RECADO SOCIAL
3 de abril 2018 - às 07:59
CHEGOU A HORA DA VERDADE
Entre portas, aparece um novo mensageiro com um discurso declaradamente aberto, bem disposto e carregado de esperança de que os novos ventos estão aí ao dobrar da esquina. Sente-se um novo dinamismo na maneira de agir e estar do cidadão angolano, ainda que se reflicta no seu quotidiano o resultado da gestão danosa que se generalizou ali onde cheirava a dinheiro público, a propriedade do Estado, e se descobriam brechas para a entrada em cena das estratégias da corrupção, do suborno e do compadrio.
O último trimestre de 2017 ficará marcado como um período bastante incómodo para quem, num passado engordado pela impunidade descarada, desfilava o seu poder de pisar tudo o que se lhe aparecia pela frente. Trata-se de uma fase em que a maior parte das pessoas vibra e aplaude, com esperanças renovadas, quem por outro lado, tenta apontar o rumo que o país deve tomar depois de, uma vez mais, confirmar que,afinal, nunca é demasiado tarde para ouvir o grito da liberdade, da indignação e afrontamento, desde que se tanha uma liderança séria, corajosa, capaz de resgatar a dignidade de um povo inteiro.
Para muitos actores de um filme dramático que teve como argumento principal o sufoco das vozes da indignação e a imposição de um sistema poderoso de enriquecimento ilícito, em que se sacrificou os valores morais e éticos e se depauperou centenas de biliões de kwanzas do erário público.
Para aquela gente ladra, oxalá terá chegado a hora de começar a arquitectar outros planos de vida; mais honesta, mais digna até com o passado heróico de alguns deles ou talvez mesmo tratar de recolher o bilionário capital expatriado, sob pena de o perderem para todo o sempre.
Há que destacar a razão da força aglutinadora demonstrada pela população votante no último pleito eleitoral realizado no país. Os resultados foram esmagadores, desde a afluência ordeira às urnas, até à publicação dos resultados definitivos, sem esquecer o enorme sinal de descrédito para com os (maus) políticos passado por milhões de cidadãos. De facto, o elevado índice de abstenção certificou a absoluta incompetência da classe política dominante destes tempos nada compatíveis com as falsas promessas e oportunismo puro e duro na maior parte dos programas partidários.
Este é um ano fica também na história por testemunhar a saída de um Presidente e a entrada de um político que há uma década poucos davam por ele. João Gonçalves Lourenço sempre esteve à uma margem considerável da fila dos potenciais candidatos à ocupação da cadeira presidencial, sendo que a maior parte sempre foi muito próxima de quem, ao longo dos últimos trinta e oito anos conseguiu fazer o seu caminho de forma inteligente e sustentado por um poder forte e coeso. Mesmo para alguns dos seus mais ferrenhos detratores, José Eduardo dos Santos foi capaz de liderar batalhas diplomáticas e militares e sair-se delas de maneira digna e exemplar no continente africano.
Entre portas, aparece um novo mensageiro com um discurso declaradamente aberto, bem disposto e carregado de esperança de que os novos ventos estão aí ao dobrar da esquina. Sente-se um novo dinamismo na maneira de agir e estar do cidadão angolano, ainda que se reflicta no seu quotidiano o resultado da gestão danosa que se generalizou ali onde cheirava a dinheiro público, a propriedade do Estado, e se descobriam brechas para a entrada em cena das estratégias da corrupção, do suborno e do compadrio.
Lançado o desafio ao mais alto nível, localizados os problemas, quem os criou e os quis eternizar para que o governo se submetesse aos seus caprichos mórbidos, resta encorajar os protagonistas de um combate que se espera penoso, mas necessário; talvez demasiado lento para os desejos da grande massa crítica do sistema que se admitiu ao longo de mais de quarenta anos.Mas, como o povo diz e deixa reflectir, “ nunca é tarde demais” para que a verdade venha ao de cima como o azeite”. Sempre!