Economia & Negócios

Angola com inflação entre 21% e 25% e a crescer pouco

Escrito por figurasnegocios

Por Vítor Norinha


Os analistas económicos não são unânimes relativamente à performance macroeconómica angolana. A inflação para 2025 poderá oscilar entre os 21%/22%, uma projeção dos analistas do Banco de Fomento Angola (BFA) e os 25% projetado pelo Banco Mundial, que fez subir a previsão de há seis meses e que era de 16,1%. Angola coloca-se entre os 14 países que no continente africano apresenta uma inflação acima dos dois dígitos, com o 2º trimestre deste ano a ser particularmente negativo para o país. O aumento do gasóleo que acontece dentro do objetivo de retirada dos subsídios aos combustíveis, a par dos aumentos salariais no setor público e o custo suplementar dos alimentos importados que que têm sofrido com os riscos inerentes aos transportes e abastecimentos mundiais, justificam a evolução negativa. A inflação constitui um imposto escondido pela erosão que cria sobre o rendimento disponível das famílias e o impacto sobre o fraco estímulo para a poupança.

Com os preços a subir o país enfrenta igualmente um problema de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que de acordo com a perspetiva mais otimista do BFA, não deverá ultrapassar os 4% anualizados, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) antecipa um crescimento reduzido de 2,4%, quando há seis meses antecipava um crescimento de 2,8%, e o Banco Mundial reviu igualmente em baixa as projeções para o crescimento económico que passou de 2,9% para 2,7% no final deste ano. Ainda assim, reforçam os analistas do BFA, o crescimento será positivo alavancado no impacto do aumento da produção diamantífera, induzido pela recuperação das minas de Luele e pelo aumento das operações. A justificar o fraco crescimento está a redução do consumo privado, o que é compreensível perante um crescendo da inflação e menos rendimento disponível. O comércio será um dos setores mais afetados, contrastando com a construção civil que deverá beneficiar com a recuperação do investimento no setor da habitação.

Recorde-se que o FMI estima um fraco crescimento da zona euro, que não passará dos 0,8% este ano, com o motor da economia europeia, a Alemanha, a manter uma economia estagnada. A nível global o PIB deverá desacelerar dos 3,3% previsto há três meses, para 2,8%. A guerra comercial da Administração Trump e a imposição das chamadas “tarifas recíprocas”, e que mais não são do que tarifas aduaneiras, está a contribuir para a desaceleração económica mundial. Entretanto, a Administração Trump está a negociar acordos comerciais bilaterais com os maiores blocos económicos mundiais, o que irá gerar maior equidade na aplicação de taxas relativamente às que a governação americana lançou a 2 de abril, de forma unilateral. Os analistas salientam a imprevisibilidade e a volatilidade das economias mundiais enquanto este nível de negociação não for concluído.

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