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Benguela com doações para projectos comunitários: QUANDO O LADO SOCIAL DOS PRIVADOS ATENUA EFEITOS DO APERTO FINANCEIRO

Escrito por figurasnegocios

Centro de Reabilitação Física, uma infra-estrutura que homenageia o antigo governador provincial, escolas e centros médicos surgem em Benguela à boleia da responsabilidade social das empresas. Obras suspensas, todas inseridas em programas do Governo, são o exemplo de um momento de incertezas em consequência da insuficiência de recursos financeiros

Por: Marcos Pontes António
Fotos: Arquivo F&N

Com o Programa de Infra-estruturas Públicas envolto em interrogações, basicamente devido a limitações financeiras, as mesmas causas de entraves em outras iniciativas, a província de Benguela mostra-se ao País muito por conta de projectos inscritos na responsabilidade social de algumas empresas, com o Centro Regional de Reabilitação Física à cabeça.

Após quinze anos de paralisação, as obras foram retomadas em Janeiro de 2024 com novo financiador, um consórcio de quatro operadores petrolíferos do bloco 18, mas a sua conclusão, prevista já para Agosto, não significa abertura ao público.

Aqui reside, segundo apurou a Figuras e Negócios, outro problema financeiro, depois daquele que afastou o Ministério da Saúde (MINSA) das obras que lançara em 2008.

É que o valor para o apetrechamento do segundo Centro de Reabilitação Física de Angola, acima de um milhão de Euros, está a <<assustar>> o consórcio formado pela Azule Energy, Sonangol, Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) e a Sinopec.

As operadoras estarão mesmo a sugerir uma co-participação financeira do Governo, lembrando que a reabilitação implicou também custos com a correção dos desperdícios decorrentes do tempo de paralisação.

“Encontrámos uma estrutura antiga e degradada, fizemos reajustes. Foi um trabalho grande, principalmente na parte eléctrica”, disse o director de Comunicação, Imagem e Relações Inter-governamentais da Rise Angola, a entidade que executa o projecto.

Em declarações à imprensa, Paulino Huambo assinalou que o Governo Provincial de Benguela terá de garantir, ainda, um PT [Posto de Transformação] exclusivo, já que a potência deve ser compatível com o equipamento.

“O mercado interno não possui meios à altura desta unidade, o fornecedor, em princípio, será a Alemanha”, informou, realçando que a Azule Energy e outras empresas do bloco 18 consideram que o apetrechamento “tem um orçamento estrondoso”.

Não foi avançado o custo da reabilitação, mas é um dado adquirido que, em função da sua dimensão, uma capacidade para atender a 450 pacientes/dia, o Centro de Reabilitação servirá também o Huambo, Bié, Cuanza-Sul, Namibe e Huíla.

Terá uma unidade de nutrição,    uma oficina para produção de próteses e órteses, espaço para crianças com diferentes patologias e uma sede para o Instituto Nacional de Emergências Médicas (INEMA).

Há vários anos que os serviços de ortopedia e fisioterapia são prestados numa estrutura provisória, sem condições, com capacidade apenas para cem utentes por dia.

Outras doações em escolas e unidades sanitárias – As mesmas operadoras do bloco 18 acabam de oferecer ao Estado uma escola de artes e ofícios com 12 salas de aula, que tem na gestão a Igreja Católica, a poucas semanas do arranque do ano lectivo 2025/26, mais um com milhares de crianças fora do sistema de ensino.

A escola, para 1200 alunos, custou 600 mil dólares norte-americanos. Com este financiamento, as empresas quiseram demonstrar “compromisso com a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades locais”.

Na ocasião, o bispo da Diocese de Benguela, Dom António Jaca, afirmou que a infra-estrutura, denominada Complexo Escolar Católico BLA – Santa Cecília, simboliza a filosofia de educação levada a cabo pelo igreja.

As autoridades de Benguela receberão do mesmo grupo de empresas, até ao fecho do terceiro trimestre deste ano, também no âmbito da responsabilidade social, um centro médico em construção no município da Ganda e outro na aldeia de Kapilongo, arredores da cidade capital.

O ano lectivo, prestes a começar, deverá contar com uma escola oferecida pela Sociedade Mineira de Catoca, que procede a uma doação de 95 milhões de Kwanzas.

A primeira pedra para a construção da escola, no bairro do Asseque, município-sede, foi lançada pelo governador provincial, Manuel Nunes Júnior.

“Como são apenas três salas e área administrativa, o Governo Provincial vai construir outras quatro, perfazendo sete, e um recinto para a prática do desporto escolar”, assegurou o governante.

 

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