Por Paulo Quimbango
Management and Business Consultant
Revolução do Sal em Angola: O que os números revelam? Nos últimos anos, a indústria salineira em Angola, particularmente na província de Benguela, registou um crescimento significativo, refletindo-se no aumento da produção nacional deste produto essencial, amplamente utilizado nas indústrias alimentar, química e em outros sectores. Os dados da AGT – Administração Geral Tributária mostram uma clara transformação do mercado. Em 2020, Angola importou cerca de 27 mil toneladas de Sal, tendo exportado apenas 1,7 mil toneladas. Já em 2021, as importações caíram mais de 50%, para cerca de 10,7 mil toneladas, e em 2022 atingiram um volume residual de apenas 876 toneladas – uma redução de 97% face a 2020. O ano de 2022 marcou também uma viragem importante: pela primeira vez, as exportações de Sal ultrapassaram as importações, tendência que se mantém até hoje. Em 2023, Angola exportou 3,4 mil toneladas, gerando receitas de aproximadamente 788 mil dólares. Contudo, em 2024 registou-se uma desaceleração, com as exportações a caírem 46% face ao ano anterior. Já no primeiro semestre de 2025, o volume exportado foi de apenas 0,7 mil toneladas, sinalizando que o total anual poderá ficar aquém do desempenho de 2023. É de destacar que a maior parte do Sal angolano exportado tem como destino a República Democrática do Congo, evidenciando a importância regional deste mercado para a colocação da produção nacional. Agora, talvez seja altura de Angola olhar não apenas para a produção e exportação, mas também para as indústrias que utilizam o Sal como matéria-prima estratégica, criando maior valor acrescentado no mercado interno: Indústria Química e Cloro-álcali: Produção de cloro, soda cáustica e hipoclorito de sódio. Indústria Farmacêutica: Soluções salinas, produtos médicos e suplementos minerais. Pecuária e Agricultura: Produção de blocos de sal mineralizado para gado, fertilizantes e correções agrícolas. O desafio está em transformar um recurso abundante em cadeias produtivas diversificadas, capazes de gerar emprego, substituir importações e aumentar a competitividade regional.



 
							 
							 
							 
							 
							 
							
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