RECADO SOCIAL
26 de novembro 2019 - às 09:48
A ÁRVORE APODRECEU, MAS NÃO CAÍU...
Do alto da copa, o "rei" que até então nunca soube por que raio lá foi parar, fez e desfez; chamou a si todos os súbditos do reino, cobras e lagartos, jacarés e hienas raras para que o protegessem.Entretanto, algumas crias tentavam roer as raízes; roíam e assopravam; cavavam os terrenos adubados do rei.Fragilizavam-no e, como vassalos revoltados,fingiam que seguiam à risca o sistema corrupto, regado com impunidade e sustentado por uma máquina político- partidária oleada com centenas de biliões de dólares roubados dos cofres do Estado, desde sempre à mercê dos seus caprichos e interesses particulares.
Durante mais de quarenta anos, a árvore foi sacudida por diversas formas. Umas vezes, de forma suave, outras vezes com força bruta, mas a verdade é que, apesar da sua longevidade, não deixou que a derrubassem. É que ela foi tão bem plantada, adubada e regada que as suas raízes foram se espalhando primeiro pelos palácios nobres dos poderes instituídos, depois pelas instituições públicas e este processo de implantação e crescimento decorreu sempre com o propósito de contaminar a floresta.
Os anos foram passando e, com eles , os ramos desta árvore poderosa entrelaçaram os alicerces de um país inteiro; corroeu o sistema político e armadilhou todos os projectos que tentassem fazer nascer e crescer outras árvores, cujos frutos e sementes poderiam, mais cedo do que tarde,originar o florescimento das árvores do bem.Debalde.
Há dois anos, o mando da floresta mudou. Os estrategas delinearam um plano de abate indiscriminado de todas as espécies nefastas ao ambiente contaminado durante mais de quatro décadas.A tarefa é monstruosa,tal é a dimensão dos arbustos idosos que ocuparam grande parte dos mais de um milhão de kilómetros quadrados da Nação; deslocou milhões de habitantes de um lado para o outro, a maior parte fortemente dependentes do oxigénio expelido por esta árvore que tinha donos.Estes continuam por aí a vangloriar-se que ainda detêm as bacias hidrográficas, as terras mais aráveis do país e que por isso mesmo acham-se no direito de ainda colher os seus frutos.
Hoje está-se a lutar para que ela seja podada de forma cautelosa, mas quantas vezes frustrante. Afinal, a árvore teimosamente sobrevive e vai destilando venenos de resistência, de ameaças ao novo clima e capaz de produzir mais espécies de natureza tão prejudicial ao país. .Ela pragueja, tenta fazer renascer à sua volta outras espécies resistentes à uma mão cheia de insecticidas lançadas à terra por gente nova, com vontade de mudar a floresta.
Então foram atestados fortes golpes para que ela deixasse cair alguns proprietários. Conseguiu-se e um estava bem no alto da copa. Brilhava como a Magestade do reino intocável, forte e poderoso. Cheio de silos de adubo que nunca mais acabava.Outras reservas de adubo estão por se descobrir,pois o rei achava que poderia desatar um processo de intervenção e conquistas noutras terras férteis fora dos seus marcos geográficos. O Congo seria uma espécie de principado ou condado, dependia da quantidade de adubo que fornecesse ao longo do seu processo de arborização.Precisava de mais "chicos-espertos" e conseguiu colocar no poder alguns, que fizeram a festa do saque pelo país inteiro...
Do alto da copa, o "rei" que até então nunca soube por que raio lá foi parar, fez e desfez; chamou a si todos os súbditos do reino, cobras e lagartos, jacarés e hienas raras para que o protegessem.Entretanto, algumas crias tentavam roer as raízes; roíam e assopravam; cavavam os terrenos adubados do rei.Fragilizavam-no e, como vassalos revoltados,fingiam que seguiam à risca o sistema corrupto, regado com impunidade e sustentado por uma máquina político- partidária oleada com centenas de biliões de dólares roubados dos cofres do Estado, desde sempre à mercê dos seus caprichos e interesses particulares.
O resto da estória já se sabe: destes "vassalos" , uns levaram mais a sério a revolta e num dia qualquer em que o rei provavelmente mais relaxou com os seus dotes fizeram-lhe a folhagem.
Então o rei decidiu, voluntariamente , sair da floresta e ao que parece já nem lhe apetece regressar para avaliar os estragos da exploração desenfreada que provocou durante mais de trinta anos.Será muito difícil chamar à razão todos os aliados do antigo reino para que se juntem aos novos desafios. Sente-se que já se fizeram várias tocaias para que sigam os novos hábitos num "novo habitat", sem sacanices.Eles resistem porque sabem que a árvore continua de pé...Alguns até têm a vaga esperança que o dono da matilha regresse triunfalmente, restabeleça o covil e faça fortalecer todas as espécies de ervas daninhas que restaram e ainda contaminam esta floresta chamada Angola.
Carlos Miranda
carlosimparcial@gmail.com