Por Vítor Norinha
Vnorinha@gmail.com
O impacto da imposição de tarifas definitivas às empresas europeias por parte dos EUA vai aumentar o risco de crédito comercial às empresas do “velho continente”, reafirma uma análise do segurador espanhol Crédito y Caución. O acordo comercial fixou uma taxa de 15% sobre as importações provenientes das União Europeia e de 50% para setores como o aço, o alumínio e o cobre, para além dos automóveis e semi-condutores, produtos farmacêuticos. Entretanto, continuam as negociações para reduzir as tarifas mais elevadas, nomeadamente sobre os automóveis.
A musculatura financeira vai determinar as empresas que irão sobreviver e as que não conseguirão, mas é assumido que aumentará, na generalidade, o risco de crédito comercial. Há ainda riscos associados ao acordo feito, nomeadamente na obrigação de a Europa investir na compra de energia dos EUA.
O resultado final destas políticas irá levar a crescimento reduzida das economias europeias, esperando em termos de crescimento de PIB média na zona euro não mais de 1,1% em 2025, e de apenas 0,8% em 2026. Isto significa que o acordo feito entre a União Europeia e os EUA não dará qualquer impulso económico aos europeus. O efeito sobre a procura por parte dos americanos será negativo pois é expetável que um aumento de 15% nas tarifas aduaneiras tenha um aumento semelhante no preço final para o consumidor.
A União Europeia está a procurar novos mercados para mitigar a expetável redução da procura americana, sobretudo com o Chile, a Índia, a Indonésia, o México, as Filipinas e o Mercosul. No entanto, e na atualidade, as exportações conjuntas para estas regiões não são mais do que 35% do que era exportado para os EUA, refere ainda a Crédito y Caución. Por outro lado, a negociação de acordos leva em média 18 meses e a implementação leva mais 24 meses, o que significa que entre um acordo e o impacto na economia passam anos. A Europa tem ainda o problema de ser incapaz de concorrer em mercados onde é relevante o preço pois não consegue reduzir os valores dos bens a exportar e não pode concorrer com países como a China ou o Vietname. Os analistas afirmam, de forma vaga, que a solução da Europa é investir na capacidade de resistência económica, tecnológica e militar, impulsionando o comércio intra- EU e reduzindo a dependência das importações.
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