Cultura

REI ELIAS ASSINALA 89 ANOS DE IDADE NO “TRONO” DA MÚSICA ANGOLANA

Escrito por figurasnegocios

Autor de temas como “Pangue Iami” e “Kalumba”, Elias José Francisco “Elias Dya Kimuezo”, ou simplesmente Rei Elias, assinalou a 2 de Janeiro do presente ano 89 anos de idade, numa singela jornada que contou com a presença de amigos, contemporâneos, colegas do mundo da música e familiares.


Ao seu jeito peculiar, Elias Dya Kimuezo recebeu, no quintal da sua residência os convidados que aproveitaram a ocasião para relembrar os tempos áureos da música angolana.

Ao sabor dos kitutes da terra, a jornada foi preenchida com música e algumas estórias que fizeram a carreira do Rei da Música Angolana.

Começou a sua carreira artística em 1950, no grupo “Ginásio”, como compositor. Em 1956, apareceu como intérprete e tocador de bate-bate, no conjunto Kizomba, do município do Sambizanga. Na época fundou o conjunto Dikundus, constituído por operários fabris. Era o vocalista principal.

No início da carreira artística, Elias dia Kimuezo ganha popularidade por usar a língua kimbundu como forma de expressar os seus sentimentos. No ano de 1969, foi a Portugal com o grupo Rebita, onde teve a oportunidade de participar num concurso musical em Santarém, no qual Angola obteve o segundo lugar.

Trajectória – Aos 12 anos aprendeu a falar Kimbundu com a avó, após a morte dos pais. Começou a carreira em 1950 no “Conjunto Ginásio”, no Sambizanga. Descobriu a sua vocação artística aos 15 anos, fruto da sua constante frequência na Samba Kimôngua, na zona do Bungo, onde residiam vários operários do Porto e dos Caminhos- de-ferro que tocavam e dançavam o kinganje. Dois anos mais tarde, entrou para Os Kizombas que, na altura, tocavam nas farras do Salão Malanjinho, no bairro do Sambizanga. Nesta época funda o Dikundus, constituído por operários fabris, destacando-se como vocalista principal.

Na sequência dos êxitos conquistados, ligou-se à editora Valentim de Carvalho, com a qual gravou três LP’s, com destaque para “Etiqueta Angola”, em que participaram Rui Mingas, Teta Lando e Barceló de Carvalho “Bonga” e cinco singles. Nos anos 70 gravou um LP com a editora Rebita e um outro no Brasil. Em 1974 funda um dos maiores grupos da época, o Kissanguela, ligado à estrutura juvenil do MPLA, a JMPLA.

Por várias vezes representou Angola em vários países, entre os quais se destacam Brasil, Cuba, Cabo-Verde, Índia, Namíbia, Portugal, São Tomé e Príncipe e URSS. Foi o primeiro classificado num concerto de música dos países africanos lusófonos, realizado em Lisboa em 1982. Tem gravado quatro Long Play (LP) e igual número de singles, todos produzidos entre as décadas de 60 e 70. Tem apenas dois CDS no mercado. O primeiro foi lançado em 2005. O título de rei da música angolana foi-lhe atribuído pelos portugueses, em 1969, para definir a maneira como se apre- sentava.

Distinções – Em 1972, ainda ano tempo colonial, em compensação pelo trabalho em prol da música, foi distinguido com uma estatueta referente aos “11 mais da cidade de Luanda”, que premiava as 11 figuras mais destacadas nas versas áreas profissionais e sociais na capital. Desde os meados da década de 60, Elias Dya Kimuezo foi considerado “O Rei da Música Angolana”, pelo trabalho desenvolvido. Em 1973 é- lhe atribuído uma estatueta alusivo aos 11 anos da cidade de Luanda. Em Setembro de 1989, recebe um diploma de mérito pelo empenho e elevada contribuição postos ao serviço do povo angolano e da cultura nacional, concedido pelo então secretário da cultura.

Na década de 80 e em plena festa da Rádio Nacional de Angola, realizada na Cidadela Desportiva, foi-lhe atribuído o título de rei da música angolana. Porém, seria a 11 de Novembro de 1995 que viria a ser coroado numa cerimónia realizada pela União Nacional dos Artistas e Compositores-Sociedade Autorais, por ocasião da comemoração dos 20 anos de Independência de Angola, pelo seu contributo na promoção, divulgação e valorização da cultura angolana, na especialidade de música. A 30 de Setembro de 2011, a UNAC-SA outorga o músico a qualidade de Pilar da Arte, pelas acções realizadas no domínio da música, em prol do desenvolvimento da cultura nacional.

No ano seguinte, Elias Dya Kimuezo recebe, em Luanda, a primeira carteira profissional do artista, entregue pelo Vice-Presidente da República, na altura, Fernando da Piedade Dias dos Santos.  Em 2015, a vida é o percurso artístico do músico foi objecto de homenagem em livro, intitulada “A Biografia de Elias Dya Kimuezo, a voz e o percurso de um povo”, de autoria da escritora Marta Santos. Em Novembro de 2007, é-lhe atribuído o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na disciplina da música, pela importância da sua obra, com a qual se tornou o compositor e intérprete mais comunicativo da nossa história musical, tendo o registo da mesma elevado a incontornável riqueza da literatura oral no país.

 

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