Numa altura em que mais uma vez se apresenta uma oportunidade para se mudar Angola para o melhor e que vontades parecem voltar a polarizar-se sobre personalidades entre as quais encontraríamos um salvador de pátria, a minha ideia é que isso é um erro.
Temos de definir, antes de mais, o que Angola precisa resolver, para sair do buraco em que se meteu desde a independência. Angola precisa de reconciliar-se, no plano político, em torno da sua identidade (e das suas identidades).
Pensem os mais velhos como eu (que tinha 22 anos aquando da independência) e contamine-se os mais novos de modo positivo, sobre quantos erros cometidos por não nos termos dado tempo a observar essa verdade.
Daí a minha preocupação com a comunidade e aparentes apoios de putativos candidatos ao cadeirão do MPLA (organização com a maior responsabilidade histórica para dever contribuir para sairmos deste lamaçal) que pretendem restaurar o ambiente de 1974/75, em que quem foi mais eficaz nas manobras político-militares passou a ter sempre razões para excluir “os outros” e a ter sempre razão, mesmo com o país a sucumbir, em cada dia que passa.
A oposição, por vezes, parece-me seguir o jogo, encurralada como está, quando todos os instrumentos fundamentais do normal exercício político lhe são vedados, como cada vez mais vedados a toda sociedade civil.
Um jogo político em que se pretende fazer um jogo parecido com o que se faz no Ocidente, onde o importante é divergir, de qualquer modo, entre o partido ou a coligação ganhadora das últimas eleições e a oposição.
Mas eles têm os seus países com instituições de seus Estados bem estabelecidas e funcionais. Poderemos lá chegar se nos convencermos da tarefa primordial que não foi realizada até agora: criar um Estado que sirva a todos.
Isto exige uma transição pactuada. Pretender estender-me aqui em pormenores é uma impossibilidade. No entanto, de certo modo, já o tenho feito em várias intervenções e, nomeadamente, no livro “Angola: por nova partida – Crítica das eleições multipartidárias como um fim-em-si. Crítica do oportunismo político”.
A quem apoiarei desta vez, muitos me perguntam?
A quem nos testar atitudes no sentido acima exposto. Não interessa quem seja. E para mim, ninguém deve merecer o nome de animais, “marinbondos” ou outros nomes, como o quer antecipar um certo “militante do MPLA”, que escreve por tudo que é canto, nas redes sociais e não se envergonha da sua falta de hombridade ao não se identificar, como muitos de nós o fazemos.
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