Por: Édio Martins/ Foto: Arquivo NET
(edio.martins@netcabo.pt)
Qualquer semelhança é mera coincidência!
Dizem que, numa pequena cidade (que pode ser uma Província ou um País), um grupo de pessoas se divertia com o “imbecil” local (que pode ser um colectivo de “imbecis”, o povo…), um pobre(s) coitado(s), de “pouca inteligência”, que vivia fazendo pequenas tarefas e pedindo esmolas.
Todos os dias, alguns homens chamavam o “estúpido” para o bar onde se encontravam e ofereciam-lhe para escolher entre duas moedas: uma grande, de menor valor, e a outra menor, valendo cinco vezes mais.
Ele levava sempre a maior e a menos valiosa, o que era uma risada para todos.
Um dia, alguém a assistir à diversão do grupo com o homem “inocente”, chamou-o de lado e perguntou-lhe se ele ainda não tinha percebido que a moeda maior valia menos e ele respondeu:
“Eu sei, eu não sou tão estúpido. Ela vale cinco vezes menos, mas no dia em que eu escolher a outra, o jogo termina e eu não vou mais ganhar moeda alguma.”
Essa história podia terminar aqui, como uma piada simples, mas várias conclusões podemos tirar desta fábula:
• A primeira: quem parece um idiota, nem sempre o é.
• A segunda: quem foram os verdadeiros idiotas da história?
• A terceira: ambição excessiva pode acabar com a fonte de rendimento.
Mas a conclusão mais interessante é: i. podemos ficar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião sobre nós mesmos; ii. o que importa não é o que os outros pensam de nós, mas o que cada um pensa de si mesmo; iii. o verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!
O que as pessoas dizem sobre mim não é da minha conta. Eu sou quem sou e faço o que faço. Não espero nada e aceito tudo. E isso torna a vida mais fácil.
Vivemos num mundo onde os funerais são mais importantes que os falecidos, o casamento é mais importante que o amor, a aparência é mais importante que a alma.
Vivemos numa cultura de embalagens que despreza o conteúdo!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser e sobretudo que se julga ser inteligente. Como está tão seguro de o ser, coloca se num pedestal que o impede de ter “humildade”, de modo a aprender observando, ouvindo o outro.
E aqui surgem de novo as semelhanças e as coincidências: os “iluminados”, as elites… enfim o(s) poder(es) e, no lugar de “imbecil”, as famílias, o povo que, esforçada e sofrida, mas contrariadamente, lá vai aceitando as esmolas, numa luta sem tréguas que, diariamente, nos quatros cantos de Angola, tem de travar contra a humilhação, o desrespeito e a fome, sim a fome. Até um dia…
Estamos Juntos!



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