Hoje os tempos são outros, mudaram as formas de estar perante a sociedade e como isso, a folia do carnaval e o entusiasmo se estão a esfumar, contrariamente o que acontecia noutrora, em que a esta altura, quase todas as atenções gravitavam em torno desta grande manifestação cultural espontânea, eh,eh, uaya e ou nguele.
Mesmo com parcos recursos, quase todo mundo na véspera, estaria preocupado com os detalhes da fantasia do dia ” D” que culminariam com máscaras e mais máscaras, assim como grandes indumentárias da ocasião, isto na vertente estética individual.
E já no que nós bem gostamos, saiam as farras ou bodas de contribuições entre amigos e parentes, preparadas ao detalhe, não havia nada de salões suntuosos e pomposas decorações, eram mesmo nos quintais e com adornos simples feitos pelas damas do nosso tempo, com recursos a ramos de palmeiras e tecidos trazidos de casa.
Excepcional haviam as festas de carnaval de uma certa elite, isto na baixa, mais em termos de espontâneidade e diversão descomplexada era mesmo as dos bairros, onde muitos de nós temos às nossas origens, aí a boda era mesmo ” rija” e o pessoal vibrava intensamente pela noite fora, com direito a caldo na manhã seguinte para atenuar a bebedeira da madrugada anterior, para depois tentar enfrentar com alguma lucidez a ” quarta-feira das mabangas ou das cinzas” , conforme dita a nossa tradição.
Ai que ” saudades do tempo que o tempo já levou e que já não voltam mais” .
Querem o carnaval ou não? sim, sim Camarada Presidente, então vamos organizar este ano, ( 1978), o de rua? sim, vamos a ele, mas não será igual aqueles bailes dos tugas, fim de citação Agostinho Neto.
E agora que o carnaval é mais nosso, mais nosso é que devíamos dançar, brincar e incentivar o povo a bailar e a preservar a nossa cultura e, assim estaríamos em perfeita harmonia com o pensamento segundo o qual “À marimba e ao quissange
ao nosso carnaval,
haveríamos de voltar” de facto, à frescura da nossa mulemba, às nossas tradições, aos nossos ritmos, a nossa bela pátria angolana e assim a nossa esperança cultural continuaria mais sagrada.
E com isso ” A cultura fortaleceria a Nação, mais cultura e mais Angola”.
Bom-de-semana prolongado a todos, em vésperas de um feriado de carnaval.
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