Vítor Norinha
Jornalista
O arranque de 2025 está marcado pela incerteza. O motivo é a conhecida guerra comercial prometida pelo presidente eleito Donald Trump. As questiúnculas vão alargar-se a todo o mundo, desde a China, a Europa e aos vizinhos do Canadá e do México. Mais. O maior impacto a nível de taxas aduaneiras e redução dos fluxos comerciais e eventualmente subida dos preços de mercadorias em todo o mundo, será em 2026, pois a imposição de novas taxas só deverá acontecer no 3º trimestre de 2025 e, logo 2024 será um ano de teste. O ano seguinte será doloroso, segundo especialistas.
Refere o segurador Crédito y Caución que “a economia global manterá uma aterragem suave”. Adianta que o objetivo da inflação a 2% está a ser conseguido na zona euro e nos EUA por efeito da queda dos preços das matérias-primas, o abrandamento do crescimento salarial e a normalização das pressões na cadeia de abastecimento. Os economistas do segurador antecipam um crescimento modesto do PIB mundial da ordem dos 2,8%, com as economias avançadas a crescerem 2% e os mercados emergentes a melhorarem a riqueza em cerca de 4% em termos médios.
Contrastando com umas perspetivas desanimadoras de melhoria da riqueza na zona euro de 0,8%, os EUA terão um crescimento robusto mas, há os imponderáveis, caso do futuro da Ucrânia e do Médio Oriente, com destaque para a Síria, e ainda o potencial conflito em Taiwan, com os interesses chineses a afirmarem-se dia após dia.
Toda esta análise está envolta em incertezas e existe um risco com as políticas económicas a envolver o comércio e a imigração e que podem afetar as perspetivas de todos os continentes. Caso avance o reforço das taxas alfandegárias serão os setores automóvel e aço os mais afetados, mas a Crédito y Caución diz que as perspetivas são mais negativas para 2026, antecipando um crescimento do comércio global de 3,3% em 2025 e apenas 3% no ano seguinte.
O grande risco está na potencial beligerância da nova administração norte-americana relativamente ao comércio, e que resultaria em represálias por parte da China com a introdução de tarifas suplementares sobre importações, da ordem dos 40%.
Os analistas avisam que neste cenário a flexibilização monetária seria interrompida, ou seja, acabaria a descida progressiva das taxas de juro por parte dos bancos centrais dos EUA e da zona euro.
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