Ao fim de sete anos de liderança à frente da selecção nacional de Angola, Pedro Gonçalves enfrenta o momento mais crítico do seu percurso como timoneiro dos Palancas Negras. O balanço do seu desempenho até aqui, à luz dos últimos resultados e decisões técnicas, revela uma verdade dura, mas necessária: o sonho de levar Angola à maior montra do futebol mundial — o Campeonato do Mundo — não passou de uma utopia.
No rescaldo da fase de qualificação, a dura realidade aponta para uma eliminação quase consumada, com os Palancas a perder terreno em relação a selecções como os Camarões e Cabo Verde. A própria leitura que Pedro Gonçalves fez da campanha deixa transparecer um certo descolamento da realidade competitiva. Mais do que lamentar a ausência do Mundial, era tempo de humildemente reconhecer o fracasso e assumir, com clareza, as responsabilidades.
É inegável que a selecção nacional sofreu com alterações inoportunas, feitas nos momentos cruciais da fase de grupos. Além disso, a exclusão de jogadores em grande forma — que poderiam ter sido peças-chave para alcançar melhores resultados — não pode ser ignorada. Pedro Gonçalves pecou por excesso de confiança e talvez por querer reinventar a roda quando era necessário apenas conduzir com firmeza.
Para quem acompanhou com atenção as palavras do técnico no recente balanço, ficou a impressão de que o mesmo ensaiava uma espécie de sondagem à sua popularidade, testando os limites da aceitação pública para uma eventual continuidade à frente da selecção.
Uma estratégia que, ainda que compreensível, soa deslocada no contexto de um fracasso desportivo evidente.
Por isso mesmo, para o bem da selecção e da sua própria imagem, aconselha-se ao técnico que vire a página do Mundial e concentre toda a sua energia na preparação do próximo Campeonato Africano das Nações (CAN). Esse, sim, é o palco mais realista e urgente onde Angola pode ainda construir uma história de superação e resgate da confiança dos adeptos.
Pedro Gonçalves ainda tem tempo para corrigir o rumo e provar que aprendeu com os erros. O CAN pode ser a sua redenção — ou o seu adeus definitivo. Estaremos atentos. E depois da competição, voltarei à carga.
Por: Ladislau Fortunato
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