Botafogo, espaço bastante importante, na altura, na concepção da música de intervenção. Até que ponto este palco moldou a sua percepção para a realidade que se vivia no país?

Santocas -O Centro Recreativo e Cultural Botafogo ajudou, em muito, a moldar a minha consciência como homem e angolano. Tem uma contribuição significativa, porque era o centro que servia de base de encontros das maiores tendências políticas do país. E foi no Botafogo onde foram criadas as condições de sensibilização dos angolanos, que se traduziu numa campanha da juventude, que ao saber da forma como os compatriotas eram tratados, enriqueceu a forma de lidar com a questão da luta de libertação e a necessidade da conquista da independência nacional.

É assim que, mesmo antes da independência, já era um crítico social. As minhas composições eram compostas por mensagens que alertavam os angolanos para a necessidade da luta. Desde o primeiro disco, gravado quando tinha os meus 14 anos de idade, aos demais temas, sempre tive na música de intervenção como a via para participar activamente na luta contra o colonialismo. Quando dividi o palco com o Elias Dya Kimuezo, na altura já considerado como um “monstro” da música angolana, tinha 14 anos de idade. Era um dos cantores mais jovens na altura. Com o crescimento político, a forma de olhar para os acontecimentos foi se moldando e com ele a minha linha musical.

F&N – Depois do Botafogo, espaço que serviu de baptismo como cantor infantil, consolidou-se em outros espaços e programas culturais. Falamos, concretamente, do Maxinde e do programa Kutonoca. Que memórias tem desse período?

Santocas – Boas memórias. Primeiro, o colono quando cria estes espaços, a tendência, segundo a minha forma de ver, era de manter os colonizados mais nas suas áreas de residência. E criando um ambiente que era só, como diziam, dos pretos, embora não tenha deixado de ter a natureza da mobilização dos angolanos. Era nestes ambientes onde eram passadas as mensagens provenientes dos partidos políticos. Lembro que eram nesses espaços onde o interesse pela música angolana de raiz era superior.

Tínhamos na arte a via para a defesa da nossa identidade. As artes musicais, teatrais e a dança eram peças que se faziam sentir com todo o fervor na altura. E não cantar ou tocar o que é angolano era desrespeitar princípios.

Só para recordar que íamos para a escola misturados com filhos de portugueses e éramos obrigados a cantar as músicas portuguesas, mas mesmo assim não deixávamos de interpretar, também naquele meio, as nossas músicas.

Mas, quando saímos da escola, nos nossos tempos livres, sob a luz do luar, juntávamo-nos para tocar e cantar o nosso. As injustiças nos obrigavam a cantar as nossas amarguras, a nossa revolta, o nosso sentimento de liberdade.

F&N – Quando se fala da música de intervenção política em Angola, há um nome entre tantos outros que emerge: Santocas. O que significa para si?

Santocas-Tem um significado muito especial para mim, porque ajudou para que hoje tenhamos um bilhete de identidade, uma identificação e sermos angolanos de nacionalidade. Mas, independentemente de tudo que nós, e eu em particular, fizemos, deixa-me feliz o facto de ter contribuído, por meio da música, para a libertação do jugo colonial e para a defesa da soberania nacional.

E olha que  não importavam os sacrifícios. Recordo que entrava em estúdio, na rádio nacional, para gravar, às sete da manhã e só saía à meia-noite, tendo como alimentação apenas uns sumos. Mais do que isto, era depois ter que enfrentar os perigos para chegar em casa, porque a cidade estava dividida em ilhas. Tínhamos que saber por onde passar.

Lembro que alguns colegas tiveram que desistir de cantar, porque viviam nos bairros periféricos e o medo de serem mortos ou presos falou mais alto. Só não perdi a vida ou preso porque Deus estava comigo. Kissanguela, FAPLA Povo, entre outros, tiveram que suspender a actividade artística porque o perigo era iminente, nos rondava a toda hora.

Mas, apesar das vicissitudes, não me arrependo, porque sabia que a música de intervenção tinha uma missão mais preponderante que uma bala, cujo papel era mobilizar os homens para os ideais da angolanidade e a defesa da nossa soberania. Em qualquer situação, em qualquer parte do mundo, quer na África quer no Ocidente, os músicos foram sempre os primários no processo de mobilização do homem para a luta. É só lembrar que os nossos antepassados tinham a música como o meio para anunciar a recepção de convidados, para a luta, isto é, tinham a música para os vários actos importantes.

Hoje, não ter em linha de conta a música de intervenção, que partilhei durante anos com outros colegas, é desvalorizar o seu enorme contributo na luta pela independência nacional e de defesa da soberania nacional. A música de intervenção foi a bandeira na luta contra o colonialismo no incentivo à defesa do país depois da proclamação da independência. O alicerce deste país que hoje é Angola deve contar também com uma pedra de cada um de nós, porque não foi fácil mobilizar este povo para a derrocada do colonialismo, não foi fácil mobilizar as mentes daqueles que ainda não sabiam o que é revolução. E olha que tínhamos muitos angolanos que não sabiam o que era revolução, então a nossa intervenção, como músicos, foi bastante importante neste processo. Temos muitos angolanos que foram mobilizados e integraram-se nas FAPLA graças ao nosso trabalho.

Apesar de não ter ganhado nada, na altura, em termos financeiros ou material, com o trabalho produzido, não me arrependo, porque foi a minha maneira de contribuir para um bem comum: a independência de Angola e a manutenção da soberania nacional.

Na altura, era como, digamos,  uma espécie de porta-voz musical do MPLA, visto que trabalhava directamente com o Departamento de Informação e Propaganda do MPLA, no processo de produção de músicas cujas mensagens tinham o condão de incentivar os angolanos para a luta, tive direito a uma viola. Devo reforçar que não me arrependo, porque a missão não era ganhar dinheiro, mas sim contribuir para a independência e defesa da soberania do país.

F&N -Na altura em que enveredou pelo mundo da música, num período bastante conturbado do país, pensou ou esperava que o seu canto se tornaria numa arma política?

Santocas -Não. Mas sabia que ia atingir mentes. Em termos de amplitude dificilmente a gente adivinha o que pode acontecer no futuro.

Olha que, independentemente do alcance atingido musicalmente, também trabalhamos no terreno. Deixa-me contar um pequeno episódio: Numa determinada data saí de Luanda para actividades em Benguela e no Huambo, para três dias, e fui obrigado a ficar por lá durante um mês. Muitas das vezes só sabendo onde ia actuar depois de chegar ao local. Era tudo feito secretamente. Foram momentos que marcaram e muito o nosso estado de espírito. Houve alturas em que estávamos no palco a cantar e de repente tínhamos que parar, porque o local estava a ser atacado, obrigando-nos a procurar, temporariamente, por refúgios até o fim do ataque e depois voltar ao palco como se nada tivesse acontecido.

Mas, por norma, temos sempre objectivos a alcançar. Ninguém trabalha sem um objectivo. Podes não ser bem sucedido, mas estás entre o ser e o não ser.

F&N – Que memórias guarda do período áureo da canção política?

Santocas -Acima de tudo foi um período em que fizemos da música o nosso instrumento de combate para a salvaguarda da soberania nacional. Um período em que fizemos música com sentimento patriótico, sem pensar em dinheiro, mas apenas no bem de todos os angolanos. Um período em que a música angolana, de raiz, era valorizada. Um período em que o sentimento do bem comum dominava.

Fiz parte do agrupamento FAPLA POVO, onde esteve também o David Zé, Artur Nunes, Urbano de Castro e ninguém pensava em bens materiais ou dinheiro. Era mesmo só cantar por amor à pátria.

F&N – Do seu repertório constam músicas como “Poder popular”, “Bairro Indígena”, “Massacre de Quifangondo”, “Valódia”, “Heróis Serão Vingados”, “Hoji Ya Henda” e “Etu Tuana Ngola”. O que cada uma delas representa para si?

Santocas -São músicas que representam a libertação do povo angolano. Foram produzidas e cantadas para o povo angolano perceber o que tínhamos. Perceber quem eram de facto os nossos inimigos. Representam a mobilização do povo. Foram feitas, na altura, para a consciencialização dos angolanos. Para além destes, o meu reportório musical tem outras canções desta natureza.

F&N – Quarenta e oito anos depois da conquista da independência nacional, que avaliação faz de tudo aquilo que fez, enquanto músico, para o bem comum do país?

Santocas -A avaliação é positiva. Como disse antes, não fiz dinheiro, não fiquei rico materialmente, mas fiquei rico espiritualmente. Satisfeito porque contribui para a afirmação do país e a defesa da identidade angolana. Dizer que quando cantamos e quando mobilizamos o sentido era sempre contribuir para a materialização dos anseios dos angolanos. Cantamos com sentido de liberdade, mas uma liberdade onde os vários extractos pudessem beneficiar de tudo o que existia de bom no país. Cantávamos pela liberdade, pela vida e bem-estar dos angolanos.

É uma pena que nem tudo está como perspectivamos. Infelizmente, hoje sentimos o degradar da situação social da população e o apelo é no sentido de se rumar para frente, mas rumar mesmo, para que a população possa sentir os efeitos do crescimento económico do país. Pois a liberdade e melhoria das condições sociais dos angolanos foi o principal sentido da luta. É verdade que nem tudo é um mar de rosas, hoje estamos a viver um processo totalmente diferente como resultado da luta empreendida pelo actual governo, mas não podemos deixar de reconhecer que andamos metidos com gente que criou situações altamente difíceis para o país. Pessoas que aldrabaram e que provocaram situações negativas.

Olha que já cantava sobre isto depois da conquista da independência. Criei alguns problemas para mim e para a minha família por causa de algumas músicas, mas mesmo assim não deixei de cantar a realidade, porque já vinha habilitado com uma filosofia política antes da independência. E antes da independência o objectivo era lutar pela liberdade do país e quando comecei a ver uma mudança nos ideais que nortearam a luta pela independência fui alertando as estruturas do partido para o perigo.

Houve pessoas que, num certo momento, não gostaram das minhas intervenções, mas mesmo assim não mudei e não vou mudar.

F&N  -Sente que já cumpriu a sua missão?

Santocas -Não. Ainda tenho muito para fazer e dar. Enquanto ainda tiver condição de raciocinar e o poder de interpretar e criar vou continuar a contribuir para a edificação de uma Angola próspera.

F&N -Santocas, o que fez ou gostaria de ter feito de forma diferente?

Santocas -Criar uma base de sustentação para a minha família. Devo reconhecer que nem tudo o fiz bem, porque não somos perfeitos. Temos as nossas falhas. Mas gostaria de oferecer uma vida melhor à minha família. Ter condição de oferecer uma vida melhor à minha família. Ainda não fiz isso e gostaria de concretizar este objectivo.

Ainda sou um cidadão sem, por exemplo, condições financeiras para levar a família ou a mim próprio numa clínica em situação de doença.

F&N – Em termos profissionais, para quando um novo disco?

Santocas -Nesta altura não é fácil. A componente financeira impede a realização deste objectivo, principalmente quando se trata da produção de uma linha musical que nada tem a ver com a actual produzida pela nova geração.

Para as minhas pretensões, precisaria de cerca de 200 mil dólares para a produção de um disco e hoje, muito dificilmente, encontras alguém disposto a investir este valor neste segmento musical.

Estou a criar condições para conseguir, apenas, reeditar alguns temas dos discos anteriores numa única obra. Sei que não vai dar dinheiro, mas pelo menos vai satisfazer a vontade dos apreciadores da minha música.

F&N -O que faz fora dos palcos?

Santocas – O Santocas fora dos palcos é director artístico. Fui durante muitos anos, enquanto funcionário do Estado, director artístico do Ministério da Cultura. Foi aí onde me forjei, foi aí onde consegui fazer alguns cursos.

F&N – Actualmente, como olha para o mercado musical angolano?

Santocas – É verdade que se registou um crescimento em termos de quantidade, mas em termos de qualidade é muito pouco. Entre a qualidade e a quantidade há uma distância muito grande. A quantidade está lá, mas a qualidade é mesmo qualidade. Mas é o mercado que faz a escolha e define o que deve ser consumido e o que vai para o lixo.

Também é verdade que estamos a perder a nossa identidade cultural. Apesar de cada um ser livre de escolher o que é mais correcto para si, aconselho a juventude para a defesa do património musical angolano. Um património rico e muito diversificado.

Temos um património tão rico a considerar e a juventude deve virar-se cada vez mais para a música angolana de raiz. Não estou contra as novas tendências musicais, mas devemos preservar mais a nossa identidade musical.

Hoje, infelizmente, temos uma música que tem dificuldades de entrar em outros mercados e algumas são de curta duração.

No entanto, o departamento ministerial deve encontrar a melhor forma para valorizar os músicos que muito deram para a defesa da nossa identidade cultural, como forma de ajudar os jovens a valorizar o que é nosso.

Se prestarmos atenção, veremos que não temos uma música com uma base de sustentação, que dá liberdade àquele que o faz, porque não se olha para o bem comum. Costumo dizer que se o Estado investir em Calabeto, Lamartine, Elias Dya Kimuezo, entre outros, criando centros culturais ou pequenos espaços para a promoção da música angolana de raiz e a troca de experiência entre as várias gerações estará a potenciar a valorização da cultura angolana.

F&N – O que falta para a música angolana impor-se cada vez mais no mercado dos Palop, em particular, e em África, em geral?

Santocas –  Muito trabalho. Temos que trabalhar muito para conseguirmos atingir, por exemplo, o caminho seguido pela música congolesa e cabo-verdiana. Hoje a música destes dois países penetra em vários mercados internacionais porque houve trabalho sério por parte do Governo e dos próprios músicos. Já tivemos um período em que a música angolana ditava, pelo menos no mercado interno, as regras do jogo. Hoje, é diferente, ao contrário do que acontece na RDCongo e em Cabo Verde.

A nossa música deve ser ensinada nas escolas. É levando nas escolas que se passa o testemunho para as novas gerações.

F&N – Santocas, há quem diga que a música é uma das vias do processo sócio-educativo e vocês, como ícones, têm uma legião de seguidores que fazem ou imitam as vossas práticas. Até que ponto estão, os músicos angolanos, preparados para ajudar na edificação de uma sociedade sã?

Santocas –Sim, melhorando a forma e a metodologia de actuação. Porque se assim não for vamos atrofiar as mentes de muita gente.

F&N – Acredita que os músicos têm sido bons exemplos para a construção de uma sociedade moralmente saudável? É que há muitos escândalos na classe e vários artistas cujas práticas deixam algumas dúvidas (…)

Santocas – Em alguns aspectos sim. Temos jovens músicos, como a Yola Semedo, o Matias Damásio e mais uns tantos, que justificam, de facto, a sua acção na sociedade. Por isso a minha afirmação anterior que há uma significativa quantidade mas pouca qualidade.

F&N -Já para terminar, que mensagem deixa às novas gerações.

Santocas – Primeiro serem mais solidários, apesar de ser difícil, porque os homens que fazem arte têm alguma dificuldade em termos de solidariedade. Depois virarem-se mais para o património musical nacional, sem coarctar a tendência de outros que pretendem seguir outras linhas musicais. Mas devem, acima de tudo, produzirem trabalhos que justifiquem o futuro, porque hoje a maior parte dos criadores de arte dificilmente querem os seus filhos a seguirem os mesmos passos.


POR DENTRO

António Sebastião Vicente nasceu a 25 de Setembro de 1954, no no Bairro Indígena, em Luanda. O nome artístico, Santocas, vem de Santo António nome de uma conhecida Igreja, situada em Kifangondo, em Luanda, local de culto, onde a mãe rezava pela saúde do filho. Santo António era o nome de tratamento no seio restrito da sua família.

Santocas ganhou, em 1969, um concurso infantil do Clube Maxinde, o que o motivou a tentar o Kutonoca, onde emparceirou com os artistas Luís Visconde e Elias Diá Kimuezo, nomes de referência da música angolana. A passagem de Santocas, em 1972, pelo programa “Chá das Seis” – um espaço selectivo de revelação de novos valores, que se realizava no Cinema Restauração, em Luanda –foi marcante.

Em 1976 ocorreu a sua primeira internacionalização, com a participação no Festival da Canção Política em Berlim, que decorreu de 7 a 12 de Janeiro, ao lado de grandes nomes da canção política da Europa do Leste e do mundo.

Santocas chegou a fazer algumas actuações com o agrupamento musical Sambo, dos irmãos Sambo, que incluía os músicos Silvestre, guitarra solo, e Guido, guitarra baixo.


DISCOGRAFIA

O primeiro single de Santocas, “Minha Sobrinha”, apareceu no mercado em 1973 e no mesmo ano gravou “Casamento”, pela editora Valentim de Carvalho, com acompanhamento do agrupamento Jovens do Prenda.

Em 1974 gravou, com os Merengues, na sua fase áurea, o single “Angola” e “Ngueniami gitaua” (não quero armas), dois grandes êxitos na época.

O álbum “A minha vida, a minha história” surgiu 36 anos depois.

Sobre o autor

figurasnegocios

Deixe um comentário