O mundo está a rearmar-se, com as despesas mundiais em Defesa a aumentarem 7,4% em 2024, em termos homólogos. Todas as regiões do mundo aumentaram a despesa pública com equipamento militar e forças armadas, exceto a região da África subsaariana, revela um relatório inglês denominado “Balanço Militar 2025”, e produzido peloInstituto Internacional de Estudos Estratégicos, IISS na sigla em inglês.
Texto Vítor Norinha (Jornalista) ⁄ Fotos: Arquivo F&N
Diz o estudo que os países europeus serão aqueles com mais dificuldade em continuar a progressão de despesas em armamento devido a pressões orçamentais internas. Os eleitores europeus ainda vivem com a ideia de que os EUA vão continuar a pagar a Defesa da Europa, mas a nova administração norte-americana já deu orientações para esta situação acabar e os europeus vão ter de passar a pagar a respetiva defesa. Aliás, o presidente norte-americano Trump sugeriu que os Orçamentos anuais de cada país europeu devem contemplar mais despesa para a área da Defesa, de forma atingirem o nível dos 5% do PIB, contra o objetivo atual de 2% do PIB, mas essa é uma meta que a maior parte dos países europeus não cumpre.
Refere o IISS, na sua estimativa de 2024, que os países europeus gastaram em Defesa cerca de 442 mil milhões de US dólares, mas isso é menos de um terço da despesa da Aliança Atlântica (NATO) que se situa nos 1,44 mil milhões de dólares. O grosso da despesa é assumido pelos EUA que ainda assim apenas dedicam à Defesa 3,39% do PIB. Refere o Instituto inglês que se todos os países europeus da NATO gastassem 3% do PIB, faria com que a despesa crescesse 250 mil milhões de dólares anualmente, e se todos gastassem 5% do PIB haveria fundos daordem dos 750 mil milhões de dólares anualmente. No entanto, dizem os mesmos analistas que “com a persistência das pressões orçamentais na maioria dos países europeus, é provável que seja difícil manter o aumento das despesas”.
Entretanto, o secretário geral da NATO, Mark Rutte, já avisou os europeus que se dentro de cinco anos não for aumentado substancialmente o orçamento da Defesa na Europa, este continente será incapaz de se defender de um ataque da Rússia, indicando ainda ser possível que um membro da NATO possa ser atacado dentro desse prazo. Atualmente apenas 23 dos 32 membros das NATO estão a cumprir a meta dos 2%, sendo que Portugal ainda está longe desta meta e pretenderia ficar dentrodeste patamar até 2029, mas há países como a Polónia que estão a gastar 4,12% do PIB na Defesa, revelando a proximidade com um inimigo “figadal”, a Rússia.
Em contraste, as despesas militares da Rússia aumentaram 41,9% em 2024 em termos homólogos, o equivalente a 6,7% do PIB e, ainda assim, a economia não se ressente de forma expressiva devido a receitas provenientes de fontes não energéticas, que permitem manterum défice reduzido. Diga-se, de passagem, que a despesa pública em Defesa da Rússia é superior a toda a despesa dos países europeus da NATO, quando comparada em termos de paridade do poder de compra. Entretanto, a China consumiu em 2024 cerca de 235 mil milhões de dólares, mais 7% do que no ano anterior e a despesa total em Defesa representa 44% de toda a despesa militar da Ásia. Estepaís tem vindo a reorganizar o setor da Defesa para o tornar mais eficiente, ao mesmo tempo que melhora a investigação e aumenta as capacidades ofensivas.
Angola celebra acordo na área da Defesa com empresa chinesa
O Governo angolano vai desembolsar 36 milhões de dólares para adquirir a uma empresa chinesa equipamentos e meios militares para o Ministério da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria.
A celebração do acordo entre o Ministério das Finanças de Angola e a empresa China National Aero-Technology Import e Export Corporation (CATIC) foi autorizada num despacho assinado pelo Presidente angolano, João Lourenço.
O acordo prevê a cobertura de 85% do valor para compra destes equipamentos e meios militares, não especificados no decreto.
O documento salienta que a autorização decorre da necessidade de assinatura dos Acordos Individuais de Financiamento ao abrigo do Acordo-Quadro celebrado entre a República de Angola e a CATIC, aprovado por Despacho Presidencial de 15 de junho de 2021.
Segundo um estudo da Universidade de Boston, entre 2000 e 2022, a China emprestou a Angola um total de 45 mil milhões de dólares, um quarto do montante concedido pela China a África neste período, tendo o mais recente sido atribuído em 2022 pela empresa estatal de defesa para a tecnologia aérea (CATIC), no valor de 18,6 milhões de dólares para aquisição de equipamentos, bens e serviços militares para a Força Aérea.
LUSA
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