Na espuma dos dias

RESTAURANTES… PELA HORA DA MORTE!

Escrito por figurasnegocios
Por: Édio Martins
(edio.martins@netcabo.pt)

Comecemos “pela hora da morte” que é uma expressão genérica e popular comumente utilizada para indicar que os produtos ou serviços se encontram com preços exorbitantes e que “as coisas estão caras”.

Parafraseando esse dito, sugestivamente poderíamos aplicá-lo igualmente ao morrer. Actualmente morrer custa caro: os gastos com o velório/funeral/óbito compreendem o caixão, as velas, as flores, as vestimentas, as taxas para sepultamento em jazigo (para alguns), em mausoléu (raramente), em cova rasa, a taxa para aluguer de capela de velório, etc.

Na cultura angolana o velório merece um lugar à parte: é a combinação exacerbada entre festa e enterro, o que por vezes se prolonga por muitos dias… com comes e bebes e música, muita música, garantidos, a ponto da família do falecido ter de recorrer a endividamento para suportar as despesas.

Isto se a morte for repentina, ou seja, se a pessoa morreu subitamente, rapidamente e inesperadamente, mas, se a morte for lenta ou demorada, consequência de uma enfermidade, os gastos com o morto aumentam ainda mais, em virtude das despesas com hospital, médicos, remédios, enfim, a conhecida e cara “indústria” hospitalar. Claro, sempre à medida da “bolsa”!

Além disso, depois que a pessoa é sepultada, as despesas continuam. São gastos variados com a construção de mausoléus ou catacumbas, com a identificação do local do jazigo (permitam-me divagar), com as missas de sétimo dia, com as comemorações das datas de falecimento, com a manutenção da sepultura, sem contar com outras despesas adicionais como: gastos com hospitais, cartório, etc.

E o Restaurante? Em 1765, um estalajadeiro chamado Dossier Boulanger abriu um restaurante em Paris e pendurou na porta a seguinte placa: “Come ad me vos qui Stomach laboratis et ego restaurabo vos” Não havia muitos parisienses que, no ano 1765, sabiam ler francês, muito menos latim, mas quem sabia, sabia que Boulanger, o proprietário, disse: “Venham para minha casa, homens de estômago cansado, e eu os restaurarei” A frase fez tanto sucesso que, desde então, todos os restaurantes do mundo são chamados de “restaurantes”.

Além da deliciosa gastronomia que se tornou famosa em toda a França, Boulanger encantou seus comensais com deliciosas sobremesas preparadas por ele mesmo e devido à fama de seus doces Boulanger é também o “culpado” que em França as padarias são chamadas de “boulangeries”. A palavra restaurante logo se consolidou e os mais conceituados chefs que até então trabalhavam apenas para famílias privadas, reis e ministros também abriram seus próprios negócios ou foram contratados por um novo grupo de pequenos empresários: os donos de restaurantes. O termo “restaurante” foi-se difundindo, a partir de Paris, um pouco por toda a Europa e pelo resto do mundo, sendo uma das expressões mais universalizadas, independentemente das línguas de comunicação em uso nas diferentes latitudes. Por exemplo, chegou aos Estados Unidos em 1794, trazido pelo refugiado francês da revolução Jean Baptiste Gilbert Paypalt, que fundou o que seria o primeiro restaurante francês nos Estados Unidos denominado Julien’s Restorator.

Unindo os dois pensamentos, ambos vivenciados no quotidiano em Angola, temos: os Restaurantes estão pela hora da morte em Angola! E sabemos porquê. Estamos juntos.

 

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